O dia que resume o ano

A austeridade gremista e a pujança colorada marca esse começo de 2015, e o resumo foi esta terça-feira. Enquanto o ídolo Barcos saía do Grêmio, por inevitáveis milhões chineses, Anderson chegava ao Beira-Rio - não como o grande reforço, mas como mais um grande reforço para a Libertadores.

Tudo, no entanto, são apostas, e é bom que ninguém perca isso de vista. Nem sempre gastar muito é sinônimo de ganhar muito em futebol. No caso gremista, a saída do argentino se tornou facilitada pelo fato de Marcelo Moreno estar no elenco, e ter começado bem a temporada. De resto, o que existem são meninos promissores em busca de um lugar na titularidade: Luan, Lucas Coelho e Walace, os firmados de 2014, Everton, Lincoln e Araújo, os que deram melhor resposta na pré-temporada, junto de Marcelo Hermes, Arthur, Raul, Júnior. Dará certo? Só ao longo do ano é que saberemos.

O que não dá é para sair mais gente experiente, ou então o time titular começará a ficar realmente enfraquecido. Rhodolfo e Geromel, por exemplo, têm de ficar. O que o Grêmio fez até agora foi amenizar a folha, liberando atletas caros e trocando-os por outros da base. Galhardo deve substituir Pará com vantagem, Everton terá de correr bastante para chegar a ser um Dudu, Marcelo Moreno e Barcos são equivalentes e, aí sim, não há ninguém que chegue ao nível de Zé Roberto. O time principal não ficou distante do de 2014 - isso que nem falamos de Giuliano, a grande incógnita desta temporada, e que pode dar a criação que desde Elano o time não tem. A folha de pagamentos, sim, baixou bastante. E o banco de reservas, sem Alán Ruiz e Fernandinho (este nunca estourou), talvez também tenha perdido nível, dependendo do rendimento dos mais novos.

No caso do Inter, como o próprio Anderson frisou, há também apostas, mas de mais alto risco, pois custam mais caro. Por isso, elas podem dar um retorno bem superior às do Grêmio, mas também podem comprometer o clube se não derem o resultado que se espera. Vitinho é um projeto de grande jogador, mas não vinha jogando nada; Anderson é caso parecido; Réver é um dos melhores zagueiros do país, mas teve um 2014 complicado por conta de lesões; Nílton, sim, é muito mais jogador que Willians, e certamente será um acréscimo. Todos, se jogarem o que sabem, farão do Colorado o melhor time da Libertadores.

O problema é se não jogarem, e aí vem o grande risco: o financeiro. Se em 2014 o antecipou R$ 60 milhões de cotas de TV, significa que o 2015 deveria ser de cinto mais apertado. Mas não: Piffero, a exemplo de Fábio Koff em 2013, arrisca tudo na montagem de um time muito caro para a disputa da Libertadores - e, como Koff, sem um técnico que seja de sua confiança na empreitada. A jogada é clara: põe todas as fichas no título continental, que pagaria com sobras (ao menos no âmbito esportivo) o investimento feito. Mas é uma aposta de risco, como a do Grêmio, mesmo que este pareça mais comedido. Quem tem Libertadores, arrisca mais. Quem tem Gauchão, pisa no freio.

Em tempo:
- O Huracán honrou o nome em sua estreia na Libertadores: aplicou 4 a 0 no Alianza em Lima e está praticamente classificado para a fase de grupos. No México, o Strongest arrancou um excelente 1 a 1 com o Monarcas Morelia e, jogando em La Paz, se tornou o favorito a passar. De boa campanha em 2014, o possível primeiro rival colorado na Copa não será moleza.

- Dia de ver Vitinho pelo Inter e Douglas pelo Grêmio na 2ª rodada do Gauchão.

- Dia de ver o Corinthians tentando exorcizar o fantasma do Tolima. O jogo contra o Once Caldas, em Itaquera, começa às 22:00.

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