Por um Grêmio mais veloz em 2014

A saída de Eduardo Vargas do Grêmio se dá por vários motivos. O primeiro deles é de caixa: o chileno ganha um bom salário, e 2014 é ano de reduzir custos. Também existe o fato de ele ser frequentemente convocado para a seleção nacional, o que o retira de combates importantes do Tricolor na temporada, dado o esquizofrênico calendário brasileiro, que marca jogos de clubes em Datas FIFA. Por fim, cabe lembrar que o desempenho dele em 2013 foi bom, mas abaixo do que se esperava por sua categoria. Logo, não vinha valendo à pena mantê-lo, numa relação custo-benefício.

Porém, existe um problema na saída de Vargas que o Grêmio até agora não sinalizou como resolver: a reposição de sua peça. Não estamos falando de um nome com sua qualidade técnica, mas de sua característica em campo. Vargas é o jogador do drible, da vitória pessoal e, especialmente, da velocidade. Subirão a Serra na próxima quarta-feira quatro atacantes: Kleber, Barcos, Lucas Coelho e Yuri Mamute. Todos pesados, lentos, paquidérmicos em termos de movimentação. Falta gás para esse ataque. 

Quem ocupará esta posição? A resposta é óbvia, mas parece não ser muito cogitada dentro da Arena: Leandro. Seu empréstimo junto ao Palmeiras venceu. Não existe o plano de reintegrar jogadores que foram emprestados, e na grande maioria deles o Grêmio faz bem mesmo em repassar de novo. Léo Gago, Júnior Viçosa e Marco Antônio pouco agregariam ao time. Mas Leandro é diferente: jovem, de 20 para 21 anos, teve um belo ano no Verdão. Embora com altos e baixos entre 2011 e 2012, provou ser um jogador com talento, com certa qualidade. Faz gols com regularidade, está amadurecido pelo tempo que ficou fora e, principalmente: tem velocidade.

Em termos técnicos, velocidade é tudo o que falta ao time do Grêmio, que começa 2014 parecidíssimo com 2013, ao menos em relação ao elenco. Kleber e Barcos fizeram menos gols do que deveriam? Claro que sim, mas não foi só por culpa deles que isto ocorreu. Com três volantes (e às vezes três zagueiros), o Grêmio foi um time forte, robusto e sólido na campanha do vice-campeonato nacional, mas também foi engessado, previsível e lento. Zé Roberto dava melhor fluidez ao meio em 2012, mas foi sacado por Renato na maior parte do Brasileirão, e esta é a maior razão para que isso tenha sido um erro de Portaluppi deixá-lo no banco. Não havia movimentação, dinamismo, tabelas. Nenhum adversário era pego de surpresa, os movimentos do time eram absolutamente esperados e robóticos. Ajudou a construir uma defesa segura, mas cobrou seu preço com um ataque inoperante.

Isso tudo com Vargas em campo. Se em 2013, com o chileno, o Grêmio já foi um time lento, imaginem sem ele? É por isso que quando Maxi Rodríguez (e às vezes até mesmo o limitado Paulinho) entrava em campo todos enlouqueciam: era de encher mesmo os olhos ver uma peça dinâmica, imprevisível, num time de toada tão militarizada. O Grêmio de 2014 precisa ser mais barato, melhor e mais rápido que o de 2013. Leandro preenche todos os requisitos necessários para essa reinvenção: é jovem, prata da casa, sabe fazer gols (muitos exagerados já duvidam que Barcos ainda saiba), tem boa qualidade e é rápido. Tudo o que Rui Costa, Fábio Koff e Marcos Chitolina falam sobre como deve ser o time neste ano novo Leandro possui. Este projeto de temporada é a cara dele.

Dia de Plebeus
Dia de Reis é feriado nacional na Itália, e por isso ontem houve rodada cheia no Calcio. Vi algo da difícil vitória do Napoli por 2 a 0 sobre a Sampdoria e da bela atuação de Kaká nos 3 a 0 do Milan sobre a Atalanta. O jogo que parei mesmo para assistir foi absolutamente sonolento. Não fosse pelo golaço de sem pulo de Klose que deu à Lazio o 1 a 0 sobre a Inter, teria tirado uma sesta vespertina daquelas. Jogo com cara de Campeonato Italiano: truncado e com dois times sem criatividade. Juan, zagueiro revelado pelo Internacional, foi um dos poucos destaques.

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