O aleatório e os erros do passado vitimaram o Atlético Nacional no Mundial do Japão

Jogadores do Nacional deixam o campo cabisbaixos em Suita
No Brasil, nenhum clube jamais gerou comoção nacional quando acabou eliminado do Mundial Interclubes. Normalmente ocorre o contrário: quando uma equipe nacional perde, os torcedores dos demais grandes tiram onda, festejam o fracasso alheio. A sensação de derrota coletiva pelo fracasso do Atlético Nacional, portanto, é inédita - mesmo que longe de ser uma comoção, todos no fundo torciam pelos colombianos, após a enorme demonstração de afeto de seus torcedores para com a tragédia da Chapecoense.

Embora não seja mais inédita a queda precoce de representantes sul-americanos, o fracasso diante do Kashima Antlers pegou a todos de surpresa. Em seu jogo mais importante dos últimos 30 anos, o Atlético Nacional repetiu um problema que lhe limitou a conquista de títulos continentais em 2014 e 2015, quando já era forte, mas ainda não tinha a sintonia fina para ganhar uma Libertadores: a perda de gols por atacado.

O time de Reinaldo Rueda lembrou ontem muito os tempos de seu antecessor, Juan Carlos Osorio: inúmeras chances criadas, mas aproveitamento baixo. Diante dos japoneses, mesmo fora de casa, foram 24 oportunidades, um número absurdamente alto. A falta de pontaria, porém, custaria caro: Borja, centroavante do mais alto nível, mostrou sua categoria ao abrir espaço, varrer a defesa nipônica na base de uma mistura que alia qualidade e força física, mas não acertou o alvo - o que o consagrou na reta final da Libertadores.

A história do jogo de ontem lembrou bastante a de Internacional x Mazembe, em 2010. Um jogo fácil que foi aos poucos ficando difícil e se inviabilizando. Desta vez, porém, com um fator externo: a polêmica do pênalti (mal) marcado com recurso eletrônico, que mudou os rumos da partida. Rueda foi de uma enorme nobreza ao afirmar que, apesar do erro, a marcação não foi a responsável pela eliminação do seu time. Mas o fato é que o Nacional controlava o jogo, parecia perto do gol, e o lance só trouxe instabilidade à equipe.

O placar de 3 a 0 é duríssimo, como foi em 2014 a eliminação para o Defensor, nas quartas de final da Libertadores. Na oportunidade, o Atlético Nacional massacrou os uruguaios nos dois jogos, mas acabou eliminado de forma bizarra - tomou 2 a 0 em Medellín e 1 a 0 em Montevidéu mesmo com enorme posse de bola e número de chances claras criadas. Uma pena: este ótimo time (é ótimo, sim, mesmo que o resultado possa gerar discursos de que o futebol sul-americano é fraco) merecia ao menos chegar à final. O fato de o Kashima ter vencido os modestos Auckland City e Mamelodi Sundowns por diferença menor de gols deixa claro o quanto foi aleatório o placar final do jogo de ontem.

Foto: FIFA/Divulgação.

Comentários

Lique disse…
mal marcado por ter sido ajudado pelo vídeo ou por que tu realmente acha que não foi penalti?

tem uma camera que mostra bem como o zagueiro do nacional enganchou o pé no japonês depois de ter dado um tranco nele. achei penal.
Chico disse…
Esse negócio de câmera em jogo é uma palhaçada.

Tava demorando pra esse prefeito eleito comecar a colocar as unhas de fora. O novo Diretor da EPTC acaba de anunciar que a partir do ano que vem, Porto Alegre adotara o sistema de rodizio de veiculos. Carros cujos proprietarios forem colorados so rodarao na segunda.

Em um feliz mazembe day
Vicente Fonseca disse…
Lique, sou contra o uso da tecnologia pra esse tipo de lance. Mas minha bronca no caso deste jogo é outra: o jogador do Kashima estava impedido na origem do lance, por isso o pênalti foi marcado. Que a falta ocorreu não há dúvida.
Lique disse…
Eu notei o possível impedimento, mas não considero que ele invalida a falta. O cara poderia voltar e pegar um rebote de uma possível cabeçada de um jogador em condição legal. Mas ele foi calçado. Enfim, não é um lance simples.
Franke disse…
Futebol, que esporte estranho. Fiquei muito triste com esse resultado. Estava já com cachorro quente e cerveja planejada pro jogo contra o Real.