As complexas nuances da final entre Atlético e Grêmio

A qualidade de Robinho e Pratto contra a segurança de Marcelo Grohe, Geromel e Kannemann. Este é sem dúvida o duelo mais chamativo e fácil de prever da decisão de hoje, no Mineirão, pela excelência dos envolvidos. Mas o confronto entre Atlético Mineiro e Grêmio inclui diversos outros aspectos que precisam ser levados em conta para que saibamos quem largará em vantagem na final da Copa do Brasil.

Parar um ataque deste nível exigirá do Grêmio uma atuação defensiva próxima do perfeito. Na partida pelo Brasileirão, no final de agosto, o Tricolor foi muito superior ao Galo praticamente o tempo todo. Porém, deixou de matar o jogo, ir além do magro 1 a 0 que abriu com Luan, e viu Robinho empatar numa das raras chances criadas pelo time mineiro na Arena. Foi o único vacilo da defesa gremista naquela tarde - sem Geromel, mas com o seguro Kannemann ainda em início de trajetória no clube e o instável Wallace Reis, que não jogará a decisão por já ter atuado na Copa do Brasil pelo Flamengo em suas fases iniciais.

A questão é que parar o Galo vai bem além do duelo direto entre atacantes e zagueiros. O Atlético de Marcelo Oliveira é criticado por jogar menos do que sabe e abusar da ligação direta. Já o Grêmio de Renato Portaluppi, herdado de Roger Machado, é uma equipe que valoriza muito a posse de bola e sabe trabalhá-la como poucas - o Cruzeiro, neste mesmo Mineirão, viu isso quatro semanas atrás. O técnico atleticano já falou de sua disposição em atacar justamente este que é o ponto forte dos gaúchos. Inteligente, Marcelo sabe que o Grêmio tem levado a melhor sobre seu time nos últimos dois anos justamente porque o Atlético é um time que joga, mas deixa jogar - o Tricolor adora atuar contra equipes que dão espaço.

A marcação adiantada deve ser a tônica da noite no Galo, portanto. Ao menos nos primeiros 15 ou 20 minutos. Segurando o resultado neste período com a mesma inteligência demonstrada contra o Cruzeiro, o Grêmio dará o primeiro passo para voltar de Belo Horizonte com um bom resultado. Até porque dois fatores dificultam esta tarefa para o Atlético: as ausências de Rafael Carioca, peça-chave da marcação no meio, e Luan, exímio em exercer pressão na saída de bola; e a alta idade do time que vai jogar - o Galo aguentará até o fim um ritmo tão forte?

Pelo outro lado, o Atlético é um time com enormes dificuldades defensivas, e isso pode pesar na decisão. Sua defesa é a pior dentre os oito primeiros do Brasileirão, e jogará desfalcada de Rafael Carioca, Leonardo Silva e talvez até Erazo. O Grêmio não tem um ataque tão positivo assim, mas Luan e Douglas sabem armar e concluir com precisão quando necessário, e não terão a pressão extra de marcar um gol como visitante que o regulamento do saldo qualificado exige. Além disso, o Tricolor, com Renato no comando, tem sido mais efetivo na hora de finalizar. E, embora tenha na sua qualidade maior a posse de bola com paciência, o time gaúcho também já matou muito jogo no contra-ataque. O Galo sabe bem disso: nos últimos dois jogos entre estas duas equipes pelo Brasileiro em Minas, o Grêmio venceu o Atlético desta forma.

Mas agora é decisão, e todo ambiente muda para este tipo de confronto. O Atlético tem jogadores mais decisivos, o Grêmio é mais bem organizado e estruturado; o Atlético tem jogadores mais experimentados, o que pode ajudar a não tremer a perna, mas cobrar seu preço no preparo físico; o Grêmio vai certamente mais mobilizado, com mais fome de título, mas as fronteiras entre vontade e precipitação e entre motivação e medo de perder podem ruir se o psicológico não estiver bem resolvido, especialmente após um adversidade inicial. É uma final e tanto. Esta reta final de temporada merece.

No limite dos nervos
Homem armado intimidando torcedores que protestavam, outros ameaçando jogadores em caso de derrota no domingo. O clima no Internacional não poderia ser mais pesado. À beira do rebaixamento, Lisca admitiu que pode colocar diante do Cruzeiro uma equipe diferente, formada por jogadores que não estejam tão pressionados (se é que eles existem). Nomes como Eduardo Sasha, Paulão e Valdívia podem deixar o time em função disso. A tentativa é desesperada, mas seguramente não piora o quadro. Vale lembrar que na Copa do Brasil o time suplente, bem menos pressionado por resultados, teve desempenho melhor que os titulares. Não será surpresa vermos nomes como Aylon, Ferrareis ou Eduardo em campo no final de semana - embora expor nomes jovens em situações como essa seja sempre uma temeridade.

A maior noite da Chape
Após trazer um valioso empate em 1 a 1 de Buenos Aires, a Chapecoense decide hoje uma inédita vaga na final da Copa Sul-Americana diante do San Lorenzo, na Arena Condá. O momento é o melhor da história do clube catarinense: há três anos firme na primeira divisão, a Chape sequer correu riscos de rebaixamento em 2016 e ainda luta pelo G-6 no Brasileirão. Tem duas chances de ir à Libertadores do ano que vem, feito que só o Criciúma de Felipão, em 1992, conseguiu em toda história.

Comentários

Diego Rodrigues disse…
Boa tarde, Vicente;

Mal consigo conter a ansiedade para a final dessa noite!

Também acabo de ver no Twitter o pessoal comentando sobre um jogador chamado Victor Ramos, que o Vitória estaria escalando irregularmente, fato em que o Inter então talvez se agarraria para tentar escapar do rebaixamento. Está sabendo de alguma coisa?

Parabéns pelo blog e pelo Carta na Mesa! Sigo fielmente na audiência!

Grande abraço tricolor!
Vicente Fonseca disse…
Fala, Diego!

Dei uma olhada em notícias a respeito deste caso. Não acredito que vá ter maiores consequências, visto que já houve julgamento por conta dessa questão no primeiro semestre e tanto a Federação Baiana de Futebol quanto a CBF concordaram que não houve culpa do Vitória. E, como sempre, lamento que os clubes busquem nesse tipo de questão uma forma para minimizarem sua incompetência dentro de campo.

Grande abraço!