4 a 3

Quando Messi conquistou o título de melhor jogador do mundo pela quarta vez seguida em 2012, muitos já se apressaram em dizer que ele era incomparavelmente melhor que Cristiano Ronaldo, o qual simplesmente não conseguia batê-lo pelo Real Madrid. A diferença entre ambos, porém, nunca foi tão significativa, e a cada dia se vê isso. Na conta de troféus de melhor do planeta, a distância encurta para apenas 4 a 3 para o argentino. Sendo que o português, pela temporada que faz no Real Madrid, já larga como favorito para empatar esse jogo particular de ambos no ano que vem.

Cristiano Ronaldo não conseguiu fazer uma grande Copa do Mundo por dois motivos: chegou lesionado (jogou a final da Liga dos Campeões assim, por sinal) e Portugal não esteve à sua altura, não tinha sequer um parceiro que pudesse lhe ajudar a desempenhar um grande futebol. Mesmo assim, com uma Copa discreta, mereceu o título de melhor do planeta com sobras. Primeiro, porque foi, de fato, o melhor jogador do mundo em 2014; segundo, porque foi o condutor do Real Madrid em seu título europeu, algo que há 12 anos era perseguido.

Todas as grandes atuações do português na décima conquista madrilenha vieram em 2014: o massacre de Gelsenkirchen, contra o Schalke 04; os 3 a 0 sobre o Borussia Dortmund, nas quartas de final; os impressionantes 4 a 0 em Munique contra o Bayern. Isso sem falar na vitória sobre o Barcelona, na Copa do Rei, ou em cada rodada do Campeonato Espanhol. No certame 2014/15, que ainda nem passou de sua metade, fez 25 gols em 16 jogos, todos disputados no ano passado. Uma média absurda.

Messi foi indicado por ser Messi. Não ganhou nada pelo Barcelona. O comparativo com ele mesmo, é verdade, não vale: mesmo longe do velho Messi, os números seguem impressionantes. A Copa que fez pela Argentina foi boa, e talvez aí esteja mais um motivo de sua indicação: como o craque da Copa (ao menos de acordo com a FIFA) estaria de fora da briga? Seja como for, pela sétima vez seguida, um dos dois gênios é eleito o melhor do mundo. Raramente se viu algo tão polarizado na história do futebol. São dois craques históricos que temos o privilégio de assistir neste começo de século.

Talvez o injustiçado da noite tenha sido Robben: pela Copa que fez, e pelo que faz no Bayern há anos, merecia ao menos a indicação. Foi o segundo melhor do mundo em 2014. A indicação de Neuer foi apenas simbólica, afinal, era preciso ter alguém da seleção alemã, campeã mundial, na disputa. Porém, será que ele foi mesmo o melhor jogador da Alemanha na Copa? Kroos, Schweinsteiger, Müller, Hummels, Boateng e Khedira jogaram tanto quanto o goleirão. O craque da Alemanha, velho chavão, é o conjunto. Esse sim, superou até Cristiano Ronaldo.

Em tempo:
- A escolha de David Luiz e Thiago Silva para a seleção do ano é bizarra. Ambos compuseram a defesa mais vazada de toda a Copa do Mundo, e a pior do Brasil na história do torneio. Hummels e Sérgio Ramos foram os dois melhores zagueiros do planeta em 2014, fácil.

- Joachim Löw é o técnico do ano. Difícil contestar, pela Copa que fez a Alemanha. É preciso lembrar, porém, que ele quase arruinou o tetracampeonato ao insistir numa formação esdrúxula, sem laterais, e com quatro zagueiros na defesa. Quase perdeu para a Argélia nas oitavas de final. Löw já fez trabalhos melhores e mais regulares pela seleção - em 2010, principalmente. Talvez Ancelotti e Simeone, seus concorrentes pelo troféu, tenham sido os melhores técnicos do ano de fato.

Notas do fim de semana
O pouco que vi deste final de semana foi parte do segundo tempo da vitória do Southampton para cima do Manchester United, por 1 a 0. Um resultado que não chegava há 27 anos, e confirma o crescimento da equipe visitante no cenário inglês. Este ano, sem boa parte do time forte formado na temporada passada, o Southampton segue fazendo boa campanha. É o 3º, com 39 pontos: ultrapassou o próprio Manchester e segue três pontos à frente do Arsenal, firme na luta por uma vaga na Liga dos Campeões do ano que vem.

O destaque, porém, foi para o Campeonato Italiano. Totti foi o herói do empate da Roma no clássico contra a Lazio, mas quem se deu bem com isso tudo foi a Juventus. Depois do 1 a 1 em casa com a Inter, temia-se que o time de Turim poderia perder a liderança neste final de semana. Mas não: aproveitou a bobeada da Roma, bateu o Napoli por 3 a 1 com autoridade fora de casa e volta a ter três pontos de vantagem. A briga, porém, deve ir até o fim.

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