O Santos dominou o jogo, mas não matou a parada. O Palmeiras também já cometeu este pecado

Zé Roberto teve dificuldades com Gabriel na decisão
Final com Santos e Palmeiras, o primeiro jogo acaba e a sensação de que o time da casa poderia ter vencido por diferença maior, deixando o rival vivo para o jogo segundo confronto. A primeira final da Copa do Brasil se assemelha demais à do Campeonato Paulista. E com outra incrível coincidência: o time vencedor desperdiçou um pênalti. Saiu barato para o visitante, portanto. A única diferença é que os papéis foram invertidos ontem, e o local do clássico também.

Retraído naquele 26 de abril, no Allianz Parque, o Peixe dominou completamente o jogo de ontem. O pênalti perdido por Gabriel, logo aos cinco minutos, foi já a terceira chance de gol santista na partida. Outras sete viriam ao longo da noite, contra só uma palmeirense - e não concluída, já que estamos falando do pênalti claríssimo não marcado de David Braz em Barrios.

Sabia-se que o Santos chegava com mais time para a decisão, mas a postura do Palmeiras não condiz com todo o peso de sua camisa e com todo o investimento feito para este ano. Porque a equipe alviverde limitou-se a marcar o rival, e ainda assim com vários problemas. Se o apoio de Zeca e Victor Ferraz é uma conhecida arma do Peixe, por que não abrir Dudu pelos lados para incomodá-los, por exemplo? Mas não: o treinador escalou Robinho na direita, limitando o jogador mais criativo do time a marcar o lateral esquerdo santista. A presença do ex-ponteiro do Grêmio por ali traria uma dor de cabeça a Zeca, dificultaria o ataque do time de Dorival Júnior pelo flanco camhoto e ainda proporcionaria a chance de Robinho jogar na sua, no meio, armando um possível contra-ataque - algo que a equipe raramente teve, também por conta disso. Lucas, por exemplo, é um lateral no mínimo equivalente ao esquerdo do Santos, e poderia ter sido agressivo para limitar seus movimentos. Não subiu porque a proposta era uma boa velha e retranca.

É verdade também que o Palmeiras deu azar com a lesão de Gabriel Jesus, logo aos 12 minutos. Ele poderia fazer tudo isso pela esquerda ofensiva, mas teve de dar lugar a Kelvin. O menino foi bastante útil atuando como um auxiliar de Zé Roberto, constantemente envolvido pela movimentação de Victor Ferraz e pelas caídas de Lucas Lima por aquele lado. Kelvin foi o símbolo da dedicação palmeirense a noite toda: não se pode negar que os jogadores alviverdes foram extremamente esforçados na Vila Belmiro. O problema é que não passaram disso.

Sem coesão no meio, já que Robinho ficava preso a uma ponta, e sem contragolpe justamente por isso, o Palmeiras se viu apartado em dois - defesa e ataque. O Santos se adiantou, percebeu a situação desde o início e mandou no jogo, controlando rebotes e mantendo a posse quase sempre no ataque. Parou especialmente numa noite inspirada de Fernando Prass (mais uma), o herói que já salvou a equipe diante do Fluminense, e símbolo maior se o título vier na semana que vem. E parou na sua própria incompetência também: o gol perdido por Nílson, aos 50, sem goleiro, na pequena área. Poderá custar caro.

O Santos é melhor, jogou muito melhor, mas não fez placar que o deixe tranquilo. Pelo contrário: como não há saldo qualificado, a final está totalmente indefinida. Em todos os clássicos de 2015, o Palmeiras ganhou por um gol de diferença em casa e o Santos fez o mesmo na Vila. No Allianz Parque, também pela desvantagem, a equipe de Marcelo Oliveira terá de ser bem mais agressiva. A diferença é que dificilmente este ofensivo Peixe de Dorival Júnior vá se portar tão retraidamente como fez seu adversário ontem - principalmente por se tratar de um time mais confiante.

Em tempo:
- Importante ressaltar que, apesar do ferrolho palmeirense, a final de ontem não foi chata. Pelo contrário: foi um confronto sempre tenso, muito disputado, em alta rotação e até eletrizante em determinados momentos. Também é importante destacar que houve momentos de relativo controle do Palmeiras, com até alguma posse ofensiva. Aí, faltou articulação para chegar ao gol de Vanderlei, que quase não trabalhou.

- Mais sobre o jogo no Carta na Mesa de hoje. É daqui a pouquinho, às 10h, ao vivo, na Rádio Estação Web.

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Ficha técnica
Copa do Brasil 2015 - Final - Jogo de ida
25/novembro/2015
SANTOS 1 x PALMEIRAS 0
Local: Vila Belmiro, Santos (SP)
Árbitros: Luiz Flávio de Oliveira (SP) e Marcelo Aparecido de Souza (SP)
Público: 14.116
Renda: R$ 1.631.560,00
Gol: Gabriel 33 do 2º
Cartão amarelo: Victor Ferraz, Renato, Ricardo Oliveira, Gabriel, Fernando Prass, Matheus Sales, Arouca, Dudu e Barrios
Expulsão: Lucas 42 do 2º
SANTOS: Vanderlei (5,5), Victor Ferraz (6,5), David Braz (6), Gustavo Henrique (6) e Zeca (6,5); Thiago Maia (6) (Nílson, 47 do 2º - 4,5), Renato (6,5) e Lucas Lima (7); Gabriel (7) (Neto Berola, 37 do 2º - 5), Ricardo Oliveira (6) e Marquinhos Gabriel (5,5) (Geuvânio, 19 do 2º - 5,5). Técnico: Dorival Júnior
PALMEIRAS: Fernando Prass (7), Lucas (4), Jackson (6), Vítor Hugo (6) e Zé Roberto (5); Arouca (6), Matheus Sales (5) (Amaral, intervalo - 5,5) e Dudu (5,5); Robinho (5), Barrios (5,5) (Rafael Marques, 19 do 2º - 5) e Gabriel Jesus (sem nota) (Kelvin, 12 do 1º - 5,5). Técnico: Marcelo Oliveira

Foto: Ivan Storti/Santos.

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