Bons, sim, mas ainda não candidatos

Um dos grupos sobre o qual mais recai expectativa nesta etapa inicial da Libertadores é o 7. Se Estudiantes e Barcelona de Guayaquil abrem suas participações na semana que vem, ontem foi a vez de Libertad e Atlético Nacional se enfrentarem em uma boa partida em Assunção, um movimentado empate em 2 a 2. Mas, ainda que sejam duas boas equipes, que possam incomodar ali adiante, ainda precisam agregar nível para poderem disputar seriamente o título continental deste ano.

Tentar explicar como funciona o Atlético Nacional de Juan Carlos Osorio é tarefa impossível. Em 2014, vimos bem de perto, o time de Medellín mostrou-se um camaleão: trocava de esquema de jogo a jogo, atletas faziam múltiplas funções dentro de uma mesma partida, alteravam seu posicionamento de acordo com as circunstâncias. Não dá, portanto, para afirmar que o 3-4-3 de ontem será o esquema definitivo. O que se pode dizer, com certeza, é que a equipe só funciona bem assim porque segue organizadíssima e muito obediente taticamente.

A tendência apontaria para um Nacional favorito ao título em 2015, mas o que se viu ontem não anima. A equipe perdeu muita qualidade sem Bernal, Cardona e Cárdenas. Da espinha dorsal do ano passado, permanecem apenas Armani, Murillo, Bocanegra e Mejía. Ainda estão no elenco nomes importantes do sistema ofensivo, como Berrío e Duque. Ontem, porém, o ataque teve os fracos Copete e Zeballos (ex-Botafogo). Sem um criador no meio (jogou com dois alas e dois volantes), o time teve extremas dificuldades de criação a noite toda. Não valorizou a bola como fazia no ano passado, não foi incisivo. Retrocedeu, em suma.

O Libertad mandou no jogo quase que o tempo todo. Saiu perdendo cedo, gol de Zeballos, mas reagiu rápido, virou e poderia ter feito mais gols ainda no primeiro tempo. Começou melhor a etapa final, mas um pênalti bobo do bom lateral Moreira arruinou o que parecia uma vitória certa. O time de Pedro Sarabia mostrou solidez atrás, criatividade no meio e uma boa dupla de frente, com Tréllez e López criando sempre problemas, abastecidos pelo criativo Recalde de enganche. Bicampeão paraguaio, é um time a se ter cuidado nesta Libertadores. Mesmo com um tropeço importante em casa, algo sempre péssimo em grupos parelhos, pode ir longe.

Brochou
A piada é inevitável, mas não dá pra dizer que o Viagra tomado pelos atletas do River Plate tenha sido em vão em Oruro. A equipe de Marcelo Gallardo dominou o fraco San José quase que o tempo todo, jogando com uma imposição incomum para quem sobe 3.700 metros montanha acima. Efeito do remédio? Talvez. Mas também da qualidade do time. Porém, não transformou a superioridade em gols e acabou castigado com dois tentos no fim do jogo do San José, aos 35 e 42 do segundo tempo. Placar que não reflete o que foi a partida, nem o que são times, mas que provavelmente se explica pelos efeitos do ar rarefeito. Quem perde deste jeito, como o Brasil perdeu nas eliminatórias, em 1993, normalmente é por conta disso.

Virada importantíssima
Se o chamado grupo da morte tem San Lorenzo, Corinthians e São Paulo como favoritos, e um deles é que sobrará para as oitavas, é o Tricolor Paulista quem saiu atrás na briga. Ontem, em Montevidéu, os argentinos perdiam para o Danubio até os 40 da etapa final, mas viraram o jogo para 2 a 1 e conseguiram uma importantíssima vitória fora de casa. Deixa o time de Muricy não só na obrigada de ganhar quarta que vem dos uruguaios, mas, também, de vencer o Danubio fora. Ou fazer quatro pontos diante do próprio San Lorenzo.

Comentários