Festa, jogaço e indefinição

Não há nada definido, mas o fato é que o River Plate deu um passo importante para buscar o sonhado título da Copa Sul-Americana. Arrancar um empate em Medellín é sempre um ótimo negócio: primeiro pelo ótimo Atlético Nacional, que continua sendo uma equipe envolvente, propositiva e extremamente organizada, a ponto de mudar de esquema várias vezes ao longo do jogo sem com isso perder a intensidade; segundo, pelo caldeirão que enfrentou no Atanásio Girardot, a começar pelo recebimento das equipes, sem falar no barulho constante que se ouviu a noite toda.

Quando saíram as escalações, o temor dos torcedores argentinos era o de que, neste ambiente desfavorável, o jovem Mammana, 18 anos, escalado de última hora na lateral direita, sentisse a pressão. Como o Atlético Nacional joga normalmente com pontas, ele seria muito exigido o tempo todo. Mas o menino deu conta do recado: o grande problema esteve do outro lado, com o experiente Vangioni, nove anos mais velho. Bem no apoio, o lateral esquerdo sofreu demais atrás. Ou melhor, Pezzella e Funes Mori, os zagueiros, é que sofreram. Com as triangulações de Cardona, Bernal e Berrío por aquele lado, os colombianos exploraram as costas de Vangioni durante todo o primeiro tempo. Inclusive o gol saiu por ali, numa ótima escapada de Berrío.

Mammana, do outro lado, tinha poucos problemas, já que Díaz sobe menos que Bernal e Copete é tecnicamente limitado. O próprio Cardona caía menos por aquele lado, vendo que por ali saía menos jogo. O que a turma de Juan Carlos Osorio não contava era com a lesão de Bernal, homem responsável por adiantar a marcação, encaixar Vangioni e servir Berrío o tempo todo. Entrou em seu lugar Guerra, de características bem diferentes. As consequências da mudança forçada se veriam com mais força no segundo tempo.

Marcelo Gallardo adiantou a equipe do River, especialmente os volantes Sánchez e Rojas, que passaram a se aproximar de Pisculichi. Vangioni, mais contido, já não vazava, especialmente porque Bernal não estava mais caindo por seu lado. Os argentinos cresceram. Em oito minutos, foram três chances criadas, contra apenas uma em todo o primeiro tempo. Ainda assim, a boa marcação colombiana só permitia arremates de longe. Quando Gallardo colocava Solari no lugar de Mammana, para dar mais ofensividade à equipe, Pisculichi arrancou o empate justamente da única forma permitida pelo time da casa: foi um chute maroto, que quicou na pequena área e enganou o bom goleiro Armani, que falhou.

Para chegar ao 2 a 1, Osorio tentou devolver ao Nacional a qualidade de criação que o time perdeu com a saída de Bernal. A ideia foi correta: colocar meias em campo. Pérez entrou como ala, Guisao se aproximou de Cardona, mas faltou Cárdenas, referência criativa da equipe durante a Libertadores. Além de insinuante, o cabeludo tem no chute de longe uma de suas armas. Contra um River cada vez mais fechado (Gallardo colocou o volante Kranevitter para a saída de Pisculichi), batidas de longe poderiam definir a parada. Isso sem falar que Guisao entrou para a saída de Berrío, que era a principal saída ofensiva da equipe colombiana. Pensou bem e mexeu mal o ótimo técnico do time da casa.

O 1 a 1 é muito bom para o River Plate, que decidirá a vida em Núñez sem precisar reverter desvantagem. No entanto, nada está definido. Primeiro, porque não há saldo qualificado: o 0 a 0 leva a decisão para a prorrogação, não dá título direto aos argentinos. Segundo, porque são equipes que se equiparam tecnicamente. O Atlético Nacional é um conjunto tão consolidado que atua dentro e fora de casa da mesma forma, e obtém resultados semelhantes em Medellín ou longe de seus domínios. O Newell's Old Boys, batido facilmente em Rosário pela Libertadores deste ano, que o diga.

A festa
O Atanásio Girardot tem só lugares sentados, mas a festa na Colômbia é permitida. Por que é tão difícil assim permitir algo sensacional como isto no Brasil? Arenas não são desculpa para tanta frescura, ao contrário: se são tão mais seguras e confortáveis, deveriam servir para que espetáculos como esse se repetissem semanalmente, sem os problemas e limitações das canchas antigas. Medellín deu ontem um exemplo de como equilibrar esta conta.



Um bom começo
O Flamengo deu férias aos titulares, mas o Grêmio não tem nada com isso. Se a ideia é começar 2015 desde já, o melhor que o Tricolor tem a fazer é o que Felipão indicou no treino de ontem: testar dois ou três jovens em meio a oito ou nove titulares. Escalar um time só de meninos em nada ajuda: além de dificultar a obtenção de um bom resultado, o qual pode facilitar o calendário do ano que vem, não ajudará a ambientar esses jovens no time principal. Erik precisa jogar com Barcos, Matheus Biteco precisa atuar com Ramiro, e por aí vai. Fora que atuarão nas vagas de Dudu e Fellipe Bastos, que possivelmente não ficarão para o ano que vem. Tudo bem coerente.

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