Vitória sobre o Palmeiras deve elevar o patamar do Atlético no Brasileirão

Leandro Donizete comemora o gol da vitória do Galo: 1 a 0
O Palmeiras ainda não havia perdido em casa com Cuca. Estava, portanto, invicto como mandante no Campeonato Brasileiro. Já o Atlético Mineiro ainda não havia vencido nenhum jogo fora de Belo Horizonte no certame - a única vitória como visitante foi diante do América, no campo neutro do Horto. O resultado de 1 a 0 do Galo no Allianz Parque, portanto, contraria duas tendências fortes que o campeonato apresentava. E, também, pode mudar a lógica dos clubes em questão - especialmente o Galo.

Quem viu a equipe de Marcelo Oliveira sofrer para vencer o Coritiba na última segunda-feira dificilmente esperava um desempenho tão bom em São Paulo na manhã de hoje. Contra o Coxa, o time mineiro fez 1 a 0 no Independência, cedeu o empate no segundo tempo e, quando parecia perto de sofrer a virada, viu Robinho tirar um coelho da cartola e marcar o gol da vitória nos instantes finais. Do jogo de segunda para o deste domingo, a única coincidência foi a ótima atuação do camisa 7 atleticano. Não como finalizador, como nos dois gols marcados contra o Coxa, mas como armador.

Jogando atrás de Fred (e posteriormente de Lucas Pratto), como penúltimo homem do time, Robinho foi o grande coordenador da equipe no Allianz Parque. No equilibrado primeiro tempo, era sempre dele o toque de qualidade superior do time mineiro quando este tinha a bola no ataque: tabelava com Fred, colocava Lucas Cândido e Maicosuel no jogo, abria espaços com seus dribles e eventualmente até arrematava - e bem, como aos 30, quando o goleiro Wagner espalmou um chute seu da entrada da área, após fintar a dupla marcação de Edu Dracena e Tchê Tchê. O gol do Galo, aos 14 da etapa final, veio num ótimo passe seu infiltrado para a surpreendente chegada do normalmente pouco ousado Leandro Donizete. Lance que deixa evidente sua ótima visão de jogo, e o quanto está capacitado para exercer esta função.

Nesta imagem, do primeiro tempo, Robinho volta até a linha do primeiro volante, logo à frente dos zagueiros, para buscar a bola. A atitude é típica de armadores
No lance do gol, Robinho também age como armador: tabela com Fred (que sai da área para dar opção) e acha Leandro Donizete subindo livre por trás da zaga para finalizar na área palmeirense
Mas não foi só por causa da boa partida de Robinho que o Atlético venceu. Foi porque a estratégia de Marcelo Oliveira foi mais feliz que a de Cuca. Fernando Prass não fez tanta falta, mas Gabriel Jesus sim: o time paulista não sabe jogar sem seu principal craque, por mais opções que tenha em seu plantel. A todo momento, os ponteiros alviverdes chegavam à linha de fundo buscando cruzamentos infrutíferos, já que o Palmeiras não tinha centroavante, o que facilitava o trabalho de Leonardo Silva e Erazo. Cleiton Xavier não teve com quem tabelar, Dudu esteve em má jornada técnica e Roger Guedes, sem Gabriel Jesus, ficou sem parceria. Postado com cautela, o Galo anulou os espaços, aproveitou a falta de criatividade palmeirense e correu poucos riscos em São Paulo.

O resultado serve de alerta, e a atuação mais ainda: o Palmeiras vai sofrer neste período sem Gabriel Jesus, e precisa encontrar logo um modo de atuar sem ele. Mas mais do que isso: o jogo de hoje mostra que o Atlético já superou a fase instável de começo de certame e está colocado para disputar o título. A distância para a liderança já caiu para seis pontos, a menor da equipe desde a longínqua 3ª rodada. Com a volta de Luan e Pratto a combate, a consolidação das ideias de Marcelo Oliveira e um elenco que ainda é o melhor do futebol brasileiro, o time mineiro inevitavelmente se colocará ao lado de Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Santos na disputa mais alta da tabela durante o returno.

Foto: Atlético Mineiro/Divulgação.

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