Virada no ciclo



Ainda é muito cedo para dizer que o Santos será o grande time paulista, e talvez até o grande brasileiro, de 2014. Oswaldo de Oliveira recém assumiu as rédeas da equipe, alguns reforços ainda nem estrearam. Mas as perspectivas são mais que animadoras. O Peixe já terminou 2013 como o melhor time do seu estado, fazendo uma reta final de Brasileirão fulminante, cheia de grandes vitórias, que só não lhe deram uma vaga na Libertadores porque faltou tempo. E mesmo sem todos os reforços que prometia ao fim do ano passado, começa a temporada de forma arrasadora, como a histórica goleada de 5 a 1 sobre o Corinthians deixa claro.

O primeiro tempo foi até equilibrado, mas terminou com vantagem santista porque o time da Vila entrou muito mais ligado. Em 20 minutos, já fazia 2 a 0, colocando o Corinthians na roda. Destaque absoluto para Arouca: depois de três anos preso lá atrás para que Neymar e companhia brilhassem, o volante, num time mais equilibrado, pôde mostrar uma de suas melhores qualidades, que é se soltar de trás e apoiar o ataque como elemento surpresa. Ontem, fez o primeiro e participou de outros três gols. Errou apenas um dos 35 passes que deu e esteve entre os campeões de desarmes, lançamentos e dribles no scout do clássico. Disparado o melhor em campo.

No dia em que perdeu Montillo para o futebol chinês, o Santos provou que pode se virar bem sem o argentino. Tudo porque tem Cícero, o melhor jogador de um time paulista no Brasileirão 2013. Com suas habituais passadas largas e qualidade técnica, o meia comandou a goleada. Já se entende muito bem com Thiago Ribeiro, outro demônio, autor de dois gols. Mena e Geuvânio, dois laterais menos cotados, subiram muito bem ao ataque, explorando a fragilidade corintiana. Com Leandro Damião em forma, o Peixe tem tudo para formar um dos sistemas ofensivos mais poderosos do país, se é que já não o tem.

E o Corinthians? Manteve a base do fracassado 2013, não contratou quase ninguém nem se livrou de antigos problemas, todos graves erros. E o pior: no clássico de ontem, a única qualidade da equipe do ano passado não foi vista em momento algum - a solidez defensiva. O Timão foi colocado na roda na metade do primeiro tempo, reagiu e poderia até ter empatado antes do intervalo, mas levou 3 a 1 na largada da etapa final e se desesperou, gerando latifúndios para o Santos contragolpear e construir a goleada. Pato, muito vaiado pelos corintianos antes mesmo de entrar em campo, não tem mais clima algum para continuar. Há nomes de grande qualidade no time e até no banco, mas quase nada de novidade. O cenário é preocupante.

Ainda assim, Mano Menezes não é o tipo de técnico que chega e já dá resultados. Seus trabalhos costumam se consolidar no médio prazo. Talvez o Corinthians do Brasileirão, lá por abril, já seja uma equipe confiável novamente. Até lá, o homem de Passo do Sobrado terá muito trabalho - e pouca paciência da torcida - pela frente.

Vida dura
Pouco reforçado, o Botafogo não é exatamente um dos favoritos à conquista da Libertadores. O primeiro páreo já é duro. Na altitude, o Fogão fez um jogo parelho com o Deportivo Quito, mas perdeu, e sem marcar gol. Precisará fazer 2 a 0 no Maracanã, uma tarefa possível, mas nada fácil. O time equatoriano, que vive uma grave crise financeira, está bem reformulado em relação a 2013, se enfraqueceu de lá para cá, mas marcar um golzinho no Rio praticamente lhe dá a vaga. As chances beiram os 50% para cada lado. Decisão já no começo do ano.

O golzinho fora
O Atlético Paranaense, por sua vez, fez o golzinho fora, que faz toda a diferença. A desvantagem em relação ao Botafogo é que o Sporting Cristal é melhor que o Deportivo Quito. Ou seja: o jogo em Curitiba promete ser mais difícil. Ainda assim, a vaga é bem possível.

Ainda 100%
O Internacional mereceu a vitória, pois jogou muito mais que o São Paulo-RS. Fiquei decepcionado com o time de Rio Grande, que foi completamente dominado nos primeiros 60 minutos e só acordou ao levar o segundo gol. Jefferson Chumbinho deu outra cara à equipe da zona sul do estado. No Inter, a ótima notícia são os laterais: Cláudio Winck fez mais um golaço, desta vez de falta, e Raphinha mostrou qualidade no cruzamento que Fabrício até hoje nunca conseguiu. Na base, Abelão quem sabe começa a tirar algumas soluções - o mesmo vale para Eduardo Sasha, autor do segundo gol. Otávio e Alan Patrick também foram destaques.

O empate achado
O Grêmio não merecia ter saído de Pelotas sequer com uma derrota por um gol de diferença. Foi completamente dominado pelo Brasil, o tempo todo. O time de Pelotas, porém, pagou por sua ineficiência. Alex Amado e Gustavo Papa fizeram ótimas partidas, mas perderam gols demais. O Tricolor, por sua vez, na chegada que teve marcou, em gol que mostrou grande qualidade de Luan na conclusão. Ainda assim, a equipe de Mabília mostrou mais sorte que juízo, ao escapar de derrota no último minuto, em pênalti mal batido por Rafael Forster, que cobrou um verdadeiro tiro de meta e de certo mandou a bola para fora do Bento Freitas. Resultado enganoso, mas pontinho valioso. Agora, é tudo com os titulares.

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