O fim prematuro do contrato é um alívio tanto para o Fluminense quanto para Ronaldinho

A atitude mais sensata que Ronaldinho e o Fluminense tomaram neste curto casamento de 100 dias foi a rescisão de contrato amigável entre as partes. Ela põe fim a uma união curta, fracassada, e deixa clara a vontade dos dois lados: o craque não queria mais jogar pelo clube, e o clube não queria mais o futebol do craque. A sinceridade posta à mesa ontem à noite fez bem a ambos.

Num ano que deveria ser de contenção de despesas após o fim da longa parceria com a Unimed, a contratação de Ronaldinho foi o ponto fora da curva nos investimentos feitos pelo Fluminense. O risco de não dar certo era altíssimo: o golaço de falta no fracasso do Atlético Mineiro contra o Raja Casablanca no Mundial, em dezembro de 2013, foi o último lampejo de futebol do camisa 10. O Flu apostou no craque que ele foi até aquele dia (e já com certa irregularidade), fechando os olhos para o seu decadente fim de passagem por Belo Horizonte e oara a mal sucedida passagem pelo Querétaro, do México. Já por isso, sua contratação era um alto risco.

As notas oficiais educadas de parte a parte não deixarão transparecer o alívio que foi o término prematuro do contrato. Mas há vários indícios disso: a evidente falta de motivação de Ronaldinho nos treinos e pelo fato de ficar no banco incomodava os líderes do grupo, que não entendiam como o clube era capaz de fazer um investimento dessa magnitude se o discurso era de austeridade, o que algumas vezes acarretou em atraso de salários e premiações. O centroavante Fred, embora tenha protegido o meia após as últimas vaias, foi o mesmo que, após a derrota no Fla-Flu do começo de setembro, afirmou que quem não estivesse comprometido deveria mudar de postura. Foi o mesmo que viajou com a delegação mesmo lesionado para o jogo seguinte, contra o Coritiba, na capital paranaense, para dar exemplo. Um claro recado a Ronaldinho, que sentiu dores de garganta antes do clássico e nem no banco ficou.

Nada disso talvez seja confirmado publicamente, mas os resultados são claros: antes de Ronaldinho, o Fluminense surpreendia os mais céticos. Após sua estreia, uma vitória de 1 a 0 sobre o Grêmio, subiu do 6º para o 4º lugar na tabela do Brasileiro. Hoje, é o 12º. Neste período de 15 jogos, dos quais ele participou de nove, a equipe venceu apenas quatro jogos, empatou dois e perdeu nove. Aproveitamento, somando Brasileiro e Copa do Brasil, de apenas 31,1%. O sistema de jogo desencaixou para a entrada dele entre os titulares. O rendimento claramente caiu. No Querétaro, embora reserva na maior parte do tempo, ele ao menos conseguiu ser vice-campeão mexicano. No Flu, a única tarde positiva foi a da festa de apresentação - que, por sinal, acabou em derrota para o rival Vasco. Em apenas nove jogos, não fez gols, nem deu qualquer assistência. Talvez ninguém lembre dele no futuro como jogador do clube.

Pierre e Cícero ressaltaram nos últimos dias que a relação de Ronaldinho com o elenco era boa, mas não será surpresa se amanhã, na Arena do Grêmio, tenhamos uma equipe mais motivada após sua saída do clube. Porque o alívio é dois lados: o Flu não o queria mais, e Ronaldinho, ao que parece, não quer mais jogar futebol. É preciso que Assis, que insiste em colocar o irmão em empreitadas cada vez mais fracassadas, entenda isso e respeite a sua vontade.

Comentários

Vine disse…
Duvida se, agora, ele não iria sacanear o Grêmio oferecendo o irmão pra jogar, desmotivado desse jeito?
Em se tratando do traíra, o Assis pediria um salário bem alto pro Romildo pra jogar no Grêmio. E o presidente do Grêmio recusaria na hora.

Se ele disse que o clube fez um sacrifício financeiro pra contratar o Cristian Rodriguez por R$ 280 mil mensais por 3 meses, justamente o que pagavam para o Carlos Alberto há 4 anos atrás... imagina no caso do traíra.

Mas não duvido que o Assis tente. Se vai conseguir, aí duvido. E muito.