Apesar do susto, a anfitriã segue firme

O baixinho Griezmann vence os grandalhões irlandeses pelo alto
França e Irlanda fizeram um dos jogos mais eletrizantes da Eurocopa no início da tarde francesa de Lyon, no novíssimo Parc Olympique Lyonnais. O ingrediente de 2009, quando os irlandeses foram eliminados do Mundial da África do Sul por conta da mão de Thierry Henry, deu um toque especial de rivalidade ao confronto. Não que seja um clássico tradicional do futebol europeu, mas foi um clássico de um jogo só. E em clássicos as coisas se equilibram.

Time de pior campanha dentre os 16 classificados aos mata-matas da Euro, a Irlanda começou em cima. Com um minuto de jogo, Long foi derrubado pelo craque Pogba dentro da área. Pênalti, convertido por Brady, para delírio dos cinco mil torcedores que vestiam verde em Lyon. Era a revanche de sete anos atrás acontecendo.

A França demorou para entrar no jogo. Tanto que a segunda boa chance da partida foi novamente irlandesa, aos 20, em defesa de Lloris. O time da casa tinha posse de bola, mas chegava de fato pouco à área do seguro goleiro Randolph - tão seguro que defendeu uma falta muito bem batida por Pogba, no ângulo, sem precisar se atirar. Fechadinho atrás, o time irlandês saía tramando bem. Era um perigo constante, que impedia os franceses de se atirarem de vez para cima.

Não foi no intervalo que a história mudou: foi após o empate francês. É verdade que o time da casa pressionou com mais vigor na volta para o segundo tempo, mas ainda assim a Irlanda seguia perigosa quando tinha a bola em velocidade. Mas o gol de Griezmann, aos 12 minutos, desestabilizou o time visitante. Sem saber se iria para cima buscar o 2 a 1 ou se ficava postada e seguia a estratégia de contra-atacar, a Irlanda não fez nem uma coisa, nem outra. O segundo gol surgiu três minutos depois, uma combinação de Giroud, que escorou para Griezmann bater de canhota e virar o jogo.

Aos 20, a Irlanda sofreria seu terceiro golpe em oito minutos: a expulsão do zagueiro Duffy deixava o time com um a menos e uma tarefa que beirava o impossível. O time de Didider Deschamps veio com tudo para cima: encurralou os irlandeses, que mal saíam de sua intermediária defensiva, e empilharam chances, todas desperdiçadas - Gignac chegou a acertar o travessão, Griezmann perdeu cara a cara. Mas o placar seguia sendo de vantagem mínima, e os donos da casa quase sofreram um trágico empate aos 40, em chute torto de Walters da entrada da área.

Foi mais sofrido que muitos imaginavam, mas a França venceu e, mesmo tendo passado por maus bocados, mostrou força. Pressionado, o time de Deschamps buscou uma virada na base da qualidade e da insistência, qualidades importantes de quem quer buscar um título desta magnitude. A Irlanda, por sua vez, ficou no quase. Mas, para um time que não joga uma Copa do Mundo desde 2002, ter passado de fase num grupo difícil, vencido a poderosa Itália e encarado de igual para igual a anfitriã e favorita França não deixa de ser um saldo bem razoável.

FICHA TÉCNICA
Eurocopa 2016 - Oitavas de final
FRANÇA (2): Lloris; Sagna, Rami, Koscielny e Evra; Kanté (Coman) (Moussa Sissoko), Matuidi e Pogba; Griezmann, Giroud (Gignac) e Payet. Técnico: Didier Deschamps
IRLANDA (1): Randolph; Coleman, Duffy, Keogh e Ward; McCarthy (Hoolahan), Hendrick e Brady; Long, Murphy (Walters) e McClean (O'Shea). Técnico: Martin O'Neill
Local: Parc Olympique Lyonnais, Lyon (FRA); Data: domingo, 26/06/2016, 10h; Público: 56.279; Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA); Gols: Brady (pênalti) 2 do 1º; Griezmann 12 e 15 do 2º; Cartão amarelo: Kanté, Rami, Coleman, Hendrick e Long; Expulsão: Duffy; Nota do jogo: 8; Melhor em campo: Griezmann

Foto: UEFA.

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