Na busca do gol fora

Marcar um gol hoje na Vila Capanema não é definitivo para o Grêmio voltar à final da Copa do Brasil. Ter eliminado Santos e Corinthians sem essa bola rede longe da Arena é a prova disso. Mas sem dúvida um golzinho em Curitiba facilitaria bastante a tarefa, mesmo que a equipe não vença.

Não precisa nem ser vitória. Supondo um empate de 1 a 1 como resultado, por exemplo: o Grêmio começaria o jogo de volta classificado. Foi o que o próprio Atlético-PR fez diante do Internacional. O time de Renato Portaluppi não precisaria se expor tanto para o jogo, poderia jogar no erro do Furacão mesmo dentro de casa. E este Grêmio joga muito melhor assim do que propondo o jogo. A vaga ficaria à feição. Sem esse gol, não ficaria impossível (dependendo de quantos o Atlético-PR marcar, claro), mas a equipe teria de fazer mais força, sair mais de sua zona de conforto, no bom sentido, digamos assim.

E marcar esse gol fora não significa ter mais atacantes no time. Por isso, a pior formação é escalar uma gurizada no ataque, esquecendo de pôr mais gente no meio. Seria o caso tanto de colocar os dois jovens centroavantes juntos, Yuri Mamute e Lucas Coelho, quanto colocar Paulinho ao lado de um deles. Renato deu a entender que sabe disso. Falou ontem que é a hora de os mais experientes, o que significa duas coisas: não colocará tamanha responsabilidade em garotos e, parece, deve apostar em Elano para começar a partida - Maxi Rodríguez, o próprio treinador já disse há algum tempo, não é um jogador ainda pronto.

A opção por Elano é mesmo a melhor para fechar o meio de um 3-6-1 compactado e robusto. Não é um jogador de tanta intensidade, mas a juventude de Coelho ou Mamute (escolha o mamífero) à frente pode compensar. É um jogador de alta técnica, de qualidade no passe e, acima de tudo, de bola parada. Em jogos de mata-mata, onde o gol é algo tão valioso, ainda mais fora de casa, ter uma arma assim em faltas e escanteios é um trunfo e tanto. O Atlético-PR tem com Paulo Baier, e o Grêmio terá se escalar Elano - e nos últimos jogos ele mostrou que está afinado. O fato de ter entrado e jogado 35 minutos contra o Coritiba, mais que em qualquer outro jogo nos últimos meses, é sintomático. Com três zagueiros e Elano, o Grêmio terá bola parada forte, robustez pelo alto e por baixo e a experiência necessárias para trazer de Curitiba hoje um bom resultado.

No Atlético-PR, a principal dúvida é quanto à escalação de Marcelo. Ele já foi desfalque nos dois jogos contra o Grêmio pelo Brasileirão. Uma sorte do time de Renato, pois trata-se de um atacante que alia força, velocidade e chute, além de boa técnica. É, talvez, o principal responsável por Éderson marcar tantos gols. Dellatorre já demonstrou bom entrosamento com o artilheiro do Brasileirão, mas é menos jogador. Se Vagner Mancini não puder contar com Pedro Botelho é outra boa notícia: jogador forte no apoio, que certamente inibiria os avanços de Pará por aquele lado. Se jogar, é preciso que Pará e Ramiro atuem bem próximos, já que desta vez não haverá Kleber por aquele lado para formação a triangulação que tanto tem causado dor de cabeça nos laterais adversários.

Serra Dourada
A pior jogada de Walter em 2013 foi o infeliz vídeo em que ele provoca o Flamengo. Primeiro, porque é dar armas fáceis ao adversário. Segundo, porque ele provavelmente sequer estará em campo nesta quarta, no Serra Dourada - embora o clube o mantenha como dúvida. Joga seus companheiros numa pior sem nem ao menos poder ajudá-los. Hernane não joga tanto quanto Walter, mas tem marcado até mais gols. A noite promete ser de estádio dividido, e é o dia em que poderemos ver o quanto o time de Enderson Moreira depende do gordinho endiabrado. Impossível também não lembrar de 1990, quando o Rubro-Negro foi campeão da segunda edição da Copa do Brasil justamente em cima da equipe esmeraldina. Jogaço.

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