Uma crise cada vez mais profunda

Inter de Leandro Almeida perdeu a quarta seguida no Beira-Rio 
Nove jogos sem vitória, com dois empates e a sétima derrota. Um ridículo aproveitamento de 7,4% dos pontos disputados nos últimos 45 dias. Quarta derrota seguida dentro de casa. Décimo terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, três pontinhos à frente da zona de rebaixamento. Segundo jogo seguido onde o Beira-Rio enfrenta protestos fortes contra a direção, desta vez ainda mais violentos. Carlos Pellegrini cede à pressão e entrega o cargo de vice de futebol. Vitório Piffero, cuja cabeça é pedida pelos torcedores, ao contrário, acumula a função deixada por Pellegrini com o cargo de presidente do clube.

O cenário que ronda o Internacional é assustador. Como se não bastasse toda a situação cada vez pior na classificação, o clima cada vez mais deteriorado, o futebol apresentado pelo time em nada ajuda. Paulo Roberto Falcão chegou a apenas três rodadas, e ainda não conseguiu trazer qualquer melhora à qualidade das atuações da equipe. Ainda é cedo para cobrá-lo, claro: a herança de Argel Fucks ainda é bastante presente, e a mudança proposta na ideia de jogo do time é brusca. O problema é que o campeonato vai passando, as derrotas se acumulando, a crise aumentando.

Hoje, o Inter mais uma vez foi dominado em casa por um adversário superior. Diante do Palmeiras, a inferioridade no primeiro tempo foi flagrante, mas no segundo houve a insuficiente reação de quase todos os jogos desta série interminável de fracassos. Mas contra o Corinthians, nem isso ocorreu: depois de fazer um primeiro tempo ruim, onde até demorou para sofrer o gol, o Colorado começou dando pinta de que pressionaria no segundo. Logo, porém, passou a ser controlado com facilidade, e escapou de perder de diferença ainda maior.

Falcão apostou num 4-2-3-1 que varia para o 4-3-3, com Seijas centralizado, Valdívia e Vitinho abertos e Ariel no meio. Não funcionou. Sem Rodrigo Dourado e Fernando Bob, a saída de bola no meio-campo inexistiu. Ernando, improvisado na direita, e Artur, em crise técnica na esquerda, também não davam alternativas pelos lados. Seijas, discreto, jamais assumiu o papel de organizador: raramente foi visto buscando bola junto aos volantes, ou aos zagueiros, para armar o jogo. O resultado foi um time que basicamente só deu chutões, raramente trocou passes de forma envolvente e que só não perdeu por diferença maior porque o próprio Corinthians fez um primeiro tempo mediano, respeitando o Inter além do que deveria, mesmo jogando no Beira-Rio.

Na etapa final, Falcão mexeu bastante no time. Abriu mão do esquema para uma espécie de 3-5-2, com Sasha e Artur nas alas e Nico López se aproximando bastante de Ariel na frente. Retirou Valdívia e Vitinho para não perder a robustez do meio, mas acabou errando justamente aí, pois abriu mão de ter um time mais envolvente na busca pelo empate. Nico começou bem, logo passou a ser bem marcado. Passada a empolgação inicial, o time gaúcho novamente se via controlado pelo rival, que ocupou o meio com consistência e aproveitou uma série de buracos deixados para empilhar chances em contra-ataques, todas desperdiçadas.

Se o Inter vive uma de suas maiores crises técnicas dos últimos anos, o Corinthians surpreendentemente assume a liderança. Surpreende porque o Timão vinha de duas atuações ruins contra São Paulo e Figueirense, quatro pontos perdidos em casa, mas acabou ultrapassando o Palmeiras e fechando a rodada na ponta, justamente quando se previa que entraria em decadência. A briga na ponta de cima é parelha como talvez nunca tenhamos visto: seis times estão separados por apenas quatro pontos. Nesta rodada, todos enfrentaram adversários frágeis ou em crise. O Corinthians, como Atlético-MG, Santos e Flamengo, soube aproveitar o ensejo para fazer três pontos importantes. Palmeiras e Grêmio perderam terreno.

Quanto ao Colorado, o jogo com o Cruzeiro, quinta, no Independência, é absolutamente decisivo. São dois gigantes em forte crise, num confronto que, já dá para se dizer, é de uma mesma briga. Os mineiros perderam quase todas que disputaram em casa, ou seja: é uma ótima oportunidade para o Inter deixar para trás a série sem triunfos. Se não conseguir, é porque, realmente, o de momento será de olhar para baixo. Para cima, sabemos que não dá mais.
_________________________________________________________
Campeonato Brasileiro 2016 - 17ª rodada
31/julho/2016
INTERNACIONAL 0 x CORINTHIANS 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
Público: 34.222
Renda: R$ 883.835,00
Gol: Elias 41 do 1º
Cartão amarelo: Paulão, Ariel, Yago e André
INTERNACIONAL: Marcelo Lomba (4,5), Ernando (4,5), Paulão (5,5), Leandro Almeida (5) e Artur (4,5); Fabinho (5,5), Anselmo (sem nota) (Jair, 16 do 1º - 4) e Seijas (5); Vitinho (4,5) (Eduardo Sasha, intervalo - 5), Ariel (4,5) e Valdívia (5,5) (Nico López, intervalo - 5,5). Técnico: Paulo Roberto Falcão
CORINTHIANS: Cássio (6), Fagner (6), Yago (6), Balbuena (6) e Uendel (6); Bruno Henrique (6,5), Elias (7) (Rodriguinho, 28 do 2º - 5) e Giovanni Augusto (5,5) (Danilo, 17 do 2º - 5,5); Ángel Romero (6,5), André (5) (Luciano, 21 do 2º- 5,5) e Marquinhos Gabriel (6). Técnico: Cristóvão Borges

Foto: Daniel Augusto Jr./Corinthians.

Comentários

Lique disse…
não precisa se preocupar, o inter nunca vai ser rebaixado... ;)