Por um novo Mineirão

44 dias depois, Luiz Felipe volta ao Mineirão sem a pressão de ter que disputar uma semifinal de Copa do Mundo com a Seleção Brasileira. Na verdade, a situação é diametralmente oposta: seu Grêmio é o franco-atirador diante do absoluto favoritismo do Cruzeiro. Uma postura que o Brasil deveria ter assumido, mas não pôde, por todas as circunstâncias, diante da Alemanha.

A vida deu a Felipão a chance de uma revanche mais cedo do que se pensava. A magnitude, evidentemente, não chega nem próxima de uma semifinal de Copa do Mundo, e nenhum resultado hoje servirá para minimizar os 7 a 1. Mas é possível corrigir o que deu errado naquele fatídico 8 de julho: escalar um time humilde, fechado, ciente de suas limitações, e que jogará no erro do adversário, em vez de tentar propor jogo quando isso não é o mais recomendável. O Grêmio provavelmente será montado hoje do jeito que o Brasil deveria ter sido escalado diante dos alemães: cauteloso, com meio-campo recheado e robusto, reconhecendo humildemente sua condição de não-favorito. Sem arroubos de grandeza quando a situação não permite.

O esquema, parece, está definido, e será este daqui para frente. O Tricolor volta aos três volantes, e jogará com a mesma equipe que bateu o Criciúma, à exceção de Pará no lugar de Matías Rodríguez. A ideia de marcar adiantado cresce com este esquema, que torna o time mais agressivo e combativo, pois os volantes sabem jogar. A opção por Lucas Coelho no ataque é inteligente, pois mantém Barcos de fora enquanto ele não reúne suas melhores condições e deixa na equipe um menino que vem rendendo bem, dando-lhe a sequência que há tempos muitos pedem.

Ganhar do Cruzeiro é quase tão improvável quanto era o Brasil ganhar da Alemanha. As camisas pesam da mesma forma, como na Copa, mas a diferença técnica entre mineiros e gaúchos é menor que era a que havia entre brasileiros e alemães. Ainda assim, qualquer ponto hoje é o mais absoluto lucro para o Grêmio. No Mineirão, o Cruzeiro ganhou 14 jogos, empatou quatro e não perdeu nenhum neste ano. Não é impossível, mas apenas muito improvável. Tão improvável quanto levar 7 a 1 numa semifinal de Copa em casa.

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