O que o Grêmio titular precisa aprender com o Grêmio reserva

Com boas atuações, Lincoln começa a pedir passagem no Grêmio
A vitória por apenas 2 a 1 em Erechim engana: o Grêmio foi muito superior ao Ypiranga quase que o tempo todo, e antes de sofrer o gol numa infelicidade de Fred poderia ter construído uma goleada histórica no Colosso da Lagoa. Os holofotes recaem sobre Lincoln e seu golaço, claro, mas é inegável que o time reserva do Tricolor vem tendo um desempenho no mínimo equivalente (para não dizer superior) ao dos titulares.

Claro, Gauchão e Libertadores são competições de dificuldades muito diferentes. Mas mesmo no estadual a equipe suplente tem se saído melhor. Em seis jogos, o aproveitamento do time principal no Campeonato Gaúcho é de 72,2%, contra 75,0% dos reservas em quatro partidas. E não é só uma questão de resultado, mas de desempenho. Nos últimos confrontos contra times do interior pelo torneio local, o time titular de Roger Machado sofreu para bater Novo Hamburgo e Glória, enquanto o time alternativo sobrou diante de Cruzeiro e Ypiranga.

Não se trata de defender a utilização dos reservas na Libertadores, claro que não. Mas várias lições podem ser tiradas destes jogos recentes da equipe B. A começar, óbvio, por Lincoln. Seu desempenho recente o credencia à titularidade. É uma questão de momento: Douglas vem mal, Giuliano não é sombra do jogador importantíssimo de 2015. Já Lincoln vem sobrando em termos de qualidade de atuações e personalidade. Não é só a incrível personalidade de quem tem só 17 anos e já comanda a equipe tecnicamente, nem foi só o golaço em Erechim, ou tampouco as frequentes assistências em jogos fracos de Gauchão: foi também o autor do gol mais importante do time no ano, em Buenos Aires, diante do San Lorenzo. Não há comparativo no qual ele não se sobressaia aos dois atuais titulares da função.

É por ele, também, que entra outro ponto importante do time B que falta aos titulares: meias que entrem na área. Na melhor fase do ano passado, o Grêmio tinha Luan, Pedro Rocha, Giuliano e Douglas o tempo todo se revezando em quem era meia ou atacante. Todos ajudavam a armar jogo, marcar e, também, concluir. Do final de 2015 para cá, Douglas parou de habitar a área rival, Giuliano mal sai da ponta. Só Everton e Luan concluem perto do gol. Em Erechim, aquela dinâmica do ano passado apareceu de novo, com atuações excelentes de todos no setor ofensivo, especialmente Pedro Rocha, Bobô e Lincoln. Esta mecânica precisa ser urgentemente recuperada.

Outro ponto fundamental na vitória de domingo em Erechim, e que todos sabiam que fazia falta demais, é o retorno de Walace. Com ele à frente da área, os laterais Ramiro e Marcelo Hermes raramente tiveram problemas defensivos. É verdade que o gol do Ypiranga surgiu de um cruzamento, mas ele foi mais ocasional que intencional. Além disso, o camisa 5 qualificou a saída de bola enormemente, trazendo mais velocidade à transição defesa-ataque. Este é sem dúvida um dos principais problemas do Grêmio em 2016, e o que melhor explica como aquele time envolvente do ano passado se tornou tão previsível agora.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

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