Marcação, intensidade e jogo aéreo: o Grêmio usou as armas do Palmeiras para vencê-lo

Titular em 2013 com Renato, Ramiro voltou a ser destaque ontem
Renato Portaluppi assumiu o comando do Grêmio há exatos dez dias. Foi o suficiente para uma mudança completa no estilo de jogo. Em apenas três partidas, o time deixou de ter domínio da posse de bola e valorizar trocas de passes com enorme paciência no campo de ataque para se tornar uma equipe mais direta, reativa e firme pelo alto - um tipo de jogo que os gremistas historicamente apreciam, diga-se de passagem, embora a maioria gostasse do trabalho de Roger Machado e não tenha aprovado sua demissão.

Um mata-mata de Copa do Brasil contra o Palmeiras, aliás, é outra coisa que atiça o imaginário tricolor gaúcho há mais de 20 anos. Por tudo isso, a noite de ontem teve ares de passado, mas no bom sentido. Para um time que andava apático nos últimos tempos, entrar em campo mordendo e disputando cada dividida como se fosse a última ajudou a chamar a torcida para o confronto com o líder do Brasileirão. A Arena recebeu pouco mais de 26 mil pessoas, mas o barulho e o nível de participação deste público sugeria muito mais gente dentro do estádio.

A vitória gremista teve muito de Palmeiras, coincidentemente. O time de Cuca foi dominado quase que a noite toda através de três conceitos básicos do seu jogo. O primeiro deles é a forte marcação, algo que o time paulista fez dentro da própria arena gremista, há menos de um mês, para segurar um 0 a 0 pelo Campeonato Brasileiro. Ela começava lá no ataque, mas foi atrás que recebeu destaque. Kannemann ganhou quase todas de Gabriel Jesus, Edílson e Marcelo Oliveira dominaram Dudu e Roger Guedes, Geromel fez a sobra com a categoria habitual e a trinca de volantes ganhou o duelo do meio-campo. Tudo muito bem encaixado.

O segundo é a intensidade, com trocas rápidas de passes após a recuperação, mas também sem a bola, através de uma marcação-pressão que começava no campo palmeirense. Ramiro, bem além do golaço, foi o que se chama de "motorzinho" do time. Baixinho, ganhou mais de uma vez no jogo aéreo de adversários bem mais altos que ele. O veterano Douglas, conhecido por ser pouco afeito a tarefas defensivas, correu atrás dos zagueiros paulistas inclusive nos acréscimos do segundo tempo.

O terceiro aspecto é o mais curioso de todos: a bola aérea. Arma letal do Palmeiras há dois anos, é esta a maior fragilidade do Grêmio de 2016, o que torna inimaginável que o Tricolor pudesse vencer o jogo de ontem por conta disso. Pois não só o segundo gol surgiu de uma jogada pelo alto (a qual lembrou muito o primeiro gol gremista na derrota por 4 a 3 para o Verdão, pelo Brasileirão, com Geromel cabeceando no travessão após falta erguida na área) como defensivamente a equipe se portou de forma praticamente perfeita. Vantagem no ataque, e também na defesa.

A vitória por 2 a 1 acabou sendo injusta, pois a vantagem do Grêmio poderia ter sido maior - dois gols de diferença representariam melhor o que foi o jogo. Para a partida de volta ainda há um mês, no qual o Palmeiras definirá parte de sua situação na luta pelo título nacional. Para os gaúchos, são quatro semanas para azeitar a formação utilizada ontem e tornar o time ainda mais confiável - ontem, por melhor que tenha sido a atuação do time, via-se claramente que era uma postura diferenciada, de quem priorizava o mata-mata e precisava mostrar serviço. Será preciso repetir este nível técnico mais vezes para termos certeza de que o sistema de jogo está consolidado.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

CHICO disse…
O GRÊMIO VOLTOU A SER O GRÊMIO. PORTALUPPI TRANSFORMOU O TRICOLOR EM POUCOS DIAS. CORRIGIU A DEFESA E AINDA ENSINOU O ROCHA A FAZER GOLOS. QUE GRANDE JOGO DE ONTEM.
Chico disse…
Kannemann: "Só não matei o Gabriel porque ele tinha Jesus no nome".
Anônimo disse…
E ps Cosme Rimoli afirma que o Palmeiras perdeu por sua covardia tatica, ou seja, perdeu por que quis, será?