A grife é a campanha



O Flamengo não tem o melhor time do país, longe disso. Tem um elenco relativamente barato se comparado a outros rivais Brasil afora, um técnico que até poucas semanas era só um auxiliar que assumiu como interino. Entrou em 2013 disposto, tão somente, a evitar um fiasco de cair no Brasileiro e pagar contas de gestões passadas. Mas sai dele com uma vaga na Libertadores a partir de uma grande conquista, a revitalizada Copa do Brasil.

E que conquista. O Fla dos então anônimos Paulinho, Hernane, Luiz Antônio, Samir e Jaime de Almeida não é um time tecnicamente superior aos quatro últimos adversários que eliminou da competição. O Brasileirão é a prova disso. Mas isso não é demérito algum, pelo contrário: só dá mais peso a conquista. Dos cinco primeiros colocados do Brasileiro, o único que o Rubro-Negro não enfrentou nesta Copa do Brasil foi o Grêmio. O campeoníssimo Cruzeiro, o Botafogo, o Goiás e o Atlético Paranaense, todos de ótima campanha no certame de pontos corridos, caíram dentro do Maracanã. Maior prova de força que essa não pode haver.

Jaime de Almeida, assim como Andrade e Carlinhos, é mais um técnico da casa, pouco cotado, que sai com os louros de um grande título. E o seu dedo no título é claro: a estratégia carioca prevaleceu sobre a paranaense na noite desta quarta. O Atlético não conseguiu ser superior, pressionar ou impor seu estilo em nenhum momento da decisão. Foi uma partida equilibrada, com o naturalíssimo 0 a 0 no intervalo, já que era previsível que ninguém fosse arriscar muito. No segundo, o panorama mudou pouco. Bem marcado, Paulo Baier não conseguia abastecer os atacantes. Everton fez falta. Os gols no fim, que decretaram o 2 a 0 que entra para a história, até dão a entender uma superioridade que não houve. Mas o merecimento é inegável.

O curioso de tudo é que Jaime de Almeida assumiu o Flamengo logo após a queda de Mano Menezes, que se demitiu ao levar 4 a 2 deste mesmo Atlético Paranaense, no mesmo Maracanã, há pouco mais de dois meses. Nestes 69 dias, a equipe cresceu, deixou para trás o risco de rebaixamento e se encorpou a ponto de ser campeã da Copa do Brasil. Pinta de campeão, justiça seja feita, o Fla já dava desde os tempos de Mano, naquela histórica vitória sobre o Cruzeiro no finzinho. Mas foi só após aquele tropeço diante do Furacão que a equipe enfim se reencontrou, sob novo comando, para chegar a este grande título. O futebol dá mesmo voltas, e muito mais rápido do que a gente pensa.

Uma cruza surpreendente
A cruza de Macaca com zebra é a marca da Copa Sul-Americana. Praticamente rebaixada no Brasileiro, a Ponte Preta conseguiu nesta quarta se tornar apenas a quinta equipe do país a chegar na final do torneio, depois de Internacional, Fluminense, Goiás e São Paulo. Mesmo jogando em Mogi Mirim, empatou em 1 a 1 com o Tricolor Paulista e confirmou vaga na decisão. Deve pegar o Lanús, que ganhou do Libertad, no Paraguai, no jogo de ida. A definição sai hoje à noite.

G-5, não. G-4 ou G-3
Com a derrota do Atlético Paranaense, a vaga extra que se abriria para a Libertadores via Brasileiro inexiste. Na melhor das hipóteses, o 4º colocado do campeonato chegará ao torneio continental. Se a Ponte ganhar a Sul-Americana, só o 3º. Vaga direta, agora, só para o vice-campeão. Apertou o cinto.

Low profile
O Cruzeiro não chega a ser um time barato, mas foi montado de forma criteriosa e tem um técnico que não faz (ou não fazia) parte do clubinho da elite da profissão no país. O Flamengo gastou bem menos este ano que as babilônias de temporadas anteriores. A modesta Ponte Preta chegou à final da Sul-Americana. Tirando o caro Atlético Mineiro, 2013 foi o ano onde grandes gastos não significaram títulos. Em 2014, o Grêmio já prevê uma necessária redução de gastos. E assim, aos poucos, a euforia econômica vai passando, e a turma volta a colocar os pés no chão. Questão de necessidade.

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