O mais doído dos 13 tropeços

Cara a cara com Dênis, Paulão perde mais uma chance de gol
Talvez nenhum dentre os 13 tropeços seguidos que acumula o Internacional tenha sido mais dolorido que o de hoje à tarde. Diante do São Paulo, o Colorado teve uma atuação bastante digna: se faltou organização e às vezes até qualidade, sobrou entrega e espírito de luta. A equipe de Celso Roth acumulou 28 chutes a gol contra apenas cinco de seu adversário, teve a chance de vencer em um pênalti aos 44 minutos do segundo tempo, mas não conseguiu sair com os sonhados três pontos. As vaias ao final do jogo no Beira-Rio dizem bem mais respeito à decepção pela chance perdida do que pela atuação do time.

E o curioso é que, apesar do gosto de vitória que escapou, o Inter esteve na maioria do tempo perdendo. Seria uma enorme injustiça, mas que também ajuda a explicar tamanha superioridade rubra no número de situações criadas. Necessitando do resultado, o Colorado foi obrigado a atacar o São Paulo. A diferença para os outros jogos é que, desta vez, conseguiu, e bem. Se diante do Corinthians, por exemplo, a necessidade de vitória era a mesma, mas poucas oportunidades foram criadas devido à má jornada técnica da equipe, hoje isso não se repetiu. A má fase do inimigo também colaborou para isso, claro.

Porém, mesmo antes de sair perdendo, o Inter já tinha a iniciativa do jogo. Também em crise técnica, o São Paulo veio a Porto Alegre disposto primeiro a não perder. Controlava a equipe mandante de forma razoável no primeiro tempo, contando com mais uma péssima jornada de Eduardo Sasha e com a pouca efetividade de Valdívia e Nico López. Numa rara saída para o ataque, obteve o pênalti, convertido por Cueva. A vantagem era importantíssima também para explorar o nervosismo do time da casa.

Mas Roth trabalhou bem no intervalo. Não exatamente por ter trocado Nico por Ariel, mas por ter inflamado os ânimos de seus atletas. A postura na volta do segundo tempo foi bem mais agressiva, embora o primeiro tempo já não tivesse sido de todo ruim. Num intervalo de apenas um minuto, entre os 9 e os 10, foram quatro chances criadas, numa pressão incrível - três delas salvas por milagres de Dênis. É claro que o ritmo haveria de diminuir, mas nem por isso não houve pressão. Entraram William e Andrigo, mas foi o venezuelano Seijas que comandou a reação, com ótimas arrancadas e passes qualificados. Como em alguns outros jogos recentes, ele destoou da má fase técnica do time.

O empate veio tarde, aos 39, mas era merecido, e saía numa hora na qual o São Paulo tratava de valorizar mais a bola no campo de ataque. Como era esperado, o Inter veio com tudo para cima em busca da virada, até que o estreante Eduardo Henrique foi derrubado na área. Valdívia bateu forte, mas para fora. Fase ruim pouca é bobagem.

Ao contrário do horror de Chapecó, hoje dá para dizer de forma mais tranquila que o Inter mostrou certa evolução, sim. Em termos técnicos segue errando demais: a ansiedade é enorme e a confiança segue em falta no Beira-Rio. Mas desta vez não houve apatia, e sobrou atitude. Não foi o suficiente para vencer o São Paulo, mas será o começo para ao menos tentar trazer um pontinho da pedreira que será a Ilha do Retiro na semana que vem.
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Campeonato Brasileiro 2016 - 21ª rodada
21/agosto/2016
INTERNACIONAL 1 x SÃO PAULO 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Gilberto Castro Júnior (PE)
Público: 26.130
Renda: R$ 595.210,00
Gols: Cueva (pênalti) 36 do 1º; Mena (contra) 39 do 2º
Cartão amarelo: Paulão e Cueva
INTERNACIONAL: Danilo Fernandes (5,5), Ceará (5) (Andrigo, 31 do 2º - 4,5). Ernando (6), Paulão (4,5) e Artur (5,5); Fabinho (5), Eduardo Henrique (5,5) e Seijas (6,5); Valdívia (4), Nico López (5) (Ariel, intervalo - 5,5) e Eduardo Sasha (4) (William, 18 do 2º - 5,5). Técnico: Celso Roth
SÃO PAULO: Dênis (7,5), Buffarini (5), Maicon (6,5), Lyanco (6,5) e Mena (5,5); João Schmidt (5), Hudson (6,5) (Gilberto, 46 do 2º - sem nota) e Cueva (6); Kelvin (5) (Wesley, 12 do 2º - 5), Chávez (5) e Michel Bastos (5,5) (Carlinhos, 46 do 2º - sem nota). Técnico: Ricardo Gomes

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

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