Sempre clássico

Juventus e Inter reviveram hoje um velho chavão de todo clássico que se preze: não importa a distância técnica entre as duas equipes, no clássico as forças sempre se equilibram. A Juve é muito superior, e não é preciso nem olhar para as escalações, mas para a tabela: era o líder do Campeonato Italiano contra o 11º colocado, ambos separados por 18 pontos, e nem metade do certame foi transcorrida. Mas nada disso entra em campo num clássico. Ou melhor: até entra. Mas há tantas coisas que também entram que isso fica em segundo plano.

Tanto a diferença técnica entra que o primeiro tempo foi todo da Juventus. Com menos de um minuto, Marchisio quase pôs o time da casa na frente. Aos quatro, Vidal faz jogada de craque e deixa Tévez livre pra fazer 1 a 0. E a superioridade não se resumia ao placar: a equipe de Turim massacrou nos 45 iniciais. A marcação era exercida sob pressão, de forma furiosa. Marchisio e Vidal faziam o que queriam com o lateral D'Ambrosio. Hernanes e Kovacic mal pegavam na bola, pois o meio-campo era todo de Paul Pogba.

Pirlo era tão senhor das ações que se postava como líbero muitas vezes. Armava o jogo de trás dos zagueiros, com espaço para pensar. Era permitido: Icardi não fazia nem cócegas em Chiellini e Bonucci. A Inter não deu sequer um chute na direção do gol em todo o primeiro tempo. Uma atuação vergonhosa, capitulante, se entregando para um rival nitidamente e infinitamente superior.

Mas a Juventus caiu numa tentação comum, e que às vezes ocorre em clássicos: mesmo ganhando só de 1 a 0, se sente tão melhor que o adversário que relaxa. A equipe de Massimiliano Allegri dificilmente conseguiria imprimir na etapa final o ritmo intenso da inicial, mas o fato é que sentou na vantagem em vez de administrá-la de forma inteligente e segura, com posse de bola. A Inter sentiu que o bicho já não era mais tão feio: Mancini investiu na estreia de Podolski, e o alemão, na ponta esquerda, deu outra vida ao ataque milanês. Icardi e Guarín entraram no jogo, e foram justamente eles que criaram a jogada do primeiro chute a gol do time azul e preto: lançamento primoroso do colombiano, conclusão do argentino por trás da zaga e 1 a 1 no placar.

Um castigo duríssimo, mas que não serviu para acordar a Juventus. Ao contrário: a equipe da casa sentiu o golpe. Criou pouquíssimo, seguiu com volume de jogo baixo e passou errar muito, o que dava à Inter margem para contragolpear. Icardi perdeu três chances claras, sempre tendo em Podolski uma parceria valiosa. O time da casa só chegou duas vezes, em bolas paradas de Pirlo. Era pouco. Tévez sumiu do jogo, Marchisio também. Vidal chegou a ser substituído. Mas uma derrota de virada seria uma injustiça pelo primeiro tempo primoroso que o time mandante fez.

O empate esquenta muito a já fervorosa rodada que teremos domingo. Com a vitória da Roma sobre a Udinese, a distância da Juve para a equipe da capital cai para um pontinho. Os vice-líderes, é verdade, têm uma parada indigesta pela frente: a rival Lazio, no clássico romano. Porém, a Juventus terá vida igualmente complicada, visitando o Napoli, no San Paolo. Uma rodada que promete. Se for que nem o jogo de hoje, será imperdível.

Campeonato Italiano 2014/15 - 17ª rodada
6/janeiro/2015
JUVENTUS 1 x INTERNAZIONALE 1
Local: Juventus Stadium, Turim (ITA)
Árbitro: Luca Banti
Público: não divulgado
Gol: Tévez 4 do 1º; Icardi 18 do 2º
Cartão amarelo: Morata, Bonucci, Icardi, Ranocchia, Juan e Medel
Expulsão: Kovacic 40 do 2º
JUVENTUS: Buffon (6,5), Lichtsteiner (6), Bonucci (6), Chiellini (6,5) e Evra (6,5); Pirlo (6,5), Marchisio (6), Pogba (7) e Vidal (7) (Pereyra, 32 do 2º - 5,5); Llorente (5,5) (Morata, 17 do 2º - 5) e Tévez (6,5). Técnico: Massimiliano Allegri
INTERNAZIONALE: Handanovic (7), Campagnaro (5), Ranocchia (5,5), Juan (5) e D'Ambrosio (4,5); Medel (5,5), Guarín (6,5), Kuzmanovic (4,5) (Podolski, 8 do 2º - 6), Kovacic (4) e Hernanes (4,5) (Osvaldo, 39 do 2º - sem nota); Icardi (6,5) (M'Vila, 44 do 2º - sem nota). Técnico: Roberto Mancini

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