Dezembro, para que te quero?

A derrota do Corinthians para o Fluminense não surtiu qualquer efeito positivo no elenco do Grêmio. Rui Costa já dava entrevistas pela manhã admitindo que a Libertadores era praticamente inalcançável, antecipando um pouco do ânimo do grupo antes do jogo contra o Bahia. Nem a goleada sofrida pelo Timão no Maracanã deu gás ao time de Luiz Felipe, que entrou em campo apático, visivelmente em rotação mais baixa. Mesmo que o Bahia seja muito inferior, estava jogando por um prato de comida. A derrota era uma consequência natural.

Sem querer saber se estava diante de um adversário mais forte ou não, o Bahia fez aquilo que devia. Não havia escolha: era preciso vencer o Grêmio. O time de Charles sufocou os gaúchos até abrir o placar aos 31, pouco depois de Geromel ser expulso. Ali, a situação gremista era muito complicada. Mas poderia ter sido pior: não fosse Marcelo Grohe, o time da casa poderia ter ido para o intervalo, talvez, com 4 a 0 no placar. Felipão, ainda por cima, se equivocou ao tirar Luan. Mesmo com um a menos, precisava da vitória, e retirou de campo um atleta criativo e capaz de decidir individualmente. Walace, que errou praticamente tudo no primeiro tempo, era uma opção mais correta para deixar o gramado.

Ainda assim, não era tarde para agredir os donos da casa. Com Éverton no lugar de Fellipe Bastos, o panorama do segundo tempo foi outro. O menino entrou bem, mas a pressão só se deu porque o Bahia, compreensivelmente, se fechou. As arrancadas envolventes de Barbio, Henrique e Rômulo deram lugar a chutões e trapalhadas de Lucas Fonseca e Rafael Miranda. Barcos levava a melhor quase sempre no corpo, e Erik, que também entrou bem, deu outra opção de velocidade que melhorou o time. 

O que faltou para o empate foi qualidade para criar e definir as jogadas. Se Giuliano está descontado, Felipão não poderia ter deixado Alán Ruiz em Porto Alegre. Com ele, o Grêmio teria mais qualidade técnica na criação e um chute poderoso de fora da área. Neste domingo, o time repetiu seus piores dias neste Brasileiro: pouco poder de fogo e zero de criatividade. Dependia de jogadas individuais de meninos, que até foram bem, mas não tinham com quem jogar. Mesmo contra um Bahia ruim e desesperado, é muito pouco.

O Grêmio já entrou em campo eliminado, não pela matemática, mas pela postura. Um time que se desmanchou após aquela virada para o Cruzeiro, que foi o verdadeiro ponto de virada no que era um grande momento, especialmente após a goleada no Gre-Nal, de não mais que 20 dias atrás. O 1º de dezembro do Tricolor é como o 1º de janeiro de todos os demais: o dia em que 2015 começa. Existe uma base bem razoável, muitos meninos surgindo, mas as perspectivas de investimento se reduzem sem a Libertadores, o que deve significar algumas saídas importantes. Dias difíceis, com jeitão de fim de festa, vêm por aí.

A rodada dos sonhos
Além de se classificar para a Libertadores ao ganhar do Palmeiras, o Internacional foi beneficiado pela goleada de 5 a 2 sofrida pelo Corinthians para o Fluminense. Com os mesmos 66 pontos do Timão, o Colorado supera os paulistas no número de vitórias, subindo para o 3º lugar, que garante vaga direta na fase de grupos. Porém, como o time de Mano Menezes deverá vencer o rebaixado Criciúma em casa, será preciso ganhar do Figueirense em Chapecó para escapar da pré-Libertadores.

As últimas brigas
Campeão definido, G-4 definido. Além da briga pela vaga direta à fase de grupos da Libertadores entre Internacional e Corinthians, só a briga contra o rebaixamento dá algum interesse à última rodada do Campeonato Brasileiro. O Bahia segue precisando de um milagre: ganhar do Coritiba fora de casa, ver o Vitória não ganhar do Santos e o Palmeiras perder para o Atlético Paranaense, em casa. É praticamente impossível. 

Ponto final
Todo mundo sabia que o Botafogo mais sucateado de todos os tempos teria este fim. O rebaixamento lança o time carioca num desafio imenso: voltar da segunda divisão completamente quebrado, mais que o Vasco deste ano, inclusive. Será a campanha de maior dramaticidade de um grande na Série B desde o Grêmio de 2005, que caiu de um modo muito semelhante, iniciando o ano da Batalha dos Aflitos com apenas seis jogadores no elenco profissional. O drama não acabou ontem: ele está só começando.

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