O Huracán soube aproveitar os erros do River e merece a vaga na final da Sul-Americana

Ábila encobre Barovero: jornada infeliz do goleiro do River
Foi por pouco que o River Plate não chegou a mais uma final continental, sua quarta seguida em um intervalo de 12 meses. A camisa pesou nos 25 minutos finais da partida de ontem. Mas seria uma injustiça com o Huracán: mesmo bem mais modesto, o time de Parque Patricios mereceu chegar à decisão da Copa Sul-Americana. Foi mais eficiente no primeiro jogo, soube aproveitar os erros do poderoso rival nos 180 minutos, lutou muito para segurar a vantagem e conseguiu. Tornou-se o primeiro time a ganhar um mata-mata sul-americano do River nos últimos 13 confrontos do tipo.

Tecnicamente limitado, o Huracán apresentou nos dois jogos o mérito da eficiência ofensiva. Não que a equipe não tenha conseguido criar oportunidades, mas o fato é que soube jogar no erro do River. No Monumental de Núñez, o gol da vitória veio numa pressão na saída de bola millonaria. Ontem, o primeiro gol surgiu pelo lado contrário: o River pressionou a saída do Huracán, mas o chutão de Nervo encontrou Ábila. Barovero se precipitou ao sair do gol e Toranzo fez 1 a 0. Eram só dois minutos de partida.

Com vantagem dobrada, o Huracán se animou e passou a dominar o jogo. Principalmente por saber se aproveitar de erros do River. O principal deles foi de Gallardo, que escalou a equipe num inédito 3-5-2, no qual o lateral esquerdo Casco foi ala direito improvisado. O esquema prejudicou não só Casco, mas também Vangioni, o ala canhoto, que é melhor defendendo que atacando. Com um 4-2-3-1 muito bem organizado, o Huracán sobrou pelas pontas, com Toranzo e Espinoza em ótima noite.

Se faltou uma maior participação do meia criativo Montenegro, sobrou capacidade para o tanque Ábila. Desta vez, ele não se limitou a incomodar os zagueiros (o que já não é pouco): jogou por ele e por Montenegro, se aproximando dos ponteiros em tabelamentos envolventes. A desarrumada zaga do River sofria e batia cabeça ao tentar marcá-lo. Tanto que o 2 a 0 foi dele, em ótimo lançamento de Bogado, que o achou na área. Ábila encobriu Barovero com categoria.

O River só melhorou no segundo tempo, quando Gallardo removeu o esquema fracassado e voltou ao 4-4-2 habitual. A entrada de Mayada no lugar do torto Casco consertou a lateral direita, e a de Martínez no de Vangioni devolveu agudez pela esquerda. Mas o jogo se equilibrou, tão somente. Passou a ser mesmo do River somente quando Lucho González substituiu Ponzio, aos 21. Dois minutos depois, Mora fez um golaço em parede de Alario. Foi a senha para o Huracán recuar e dar espaço para o River trabalhar a bola até sua intermediária ofensiva. Bem ao agrado de Lucho.

Foi dele o passe para o próprio Mora empatar, aos 36. O gol ainda classificava o Huracán, e calou o Palacio de tensão. A sofrida torcida do Globo só voltou a cantar aos 45, quando Sánchez foi expulso por agredir um gandula. Ali ficava claro que o River seria mesmo eliminado.

É emocionante ver o sofrido Huracán chegar tão longe. Um time que ressurgiu para o cenário internacional ao ganhar a Copa Argentina do ano passado, chega agora à maior decisão de sua história eliminando o campeão de tudo na atualidade na América do Sul. Vai para a decisão com o Santa Fe não como favorito, mas com o cartaz de ter eliminado o bicho-papão do continente. Convenhamos, não é pouca coisa.

Quanto ao River, o que se espera é que Gallardo tenha mudado de esquema apenas para este jogo, e não que a troca para este improvisado 3-5-2 seja um sinal de desconfiança quanto ao esquema tradicional da equipe. Seja como for, a equipe de Núñez chegará ao Mundial do mesmo modo que o San Lorenzo no ano passado: ganhou a Libertadores em agosto, mas caiu de produção nos quatro meses seguintes. Nos 21 jogos após o glorioso triunfo sobre o Tigres, o River fez apenas 41,3% de aproveitamento. As perspectivas para pegar o Barcelona (e o semifinalista, claro) estão longe de ser as melhores.
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Ficha técnica
Copa Sul-Americana 2015 - Semifinal - Jogo de volta
26/novembro/2015
HURACÁN 2 x RIVER PLATE 2
Local: El Palacio, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (BRA)
Público: 25.000
Gols: Toranzo 2 e Ábila 25 do 1º; Mora 23 e 36 do 2º
Cartão amarelo: Bogado, San Román, Ponzio e Maidana
Expulsão: Sánchez 45 do 2º
HURACÁN: Díaz (6,5), San Román (6), Nervo (7), Mancinelli (6,5) e Balbi (6); Vismara (6), Bogado (7) e Montenegro (5,5) (Distéfano, 26 do 2º - 5); Espinoza (6,5) (Miralles, 13 do 2º - 5), Ábila (8) e Toranzo (7) (Villaruel, 38 do 2º - sem nota). Técnico: Eduardo Domínguez
RIVER PLATE: Barovero (3,5), Mercado (4,5), Maidana (4) e Balanta (5); Casco (4,5) (Mayada, intervalo - 6), Kranevitter (5,5), Ponzio (4,5) (Lucho González, 21 do 2º - 6,5), Sánchez (4) e Vangioni (4,5) (Martínez, intervalo - 5,5); Mora (7,5) e Alario (6). Técnico: Marcelo Gallardo

Foto: Huracán/Divulgação.

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