O teste que faltava

Pode ser que Renato surpreenda e escale Zé Roberto, mas até o momento em que este texto foi ao ar, cerca de 12 horas do confronto decisivo entre Grêmio e Santos, tanto ele quanto Vargas nem concentrarão. Assim, a tendência é que o mesmo time que vem ganhando quase todas fora de casa seja escalado hoje, mas na Arena.

Será que é uma boa? Em time que está ganhando não se mexe, diz o ditado, mas a situação é completamente diferente agora. Nas partidas contra Vasco, Santos e Flamengo, o Grêmio criou mais situações que seus adversários em todas elas, e só não ganhou do Peixe na Vila porque perdeu ao menos três chances imperdíveis. Desempenho realmente excelente. Porém, com uma diferença básica para o jogo de hoje à noite: nestas três partidas, era o adversário que tinha a obrigação de sair para o jogo, pois atuava em casa.

Hoje a situação será oposta. O Grêmio começa precisando fazer 2 a 0 no Santos para se classificar direto, sem pênaltis. Precisará se impor dentro da partida, mas irá a campo com uma escalação visivelmente talhada para jogar no erro do rival - e é assim mesmo que esta equipe tem funcionado, aproveitando falhas de quem sai e deixa espaços. Mas hoje o Peixe dificilmente dará espaços, e mais dificilmente ainda tomará a iniciativa da partida. Para que isto ocorra, para que o jogo fique à feição do Grêmio, um gol cedo é fundamental. Contra Vasco e Flamengo, ele veio antes dos dez minutos de jogo.

Por outro lado, é preciso entender Renato. Mudar a formação do meio, retirar um volante, seria algo relativamente seguro se fosse Zé Roberto o escolhido para ser o articulador. Sem ele, e sem Elano, a responsabilidade recairia sobre os ombros de Guilherme Biteco e Maxi Rodríguez, meninos cujo próprio treinador já disse não estarem prontos para a titularidade, ainda mais em um jogo desta envergadura. Será preciso, pois, que Riveros, Ramiro, Pará e Alex Telles sejam ainda mais agressivos em seu posicionamento, que Kleber e Barcos marquem a saída de bola santista, que o time gaúcho seja tão compacto quanto vem sendo.

Por isso, talvez vivamos hoje uma noite em que, incrivelmente, veremos um time com três zagueiros e três volantes sufocando um adversário, especialmente nos primeiros minutos. E é preciso mesmo que assim seja, pois de outra forma fica difícil reverter a desvantagem, por menor que ela seja e por melhor que o time gremista seja, tecnicamente, em comparação com o mediano Santos. É o teste que faltava: saber se esta escalação, ótima para duelos fora de casa, funcionará ou não também em Porto Alegre, com o time precisando da vitória. Estarei na Arena para testemunhar este fato inusitado, comentando o jogo para a Rádio Estação Web a partir das 21:50.

Noite de mata-mata
A rodada é cheia pela Copa do Brasil, e só de confrontos indefinidos. Todos os seis jogos, incluindo Grêmio x Santos, não possuem grandes encaminhamentos sobre quem se classificará - inclusive o mais desparelho de todos, Corinthians x Luverdense.

Deu Coxa
No drama dos pênaltis, o Coritiba eliminou o Vitória e segue vivo na Copa Sul-Americana. Nas oitavas pegará o River uruguaio ou o Itagüí, da Colômbia, com ótimas chances de seguir adiante. Em Campinas, a Ponte confirmou o favoritismo: depois de fazer 2 a 1 no Heriberto Hülse, segurou um empate sem gols com o Criciúma. Pegará agora Colo Colo ou Deportivo Pasto. Hoje tem Bahia x Portuguesa (2 a 1 para o Tricolor na ida) e Náutico x Sport (2 a 0 Leão no primeiro jogo).

Comentários

Enio Augusto disse…
Acho que só jogou assim contra o Cruzeiro e ter um jogador a mais não deixou ter uma ideia muito boa de como é o esquema em casa. Até o momento da expulsão, eu tinha certeza que o Cruzeiro venceria. Dida ainda teve que pegar um pênalti. Hoje vai ser o grande teste deste esquema. Tomara que dê certo e que os atacantes não percam tantos gols.
Vicente Fonseca disse…
É verdade, Enio. Naquele jogo, o Cruzeiro tinha tudo para vencer no 11 contra 11, e perdeu, em grande parte, porque o Grêmio passou a ter um homem a mais e o Renato mudou o esquema para o 4-4-2 no segundo tempo.

Porém, havia uma diferença daquele jogo para este: contra o Cruzeiro, eram dois volantes e um meia (Maxi Rodríguez), e hoje serão três volantes, sem qualquer meia. Com este time, o Grêmio ainda não jogou em casa. Outra diferença, esta positiva, é que agora o esquema está afirmado, e contra o Cruzeiro ainda não estava.

E concordo muito com a tua última frase. Tomara que dê certo e que os atacantes não percam tantos gols, pois se perderem vai complicar.