Sobrevida aos 43



O gol de Otávio aos 43 minutos do segundo tempo não apenas ajudou a dar ao Inter uma sobrevida na Copa do Brasil. Deu também uma sobrevida a Dunga, que talvez não resistisse a mais uma derrota de sua equipe. Resultado que quase ocorreu devido aos diversos problemas apresentados por sua equipe no primeiro tempo, apesar da considerável melhora no segundo.

Falávamos ontem aqui: a escalação proposta por Dunga para a partida era incorreta, por diversos motivos. O gol de Paulo Baier logo aos quatro minutos complicou demais as coisas, claro. Escancarou os erros. E embora a bola tenha desviado em Leandro Damião, não dá para dizer que foi um gol ao acaso. O Atlético-PR já começara melhor o jogo, se impôs nos primeiros minutos e teve apenas o mérito de traduzir sua superioridade inicial em vantagem no placar cedo demais. E ficou com o jogo à feição para si.
1º TEMPO: Willians desprotege a zaga e Paulo Baier e Marcelo fazem a festa no espaço vazio
Como era de se prever, Willians não ofereceu à zaga a proteção que ela tanto precisava. É um volante que compromete totalmente o esquema colorado, especialmente se for escalado como primeiro homem, como ontem. Não guarda posição à frente da zaga, sai do lugar o tempo e erra passes em escala industrial, já que é afoito e quer participar o tempo todo da partida, embora não tenha qualidade técnica para isso. Um prato cheio para o Atlético-PR contra-atacar.

E não foram poucos os contragolpes. Marcelo foi o grande destaque: muito veloz, forte e com boa habilidade, infernizou os zagueiros e laterais do Inter no mano a mano. Às vezes, era lançado por Paulo Baier. Em outras, ele próprio lançava. Na melhor chegada do time paranaense para ampliar, um passe perfeito seu deixou Ederson na cara de Muriel, mas o artilheiro desperdiçou a chance. O Internacional, por sua vez, dependia demais de D'Alessandro. Com Forlán e Leandro Damião completamente nulos, restavam os chutes longos de Josimar como alternativa. Era um crime o placar do primeiro tempo estar apenas 1 a 0.

Dunga, então, foi para o tudo ou nada, mexendo no intervalo. Abriu seu time de vez, mas corrigiu vários problemas que o fizeram crescer de produção. Primeiro: tirou Willians da frente da zaga e o pôs como segundo homem. O franzino Jorge Henrique, que é meia-atacante de origem, incrivelmente protegeu melhor a defesa - não foi um primor, mas ao menos guardou posição e não comprometeu. Segundo: retirou de campo Leandro Damião, que há algum tempo merece a reserva. Scocco trouxe mais movimentação ao ataque, e Otávio deu opção a D'Alessandro pelo lado direito. A equipe ainda ganhou mais dinamismo com a entrada de Caio no lugar de Forlán - que, frise-se, até melhorou no segundo tempo, com mais parceria.
2º TEMPO: Inter abre o time, mas ao mesmo tempo se protege melhor. D'Alessandro ganha opções para tabelar
O Inter criou chances, pressionou o Furacão, e chegou ao empate em um raríssimo erro de Manoel, então um dos melhores, senão o melhor, jogadores em campo. Uma injustiça com o zagueiro do Atlético-PR, mas um prêmio ao segundo tempo mais efetivo do Inter. E resultado, sem dúvida, da expulsão de João Paulo. Vagner Mancini faz um ótimo trabalho em Curitiba, mas errou feio ao não tirar algum de seus homens de frente para colocar o volante Marcelo Palau. Naquela altura, segurar a vitória com 10 era mais importante que buscar um contragolpe mortal.

O Inter não estaria morto com a derrota de 1 a 0. Qualquer triunfo na Vila Capanema o classificaria, e o jogo só daqui a um mês. Não sabemos como estarão os dois times daqui a quatro semanas, e isso torna o confronto totalmente imprevisível. Por isso, o 1 a 1 até complica, mas longe está de ser uma eliminação colorada na Copa do Brasil. Certo, mesmo, é que o Atlético-PR deixou de matar o confronto ontem. Pelas chances criadas e pela superioridade nos 45 minutos iniciais, poderia e deveria ter definido sua classificação no Estádio do Vale. Transferiu a decisão para Curitiba. E fora de casa o Inter costuma ir melhor do que como mandante.

Copa do Brasil 2013 - Quartas de final - Jogo de ida
26/setembro/2013
INTERNACIONAL 1 x ATLÉTICO-PR 1
Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo (RS)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (DF)
Público: 6.780
Renda: R$ 123.590,00
Gols: Paulo Baier 4 do 1º; Otávio 43 do 2º
Cartão amarelo: Willians, Forlán, Scocco, Léo e Pedro Botelho
Expulsão: João Paulo 38 e Mérida 47 do 2º
INTERNACIONAL: Muriel (6), Gabriel (4), Índio (5), Juan (6) e Kleber (4,5); Willians (3,5), Josimar (5,5) (Otávio, intervalo - 6,5), Jorge Henrique (5,5) e D'Alessandro (6); Forlán (5) (Caio, 23 do 2º - 5,5) e Leandro Damião (4) (Scocco, intervalo - 6). Técnico: Dunga (4,5)
ATLÉTICO-PR: Weverton (7), Léo (6,5), Manoel (6,5), Luiz Alberto (6) e Pedro Botelho (6,5); Deivid (6,5) (Marcelo Palau, 41 do 2º - sem nota), João Paulo (5), Paulo Baier (7) (Mérida, 33 do 2º - 2) e Everton (5,5); Marcelo (7) e Ederson (5) (Dellatorre, 24 do 2º - 5,5). Técnico: Vagner Mancini (6)

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