Erros grotescos de arbitragem prejudicaram demais uma seleção na Copa América: o Equador

Ruidíaz comemora o gol polêmico que classificou o Peru ontem
O gol absurdamente marcado a favor do Peru diante do Brasil traz à derrota do time de Dunga uma desculpa útil, um tom de indignação que, na verdade, é pouco legítimo. Claro, a Seleção não merecia ter perdido ontem, ainda mais da maneira como ocorreu. Mas é bom lembrar que, uma semana antes disso, a equipe brasileira só não havia perdido para o Equador por conta de um erro de arbitragem tão grave quanto o do uruguaio Andrés Cunha, embora não tão escandaloso. O chute de Miller Bolaños que venceu Alisson de forma bizarra não ocorreu após a bola ter saído, pois ela não ultrapassara totalmente a linha de fundo do Rose Bowl, em Pasadena.

Portanto, se há uma seleção que pode se dizer prejudicada no Grupo B da Copa América, esta seleção é o Equador. Confirmando ser um dos melhores times das eliminatórias, os equatorianos tiveram o melhor desempenho da chave nos Estados Unidos: deveriam ter vencido o Brasil e arrancaram um empate com o Peru mesmo com apenas dez homens em campo. Não foram líderes porque não tiveram seu gol legal validado diante dos brasileiros e porque, além disso, viram a seleção de Dunga perder para os peruanos por conta de um gol escandalosamente irregular.

Tivesse a arbitragem acertado nos dois lances, a classificação do Grupo B teria os equatorianos com sete pontos, os peruanos com cinco e os brasileiros com apenas quatro. Portanto, a única mudança real na classificação motivada pela arbitragem foi a troca de posição entre Equador e Peru na liderança e segunda posição da chave. Nada que classificasse o paupérrimo Brasil de Dunga.

Aliás, ainda é tempo para mudanças, se já não for tarde demais. Amanhã, quando chegar ao Brasil, a comissão técnica da Seleção se reunirá com a CBF, que pode providenciar a troca de um comando que jamais deveria ter sido dado a Dunga e Gilmar Rinaldi. Em dois anos de sua segunda passagem como treinador da amarelinha, o capitão do Tetra venceu basicamente apenas amistosos. Em 13 jogos oficiais, obteve só cinco vitórias, e um aproveitamento de apenas 51% dos pontos, pouquíssimo se levarmos em conta que nestes duelos estão computados três jogos contra o Peru, dois contra a Venezuela, dois contra o Paraguai e um contra o Haiti, todas seleções visivelmente inferiores ao Brasil, por pior que seja seu momento.

Diante dos peruanos, naquele que pode ter sido seu último jogo na Seleção, Dunga até fez a alegria dos críticos. Escalou um meio-campo ofensivo, com apenas Elias como volante de ofício. Encheu o time de meias e até merecia ter vencido, pelo bom primeiro tempo que fez em Boston. Mas o Brasil é um time com sérias dificuldades de penetração, de chute. Marca poucos gols, e sofre para trocar passes perto da área adversária. É um time estéril, que ataca de forma ineficiente e sofre quando acossado atrás. Estaria hoje fora da Copa do Mundo, não chegou às semifinais de uma Copa América e nem passou da primeira fase na outra.

Sabíamos que a chegada de Dunga, após o fiasco na Copa de 2014, não mudaria nada no modus operandi da Seleção e do futebol brasileiro. Ao menos, porém, parecia a garantia de que, repetindo o trabalho consistente entre 2006 e 2010, ele formaria um time e levaria o Brasil à Rússia sem sustos, o que era pouco perto da revolução que necessitávamos (e ainda necessitamos), mas melhor que nada. Pois nem este mínimo esperado está acontecendo. Há três meses de um duelo decisivo contra o Equador em Quito, o Brasil é um time que em nada evoluiu nestes 24 meses. Uma equipe sem escalação definida, sem esquema tático consolidado e, tirando Neymar e mais dois ou três, sem sequer titulares afirmados. Manter Dunga pensando na Olimpíada será mais um erro terrível de avaliação. Com o risco sério de não chegarmos à Copa de 2018, buscar a medalha de ouro com um time bem diferente, basicamente sub-23, não é algo capaz de justificar a continuidade de um trabalho tão fraco, e que já chegou à sua terceira gota d'água em menos de um ano.

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