Bajo perfil

Grêmio e Internacional se reapresentaram ontem sem grandes contratações. Ao contrário: alguns dos jogadores mais caros nem foram ao Beira-Rio (Scocco, Forlán), e alguns dos que apareceram no Olímpico (Elano, Marcelo Moreno) nem devem ficar para 2014. Começo desanimador? Pode até ser, mas nada de trágico. É realmente correto cortar gastos, e isso vale não apenas para o Grêmio, que vive abertamente sua pior crise dos últimos seis ou sete anos, mas também para o Inter e quase todos no futebol brasileiro, que gastaram mais do que deveriam e, passada a euforia, entram o novo ano precisando apertar cintos. Será bom para todos, no longo prazo, embora o momento seja meio depressivo.

As contratações do Inter, após o péssimo 2013, são menores do que a ânsia da torcida pede. Mas algumas questões podem estar se resolvendo: Dida, com seus 40 anos, é muito superior a Muriel; Ernando e Paulão podem formar uma boa zaga, algo que sempre faltou nos últimos tempos. Wellington Paulista, para o ataque, é uma opção razoável como Rafael Moura, mas bem inferior a Leandro Damião, por exemplo - sempre falando em termos técnicos de potencial, já que seu Brasileirão pelo Criciúma foi bem superior ao de Damião.

Faltam, ainda, volantes. Essa sim foi a grande carência do Inter em 2013, mas talvez no Beira-Rio poucos tenham se dado conta disso. A zaga vazou demais? Claro, mas atuou sempre desprotegida. Ygor se lesiona demais, Willians e Josimar não guardam posição, Aírton é fraco (e por isso saiu). João Afonso é uma boa aposta, mas é preciso alguém mais para auxiliar - Aránguiz é ótimo jogador, mas sai bastante também, sendo por vezes mais um meia mesmo. Isso sim preocupa, bem como Abel Braga ter iniciado a temporada falando em 2006, demonstrando aquele apego ao passado que é a cara de sua contratação e a cara de um Inter que não vê que os anos gloriosos da última década estão cada vez mais distantes.

No caso do Grêmio, igualmente poucas novidades - Edinho e Pedro Geromel, dois nomes de pouca aceitação entre os torcedores, além de Enderson Moreira, que chega precisando provar, mas conta com aparente paciência de todos. Mas um aspecto positivo precisa ser ressaltado: a base é quase a mesma do vice-campeonato brasileiro, mas barateada. Saem nomes como Elano e Marcelo Moreno, que (quase) nem foram usados no ano passado e encareciam a folha, que teima em não ser saldada - sobrou até para nomes históricos no clube, como o médico Alarico Endres, demitido ontem depois de anos de serviços prestados por absoluta necessidade financeira.

O preocupante, no caso gremista, é que o perfil de elenco mudou pouco, prologando suas qualidades, mas também defeitos: embora Enderson sinalize um estilo mais agressivo de equipe em 2014, o plantel segue tendo inúmeras peças defensivas e jogadores lentos demais na frente. Sem Vargas, não há sequer um atacante veloz na Arena. A venda de Leandro para o Palmeiras trará valiosos R$ 16 milhões aos cofres do clube, mas tira a única possibilidade de atacante rápido que o elenco dispunha. Será preciso buscar alguém com essa característica, ou o futebol gremista seguirá sendo engessado e de pouca fluidez no ano que está começando.

Mas voltando lá para o começo: quem tem feito grandes contratações neste começo de ano? Por enquanto, basicamente o Santos - que já trouxe Leandro Damião e está prestes a fechar com Diego, mas já parece estar perdendo a briga por Eduardo Vargas. O Atlético Mineiro, campeão da América, trouxe só Rildo, da Ponte Preta, e deve perder Ronaldinho; o Cruzeiro, campeão brasileiro, até se reforçou um pouco melhor (Marcelo Moreno, Samudio e Marlone), mas nada de fechar aeroporto, e pode perder Éverton Ribeiro; no Flamengo, Elano é o principal nome, mas Elias talvez não fique; o São Paulo só trouxe Luís Ricardo da Lusa, perdeu Aloísio e deve perder Jadson; o Corinthians basicamente tem como novidade Mano Menezes na casamata, mas ninguém dentro do campo; o Flu apostará em Walter, mas por enquanto só veio ele; e o Palmeiras trouxe alguns bons nomes, mas todos apostas, assim como o Botafogo. A bonança passou, para todo mundo.

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