Um terço depois, os problemas e méritos da Dupla

O Campeonato Brasileiro fechou 1/3 de seu transcorrer no domingo. Passados 33,3% da competição, a Dupla Gre-Nal mantém-se no bloco da frente, embora tenha muito ainda o que melhorar. Nenhum dos dois representantes gaúchos ostenta campanha de candidato ao título. No entanto, corrigindo alguns problemas, ambos podem chegar lá. Mas o que tem faltado a Internacional e Grêmio? E o que tem dado certo? Entre outros aspectos, chegamos a algumas conclusões.

O QUE VEM DANDO CERTO
Inter: ataque forte e capacidade de reação
Com 21 gols marcados em 12 jogos, o Inter tem média de 1,75 gol por jogo. O índice é altíssimo. Com Forlán em ritmo goleador desde o início do ano, a equipe tem quase que uma garantia de regularidade de bolas na rede (neste Brasileiro, só não marcou gol no Náutico). Ainda por cima, há Scocco chegando e Leandro Damião mal jogou neste Brasileiro, fora jogadores como D'Alessandro, Alex, Caio e Juan, que costumam ir às redes com certa frequência.

Além disso, outra grande característica deste time de Dunga é reagir rápido aos gols sofridos. Contra o América-MG, pela Copa do Brasil, o time saiu perdendo duas vezes: numa virou o jogo, na outra empatou e se classificou. Contra o Fluminense, vencia por 2 a 0, levou um gol que recolocou o Tricolor Carioca no jogo, mas logo Forlán fez o terceiro e encaminhou a vitória. No Gre-Nal, foram dois minutos entre levar o gol e empatar. Contra o Atlético-PR, duas vezes buscou o empate menos de 15 minutos após ficar em desvantagem. Diante do Cruzeiro, levou uma virada e teve forças para empatar. O Inter não se abate ao sofrer gols. É o dedo de Dunga, e pode ser até mais útil na Copa do Brasil que no próprio Brasileiro.

Grêmio: defesa forte e aposta nos jovens
O Grêmio é um time que leva poucos gols. Isso, num Brasileirão longo, é tão ou até mais importante que fazer muitos gols. Nas primeiras 13 rodadas, foram apenas 12 gols sofridos, menos de um por jogo. O sistema defensivo conta com um goleiro experiente como Dida, três zagueiros confiáveis e dois laterais que não comprometem atrás. Mesmo com um protetor de zaga discutível (Adriano) e com uma angustiante indefinição em seu esquema tático, o Tricolor é um time seguro defensivamente.

Se os medalhões não vêm correspondendo, os jovens gremistas entram e bem na equipe. Alex Telles adonou-se da lateral esquerda e já é um dos referenciais técnicos da equipe, enquanto Bressan é peça importante na engrenagem defensiva gremista. Ramiro, Matheus Biteco, Guilherme Biteco e Maxi Rodríguez têm entrado bem em quase todos os jogos. É crueldade esperar que eles resolvam as paradas mais difíceis, mas ao mesmo tempo é um alento para o clube saber que há jogadores novos surgindo, e bem, pois isso facilita a formação de uma base para o time nos próximos anos.

O QUE PRECISA MELHORAR
Inter: sistema defensivo e ganhar dos pequenos
Time que faz muitos gols ganha jogos, mas time que leva poucos gols ganha campeonatos. A máxima ainda vale, especialmente em competições por pontos corridos. O Inter de 2013 lembra o Cruzeiro dos tempos de Adílson Batista: um time que faz muitos gols, mas que também os leva, e por isso ficava sempre entre os cinco primeiros, mas nunca na liderança. Em 12 jogos, o time já sofreu 18 gols, o que é muito. Faltam zagueiros de qualidade no elenco e falta um sistema defensivo que os proteja. Willians e Josimar saem demais e não guardam posição. Aírton, que até guarda, é muito fraco tecnicamente. Ygor faz falta. O curioso é que Dunga, na seleção, se notabilizou por formar sempre uma retaguarda segura. No Inter, montou o time da frente para trás.

Outro problema é o fraco desempenho diante de clubes médios. Contra os grandes (Cruzeiro, Vasco, Flamengo, Fluminense, São Paulo e Grêmio), foram 14 pontos obtidos em 18 disputados, 78% de aproveitamento. Contra os médios (Vitória, Criciúma, Bahia, Portuguesa, Náutico e Atlético-PR), foram apenas 6 em 18, ou 33%. Trajetória que repete, de certa forma, o Dunga da seleção, que ganhava com facilidade de seleções como Argentina ou Itália e penava empatando em casa com equipes como Bolívia ou Venezuela.

Grêmio: criação de jogadas e definição de esquema
O Grêmio até que não faz poucos gols. Ao menos em relação ao que cria. O Tricolor é um time que quase não constrói jogadas perigosas, mas tem convertido as poucas que realiza. Em vitórias recentes, como contra Botafogo, Fluminense e Bahia, o time em nenhum dos jogos dominou seu adversário, levou perigo constante, amassou o rival. Ao contrário: foi até mais atacado do que atacou, mas teve eficiência nas conclusões. Alto aproveitamento ofensivo é sempre algo positivo, mas pouca criação de jogadas é um problema grave. Isso deriva, primeiro, do mau momento técnico de jogadores como Elano e Barcos, e também da ausência de Zé Roberto. Criando mais, o time aumentará sua média de gols, que é baixa (lhe daria 48 gols ao fim do campeonato, tão-somente).

Outro problema que dificulta a criação de jogadas é a falta de definição por um esquema. O 4-2-2-2 do ano passado já engessava o time desde o primeiro semestre de 2013. Renato chegou pensando num losango que nunca funcionou: Souza e Zé Roberto jamais se encontraram atuando na segunda linha deste novo meio, e Elano penava sendo o único criador. Nos últimos três jogos, foram três esquemas diferentes. É preciso pensar numa formação e insistir nela. Dar liberdade para Alex Telles, o melhor armador do Grêmio até agora neste Brasileiro, é fundamental para pensar o esquema do time do Grêmio. Outro aspecto importante é garantir que Riveros suba ao ataque como elemento-surpresa, pois é uma arma que tem se mostrado importante ao time de Renato Portaluppi.

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