O último domingo do ano mais tenso que o Beira-Rio já viveu

Seijas deve ser titular no jogo dramático de hoje à tarde
Forte com Argel em casa no segundo semestre de 2015, o Internacional ruiu dentro do Beira-Rio no Brasileirão deste ano. Embora esteja há seis meses sem ganhar longe do Rio Grande do Sul, é consenso dentro do clube que foram os pontos perdidos em Porto Alegre os que mais fizeram falta na luta contra o rebaixamento. Botafogo, Grêmio, Palmeiras, Corinthians e Vitória venceram o Colorado em sua casa, enquanto Chapecoense, Fluminense, São Paulo, Santa Cruz e Ponte Preta lhe tiraram dois pontos cada com empates inconvenientes. Quando a campanha fora de casa é fraca, ganhar nos próprios domínios é fundamental. O Inter não chegou a vencer metade dos jogos onde historicamente costuma se dar bem (8 vezes em 18 partidas). O preço é realmente alto.

Hoje ocorrerá o 19º e último jogo dentro no Beira-Rio neste campeonato maldito para a torcida vermelha. Sem dúvida, o mais tenso de todos: após a derrota para o Corinthians, o Inter só se manterá na primeira divisão ganhando seus dois compromissos e torcendo para que o Vitória e o Sport não vençam nenhum dos confrontos que ainda disputarão. Todos os cinco jogos que restam para estes três clubes são contra adversários que nada têm a disputar nesta reta final. O que desequilibra é a pontuação e o momento técnico de cada ameaçado. O Internacional perde em ambos os quesitos, e de longe.

A partida é de alto risco como possivelmente nenhuma outra já vivida pelo Beira-Rio em seus quase 50 anos de história. Depois de um homem armado ameaçar torcedores que protestavam em meio a um treino, em plena avenida ao lado do CT Parque Gigante, a direção colorada instalou tapumes em volta do estádio, no intuito de evitar quebra-quebra em caso de fracasso. Fracasso, no caso, será qualquer resultado que não seja a vitória. Empatando, o Inter será virtualmente rebaixado caso o Vitória não perca amanhã para o Coritiba. Perdendo, cairá virtualmente neste domingo, e pode de forma matemática ter a queda confirmada nesta segunda-feira.

O tempo é um senhor remédio. O Internacional teve seis dias para lamber as feridas e entrar em campo entoando o discurso de esperança, de que ainda é possível escapar. As falas de mobiilização contrastam fortemente com o tom do vestiário após a derrota de segunda passada, para o Corinthians, quando o vice de futebol Fernando Carvalho sequer quis ir aos microfones explicar o fracasso e conclamar o torcedor para a partida de hoje. O alto risco envolvido deve afastar muita gente do estádio: a expectativa é de 30 mil pessoas, e a provável chuva que cairá à tarde na capital gaúcha pode reduzir ainda mais a presença do torcedor. Só irá o mais fanático, aquele que irá porque ama o clube, e que certamente o apoiará de início, mas pressionará muito também em caso de o gol não sair.

Lisca deve, enfim, colocar nomes que a torcida pedia - especialmente Seijas, enfim titular. Vitinho poderá não atuar devido a dores musculares, mas Nico López é provável reforço, embora sem ritmo adequado. Rodrigo Dourado deve fazer falta numa saída de bola que terá os limitados Anselmo e Fabinho. O Cruzeiro, sem Henrique e Arrascaeta, perde bastante. Está tranquilo, mas não faz uma boa campanha, é um time cheio de problemas e limitações. Mas Ponte Preta e Santa Cruz também eram, certo? Na situação atual, qualquer ameaça pode ser fatal, se souber explorar com inteligência os problemas colorados. Mano Menezes é inteligente e certamente tem motivos suficientes para não aliviar nada em relação a Vitório Piffero, com quem ainda tem feridas abertas.

Tarde para a volta olímpica
O Palmeiras perdeu só um dos últimos 19 jogos que disputou neste Brasileirão. Em casa, só foi superado pelo Atlético Mineiro, ainda no primeiro turno. Mantendo esta regularidade, será o campeão nacional hoje à tarde. O jogo é em casa, mas promete dureza: a Chapecoense vive o melhor momento de sua história, brigando por G-6 e na final da Copa Sul-Americana. De olho na Libertadores, deve levar titulares a São Paulo, mesmo com jogo decisivo em Medellín na próxima quarta. Aos paulistas, bastará um empate em casa para comemorar a volta olímpica. O Inter seca: caso o Palmeiras não confirme o título hoje, terá de ir com tudo domingo que vem para o Barradão enfrentar o Vitória.

Jogão pelo vice no Maracanã
Mesmo com derrota o Palmeiras poderá ser campeão brasileiro. Isso porque o Santos terá parada duríssima no Maracanã, diante do Flamengo. O Peixe só será campeão se vencer seus dois jogos e ver o rival perder ambas as partidas que ainda tem por disputar. O jogo vale pelo vice-campeonato, já que o Rubro-Negro está um pontinho atrás, já sem chances de taça. E vale um fato histórico para o Flamengo: o clube nunca passou um ano em toda sua história sem vencer partida alguma na cidade do Rio de Janeiro.

Briga pelo G-6 fica para a rodada final
O interesse da Chape em lutar pelo G-6 aumentou depois da rodada de ontem. Nenhum dos times que disputam posição na briga por vaga na Libertadores venceu. Em um sábado cheio de empates, o Botafogo ficou no 1 a 1 em casa com a Ponte Preta e o Atlético Paranaense segurou o Corinthians num jogo sem gols em Itaquera. Além dos catarinenses, o Grêmio tem a chance de encostar hoje nos 56 pontos se derrotar o Santa Cruz em Recife. Mesmo com reservas e provavelmente campeão da Copa do Brasil quarta que vem, os gaúchos podem, caso aconteça uma tragédia diante do Atlético Mineiro, entrar na última rodada dependendo só de si para chegarem à copa continental, em duelo direto com o Fogão. Vale lembrar que, caso o Galo conquiste uma virada histórica em Porto Alegre, o G-6 vira G-7.

O Vasco sobe, com imenso sofrimento
Num misto de vaias e gritos de alívio, o Vasco está de volta à primeira divisão brasileira. O primeiro tempo da rodada final da Série B foi surreal: os 56 mil torcedores que foram ao Maracanã viam a equipe sofrer diante do leve Ceará, que nada tinha a perder. A equipe de Jorginho virou o intervalo perdendo por 1 a 0, placar magro pela superioridade cearense, mas suficiente para subir devido à surreal derrota em plena Arena de Pernambuco do Náutico para o Oeste, por 2 a 0. Na virada do intervalo, Thalles fez dois gols e a equipe cruz-maltina sacramentou o 2 a 1 - os pernambucanos de fato perderam para o clube de Itápolis em São Lourenço da Mata, com direito a invasão de campo e tudo. Onze anos depois, mais um trágico 26 de novembro na história do Timbu.

Foto: Internacional/Divulgação.

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