Oh, Minas Gerais

Neste domingo, o Brasil escolherá seu próximo presidente para os próximos quatro anos. Tanto Dilma Rousseff quanto Aécio Neves são mineiros - ela é colorada e atleticana, ele é cruzeirense, justamente os três primeiros colocados do atual Brasileirão. Se na política Minas está em evidência nas últimas semanas, no futebol este predomínio é mais antigo. Data de 2013, quando o Galo ganhou a América e a Raposa o Brasil. E, neste sábado, tivemos mais uma evidência deste país que anda tão mineiro ultimamente.

O Cruzeiro foi o campeoníssimo dos últimos três turnos de Brasileirão. O Atlético-MG lidera o atual e venceu o primeiro de 2012 - ou seja, nos últimos seis turnos do campeonato, quatro tiveram um dos dois como líder e um quinto está se encaminhando para um destino semelhante. E mais: ontem, com a vitória do Galo sobre o Sport, os dois primeiros colocados da competição são justamente os dois representantes de Belo Horizonte. Isso sem falar que ambos estão nas semifinais da Copa do Brasil e podem, inclusive, decidir a competição - são os favoritos em seus respectivos confrontos de semifinais, diga-se.

Claro, o São Paulo (4º, 53) tem tudo para ao menos empatar com o Goiás (9º, 41) amanhã no Morumbi e ultrapassar o Galo. Mas isso não anula o fato de que o melhor futebol do Brasil é jogado em terra mineiras, há pelo menos dois anos e meio. Nada mau para um estado que rebaixou um time em 2011 e viu os outros dois correrem risco de queda quase até o final daquele mesmo campeonato. E nada mais simbólico - e por isso fizemos questão de registrar esse fato hoje - do que dois mineiros liderarem o principal campeonato esportivo do país justamente no dia em que o Brasil decidirá qual, entre dois mineiros, presidirá a República até o fim de 2018.

Florianópolis: com 18 pontos em 12 jogos, o Cruzeiro (1º, 61) faz um returno apenas razoável, o que já deve ser suficiente para lhe dar o bicampeonato. No Orlando Scarpelli (8 mil), a equipe ia obtendo uma vitória sobre o Figueirense (13º, 36), mas cedeu o 1 a 1 no finzinho. A distância para o São Paulo pode cair para cinco pontos amanhã. O Figueira, a três do Z-4, segue ameaçado.

Belo Horizonte: mesmo desfalcado, o Atlético-MG (2º, 54) segue jogando no limite. Sem priorizar Copa do Brasil ou Brasileiro, bateu o Sport (12º, 37) por 3 a 2, de virada, mesmo perdendo Victor expulso. Não deve dar tempo de chegar no rival Cruzeiro, mas a vaga para a Libertadores é uma realidade muito próxima. Ao Leão, o risco de rebaixamento é cada vez mais real - a distância para o Z-4 já é de apenas quatro pontinhos. 13 mil no Independência.

Rio de Janeiro: depois de bater o Santos no meio de semana, o Fluminense (6º, 51) voltou definitivamente para a briga da Libertadores. Saiu à frente do Atlético-PR (10º, 40) e recuou demais, mesmo jogando no Maracanã (23 mil). Sofreu um merecido empate já nos acréscimos, mas contou com uma bobeada da defesa atleticana que permitiu a Fred fazer o gol da vitória. Havia seis jogadores paranaenses dentro da área contra somente o artilheiro do Flu, e mesmo assim o gol saiu. Difícil dizer que foi injusto.

São Paulo: o Palmeiras (14º, 36) merecia sorte melhor no provável último clássico do Pacaembu (26 mil) em um bom tempo. Diante de todas as suas limitações, equilibrou as forças com um Corinthians (5º, 53) nitidamente mais técnico, mas que perde muito, talvez 40% de suas forças, sem o peruano Guerrero. Fez 1 a 0, segurou o resultado até o fim na base da raça, mas tomou um gol de Danilo em bola desviada. Resultado ruim para os dois, pois tira o Timão do G-4 e recoloca o Palmeiras ao alcance de quem está na zona de rebaixamento.

Porto Alegre: é cedo para dizer que o Internacional (3º, 53) passará a viver um novo momento no Brasileiro, mas a vitória contra o Bahia (19º, 31) foi extremamente segura. O time de Abel fez 2 a 0 no primeiro tempo e poderia ter ido para o intervalo com diferença maior, tal a superioridade, criada à base de uma marcação adiantada e muito agressiva. No segundo, o time gaúcho apenas administrou o resultado, sem sobressaltos. Foram 15 mil ao Beira-Rio neste agradável sábado à noite.

Chapecó: com time misto, já deixando o Brasileirão de lado em favor da Copa do Brasil, o Santos (8º, 46) estava bem perto de conquistar um resultado que poucos obtiveram - uma vitória na Arena Condá (10 mil). Porém, a luta da ameaçada Chapecoense (15º, 36) foi recompensada já nos acréscimos. O time catarinense volta a ficar a três pontinhos apenas da zona de degola.

Manaus: dos 42.391 torcedores que foram à Arena Amazônia, cerca de 40 mil eram flamenguistas. Quem fez a festa, porém, foram os torcedores do Botafogo (17º, 33), que viram seu time se desdobrar para derrotar o Flamengo (11º, 40) por 2 a 1. É a segunda vitória do Fogão em Manaus, a segunda com minoria de torcida, mesmo com o time sendo mandante. Destaque no Fla para Anderson Pico, de ótima atuação, tão boa que até escondeu o tradicional sobrepeso.

Salvador: no jogo mais dramático da rodada, o Vitória (16º, 34) conseguiu deixar a zona de rebaixamento ao bater o Criciúma (20º, 30) por 3 a 1 no Barradão (9 mil). Situação dramática para o Tigre, que já não sairá do Z-4 na próxima rodada, quaisquer que sejam os resultados.

Em tempo:
- O Carta na Mesa da última quinta está disponível para download. Próxima edição será nesta segunda, ao vivo, às 10h (e reprise às 13h), pela Rádio Estação Web.

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