Copa 2014: Inglaterra

Que a Inglaterra tem grandes jogadores, ninguém duvida. Desde a explosão da geração Owen-Beckham, na virada do século XX para o XXI, passando pela equipe de Gerrard-Lampard-Rooney em meados da década passada, é assim. A grande dúvida é se a seleção inglesa dará liga. Nas últimas Copas, a Inglaterra sempre chega com pose de favorita, mas para antes do previsto.

Desta vez, há novamente alguns veteranos mesclados a jovens valores. Rooney e Gerrard seguem firmes, agora acompanhados de nomes como Sturridge, Welbeck e Sterling. A fórmula, portanto, é a mesma. Desta vez, porém, o time empolga menos. Nas eliminatórias veio uma classificação sem sustos, mas também sem grandes atuações. Em 2002, por exemplo, a equipe chegou credenciada após uma histórica goleada de 5 a 1 sobre a Alemanha em Munique. Agora, o English Team vem de derrotas em amistosos recentes, contra a própria Alemanha e o Chile, ambos em Wembley. A desconfiança é enorme.

Para piorar as coisas, o sorteio não ajudou. Os ingleses entraram no grupo mais difícil do Mundial. Além da Itália, sua algoz na última Euro, terá pela frente o Uruguai, que hoje tem mais time do que a Inglaterra. Talvez o fato de não ser uma favorita destacada a passar de fase ajude. Em 2002, num grupo igualmente equilibrado, com Argentina, Suécia e Nigéria, a Inglaterra eliminou os favoritos argentinos. Para uma seleção eternamente pressionada a ir longe e provar que o título em casa não ocorreu só porque foi em casa, talvez seja um bom alento.

O CAMINHO
Tudo o que a Inglaterra menos queria era jogar em Manaus. Pois justamente sua estreia será lá, e contra a tetracampeã Itália. Depois disso, mais pedreira: o Uruguai, em São Paulo. Sobrevivendo a estes dois confrontos, o time inglês chega à última rodada diante da Costa Rica podendo vencer para se classificar. Ao contrário dos últimos Mundiais, as pedreiras para a Inglaterra virão logo de cara. Se passar nesta chave tão difícil, as oitavas, contra Colômbia, Grécia, Costa do Marfim ou Japão, podem ser um pouco (um pouco, frisemos) mais amenas.

DESTAQUE
Wayne Rooney pode não viver sua melhor fase, mas ainda é a grande esperança de gols da Inglaterra. Sua temporada foi bem menos ruim que a do seu Manchester United: 26 gols em 44 jogos, média bem razoável. Aos 28 anos, chega numa idade excelente e sem a pressão de 2010 para o Mundial do Brasil. Além disso, terá o ótimo Sturridge a seu lado no ataque. Sem dúvida, a dupla de frente é o ponto forte da Inglaterra para esta Copa. Abastecidos pelo sempre genial Gerrard, ou por outros nomes como Milner e Sterling, podem fazer muito estrago.

PONTOS FORTES
A Inglaterra realiza uma ótima mescla de juventude com experiência. O técnico Roy Hodgson não conseguiu formar um timaço para esta Copa como alguns de seus antecessores, mas a equipe tem base consistente. Há bons nomes em todos os setores, e a dupla de ataque marcou, junta, mais de 50 gols na temporada 2013/14.

PONTOS FRACOS
A Inglaterra já não tem o brilho técnico de outros tempos. Gerrard ainda mantém um nível altíssimo, mas Lampard já vive o ocaso da carreira. Outro problema de Hodgson é não ter dado consistência defensiva à equipe. É estranho falar isso de uma seleção que sofreu só quatro gols em 10 jogos nas eliminatórias, mas os amistosos nos últimos 18 meses foram desastrosos neste sentido. Contra equipes mais fortes, a Inglaterra sempre tomou gols, e muitas vezes no plural: foram quatro da Suécia, um e dois do Brasil (em dois jogos), dois do Chile, um da Alemanha. Até seleções menores, como a Irlanda, vazaram a meta de Hart.

A HISTÓRIA
Esta será a 14ª Copa da seleção inglesa. A equipe chegou a apenas duas semifinais: em 1966, quando foi campeã em casa, e em 1990, quando foi 4ª colocada. Mesmo com a eterna aura de favorita, a Inglaterra se dará por satisfeita caso chegue à sua terceira semifinal em 2014. As quartas são a grande pedra no caminho britânico: a equipe foi eliminada nesta fase em nada menos que seis Mundiais (1954, 1962, 1970, 1986, 2002 e 2006). Uma eliminação na 1ª fase não seria inédita: já ocorreu em 1950 e 1958. Dado o grupo complicado, pode se repetir sem que seja exatamente um fiasco.

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