Como em 2011, Guerrero pode ser artilheiro da Copa América por causa de um jogo só



Passadas as semifinais da Copa América de 2011, a questão era: Suárez vai superar Agüero e ser o artilheiro da competição? Àquela altura, o uruguaio tinha os mesmos três gols do argentino, mas ainda disputaria a final, contra o Paraguai. O que ninguém esperava era que o peruano Paolo Guerrero, então com dois tentos, fosse o grande destaque da decisão pelo terceiro lugar: com três gols na vitória por 4 a 1 sobre a Venezuela, ele chegou a cinco e desbancou os dois favoritos à artilharia - Luisito marcaria um diante dos paraguaios, e terminaria o torneio com quatro gols.

A grande curiosidade é que em 2015 a história está próxima de se repetir. Até ontem, o volante chileno Arturo Vidal despontava isolado na artilharia da Copa América - prova de que os atacantes não estão sendo muito prolíficos neste ano. Pois Guerrero repetiu a dose de quatro temporadas atrás: fez três gols em um único e empatou com Vidal na artilharia da competição. A diferença é que, desta vez, a partida era decisiva. O novo centroavante do Flamengo resolveu a parada em apenas três minutos. Dos 19 aos 22 da etapa inicial, encaminhou a boa vitória do Peru sobre a Bolívia, 3 a 1, garantindo a seleção inca nas semifinais. De quebra, chegou aos 24 gols pela seleção e se tornou o segundo maior artilheiro peruano em todos os tempos, só atrás do mítico Teófilo Cubillas, que tem 26.

O que talvez não seja uma mera coincidência é a boa campanha da seleção peruana em terras chilenas. Já é a segunda semifinal seguida de Copa América da equipe, o que contrasta com campanhas pífias nas eliminatórias. Como se explica tamanha diferença de rendimento?

Possivelmente, na falta de reposições. É curioso falar nisso para um país que já foi potência no continente nos anos 70 e possui a quarta maior população da América do Sul, com 29 milhões de habitantes. Mas o fato é que o Peru, no tiro curto, tem condições de dar trabalho. Guerrero é um grande centroavante, Pizarro (mesmo em fim de carreira) também. Farfán e Vargas, dois que dobraram a faixa dos 30 anos, são tecnicamente qualificados. Cueva, aos 23, é o sopro de renovação. Num torneio que prima principalmente pelo momento, é muito possível um ótimo técnico como Ricardo Gareca tirar um rendimento alto de uma equipe como esta. O problema está numa eliminatória de dois anos, em turno e returno, sujeita a lesões e suspensões, bons e maus momentos das peças principais.

O Peru vai dar trabalho para o Chile. Quem acha que os donos da casa já estão na final precisa tomar cuidado. Além de ser um clássico cheio de rivalidade, o adversário dos anfitriões já segurou a Colômbia, passou com autoridade por Bolívia e Venezuela e só não empatou com o Brasil por questão de alguns poucos minutos. Diante de uma defesa baixa e pouco segura como a chilena, Guerrero pode se impor, seja por baixo ou no jogo aéreo. E virar, quem sabe, artilheiro de mais uma Copa América, desta vez com gols bem mais importantes.

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