Uma lesão, novos caminhos

Em manifestações a programas esportivos de rádio, alguns torcedores gremistas incrivelmente comemoraram a lesão de Zé Roberto, que o tira de combate por um mês - ou seja, de todo o Gauchão e da primeira fase da Libertadores. O motivo é simples: abre-se um espaço no time para Dudu, o justificadíssimo xodó dos tricolores neste começo de ano. Trata-se de um grande erro: Zé é um jogador de qualidade, e mesmo que não venha tendo o mesmo brilho de 2012 e parte de 2013, é experiente, argumento importante em uma Libertadores.

Comemorar lesão de jogador deste nível é um absurdo, mas também não se pode ir ao outro extremo de achar que a caminhada gremista na Libertadores ficará comprometida sem Zé Roberto. O Grêmio tem opções de qualidade para substituí-lo, e embora Dudu esteja realmente mudando a cara dos jogos quando entra, não deverá ser ele o substituto de Zé. Essa tarefa cabe melhor ao argentino Alán Ruiz. Assim, Enderson Moreira conseguirá manter a formação tática no 4-3-1-2, que tem dado certo. É preciso ao menos um jogador de meio com capacidade de criar. Ramiro e Riveros são meias com a bola, mas por sua capacidade de entrar na área e surpreender, não de criação - embora Zé Roberto não seja exatamente um criador.

Mas e Dudu? Segue como opção de segundo tempo ou para jogos específicos, e isso não lhe é nenhum demérito nem diminui seu papel importantíssimo no elenco. Com Dudu, Barcos e Luan, o Grêmio voltaria ao 4-3-3 do ano passado, de três volantes e três atacantes. A formação tem funcionado contra adversários fracos ou em segundos tempos, quando o time tem necessidade de pressionar. Mas para começar jogo este sistema brecaria a subida de Ramiro e Riveros e tiraria do time a capacidade de cadenciar e pensar o jogo um pouco mais. Para começar uma partida, especialmente como a de Rosário, o Grêmio precisa deste equilíbrio entre cadência e velocidade.

A grande perda que Zé Roberto acarreta com sua ausência é principalmente o fato de diminuir as opções de banco para o andamento da partida. Enderson costumava colocar Dudu e Alán Ruiz na etapa final, o primeiro para acelerar e agredir, o segundo para cadenciar, criar e chutar de longe. Agora, necessariamente terá de usar um deles no próprio time. Maxi Rodríguez poderá entrar mais vezes. Quem sabe não recupera parte do espaço que perdeu com as anêmicas atuações de começo de ano?

Esboço das oitavas
Metade da fase de grupos já foi finalizada na Libertadores. Todos jogaram três partidas. Algumas coisas devem mudar, claro: o Grêmio, por exemplo, tende a cair da liderança por ter duas partidas complicadíssimas fora de casa. A tendência é que mais uma vez o Atlético Mineiro seja o líder geral, o que não surpreende: pegou uma chave sabidamente fraca e tem dois jogos por fazer em Belo Horizonte. A ausência de San Lorenzo e Cruzeiro entre os classificados também tem chances de ser revista no returno, e a classificação do Flamengo está a perigo. Mas, por enquanto, os jogos seriam os que estão abaixo. Vejam a vantagem da boa campanha ser recompensada - Grêmio e Santos Laguna enfrentariam dois dos times mais fracos dentre os atuais classificados.

Grêmio x Nacional-PAR
Botafogo x Arsenal Sarandí

Defensor x Newell's Old Boys
The Strongest x O'Higgins

Santos Laguna x Independiente del Valle
Emelec x Vélez Sarsfield

Atlético Mineiro x Flamengo
Deportivo Cali x Universidad de Chile

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