Dia de ceder e receber

Em princípio, nunca entendi como um bom negócio para o Grêmio a troca taco a taco de Rhodolfo por Souza. Os gaúchos ganhariam um ótimo zagueiro, mas cederiam em troca um ótimo volante, só que mais jovem e com maior poder de revenda. No entanto, a habilidade de Rui Costa possibilitou uma melhora nas bases da negociação: ambos trocam de lado, mas por empréstimo de um ano. A troca definitiva seria um erro do Grêmio, mas a provisória pode ser boa para todas as partes.

O lado positivo da negociação é que o Grêmio manterá, mesmo que venha qualquer proposta do exterior, o zagueiro que ajeitou de vez a defesa em 2013. E o Grêmio precisa mais de zagueiros que de volantes, já que está cheio de bons centromédios em seu grupo de jogadores. Rhodolfo é bem mais importante para este grupo que Souza. No curto prazo, a troca de um por outro se justifica; no longo prazo, por questões principalmente financeiras, não. Por isso o negócio é bom para o time gaúcho: porque no curto prazo Rhodolfo se mantém, mas no longo Souza deve voltar.

Ainda assim, e olhando o lado ruim (em toda troca se ganha algumas coisas e se abre mão de outras), Souza era o melhor volante do elenco gremista. Combativo, ótimo nos desarmes e de boa distribuição de jogo. Faria menos falta que Rhodolfo porque ainda há no elenco Ramiro, Riveros e Edinho, sem falar em outros menos cotados. Aliás, a ótima atuação de Edinho em sua estreia, contra o Aimoré, talvez tenha convencido a direção gremista de que Souza não era tão imprescindível, e poderia ser negociado, nem que seja por um ano. Edinho certamente já foi trazido também pensando nesta possibilidade de troca com o São Paulo, que se comentava desde o fim do Brasileirão. É menos jogador que Souza, mas tem experiência e pode sim suprir esta vaga sem deixar a peteca cair.

Quem também fica é Zé Roberto, com direitos de imagem reduzidos e com contrato por um ano. Fez-se a vontade de ambas as partes, bem como no caso Souza-Rhodolfo: o Grêmio pedia que seus vencimentos fossem diminuídos para se ajustar à realidade financeira do clube, e Zé solicitava que o contrato fosse de um ano, e não de apenas seis meses. E assim, com Grêmio, São Paulo e Zé Roberto cedendo aqui e ali, tivemos uma quinta-feira de bons negócios para todos. Assim se faz futebol com criatividade e uma razoável dose de bom senso.

4-3-2-1 ou 4-1-4-1?
Números demais ao escalar times às vezes soam como chatice, mas podem dizer muito sobre o modo de entender um jogo. No caso do Inter, podem dizer tudo. Traduzindo: que time jogará domingo? A escalação é conhecida, mas a proposta tática não. Abelão garante que é um 4-3-2-1, ou seja: três volantes, dois meias e um atacante. Parece uma equipe precavida, com Willians, Aránguiz e Alex numa primeira linha do meio, atrás de Jorge Henrique e D'Alessandro. 

Duvido, porém, que isso se concretize. No treino de ontem, a marcação dos titulares foi adiantada e agressiva, o que é ótimo por um lado. Alex, no 4-3-2-1, como volante pela esquerda, ficaria longe do gol e perderia sua melhor característica, que é a conclusão. Neste caso, na prática, o time seria um 4-1-4-1, com apenas Willians fixo à frente da zaga. Aí vem outro problema: Willians se solta o tempo todo. Provou por A mais B nos tempos de Dunga que não sabe atuar como cão de guarda, fixo. Isso pode deixar o Inter extremamente exposto e vulnerável defensivamente. Para este esquema ousado funcionar, João Afonso é a melhor opção que há no Beira-Rio para ser o primeiro volante.

Outra: no Gauchão, esquemas mais abertos costumam dar certo. Mas e no Brasileiro e Copa do Brasil? Uma formação com apenas um volante mais (ou menos) fixo funcionaria? O estadual não costuma ser parâmetro para este tipo de ousadia. É bom Abel ter cuidado.

Lanús e La U
O Lanús praticamente garantiu sua vaga na fase de grupos da Libertadores. Mostrou que é um dos candidatos a chegar longe na competição e bateu o Caracas com tranquilidade, fora de casa, por 2 a 0. A Universidad de Chile terá mais trabalho: ganhou de 1 a 0 do Guaraní paraguaio em Santiago e joga por um empate em Assunção. Mas é favorita a passar também.

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