Muita hombridade, pouca bola

Diante de circunstâncias especiais, um empate no Heriberto Hülse poderia até ter sido considerado um bom resultado para o Grêmio. Seria o caso de hoje à noite: um time que jogou quase que o jogo inteiro com inferioridade numérica, praticamente todo o segundo tempo com apenas nove homens, fora de casa. Era previsível, porém, que a equipe não fosse aguentar a pressão do Criciúma. Assim, resta pouco mais que a dignidade dos nove que ficaram em campo para ser elogiado na atuação gremista neste sábado.

O Grêmio de Renato Portaluppi tem demonstrado realmente uma vontade diferente, mais raça, mas ainda não exibiu um futebol realmente convincente. Jogou mal contra o Atlético-PR, mas buscou um empate no fim; venceu o Botafogo na garra em casa, sem conseguir se impor ao adversário; e perdeu um jogo que precisava vencer longe de Porto Alegre, por conta de bobagens de dois jogadores seus, que estragaram a partida do time em Santa Catarina.

A equipe gaúcha começou devagar, vendo o Criciúma acossá-la o tempo todo. Elton, como elemento surpresa, teve um par de chances dentro da área. A expulsão de Matheus Biteco, então, já diminuía muito as chances de vitória. Curioso é que era justamente ele o melhor gremista até então. Dominava o meio de campo e quase marcou um golaço minutos antes de levar vermelho. Poucos minutos depois, Wellington Paulista se antecipou a Cris do mesmo modo que Braian Rodríguez fizera na derrota em casa para o Huachipato na Libertadores e fez 1 a 0.

Com um a menos, ficava muito mais difícil. Mas a superioridade técnica do Grêmio era tanta (e o time segue sem acreditar nisso, quase em agosto) que bastou a equipe trocar alguns passes com mais objetividade que os clarões se abriam. Num deles, Ramiro achou Zé Roberto livre para empatar. Com Vargas puxando ataques em velocidade, Zé inspirado e Elano começando a chamar o jogo, a chance da virada existia no segundo tempo. Até que Vargas foi expulso - um exagero do caseiro árbitro paranaense, mas ainda assim um episódio infantil do chileno num jogo que já estava complicado. O gol do Criciúma demorou a vir, mas chegou, e aí a derrota estava praticamente consumado.

Praticamente, mas não completamente. Com nove homens contra 11, o Grêmio pressionou nos minutos finais - houve muita raça, sem dúvida, mas era a falta de qualidade do time catarinense o principal fator que deixava o Tricolor próximo do empate. Tanto que o time de Renato nem chegou a ter bom futebol nesta pressão. Basicamente, Kleber tentava ganhar no jogo de corpo, cavar alguma falta, e os três zagueiros grandalhões tentariam cabecear. Gabriel quase fez um assim, inclusive.

Ainda não dá para cobrar de Renato em termos técnicos e táticos, mas uma coisa é certa: o Grêmio ainda precisa evoluir bastante nestes dois aspectos para virar um time confiável. Não é algo difícil, pois qualidade há de sobra neste elenco, mas trata-se de um processo. Neste processo, pontos importantes, tão imperdíveis quanto os de hoje à noite (foram cinco perdidos em seis contra Atlético-PR e Criciúma, dois dos que certamente brigarão para não cair), serão deixados pelo caminho. E esta conta, lá no final, poderá ser cobrada sem piedade.

Campeonato Brasileiro 2013 - 8ª rodada
20/julho/2013
CRICIÚMA 2 x GRÊMIO 1
Local: Heriberto Hülse, Criciúma (SC)
Árbitro: Felipe Gomes da Silva (PR)
Público: 12.179
Renda: R$ 325.590,00
Gols: Wellington Paulista 25 e Zé Roberto 37 do 1º; Matheus Ferraz 29 do 2º
Cartão amarelo: Elton, Fábio Ferreira e Pará
Expulsão: Matheus Biteco 23 do 1º; Vargas 8 do 2º
CRICIÚMA: Bruno (6), Sueliton (5,5), Matheus Ferraz (6), Fábio Ferreira (5,5) e Marlon (6); Amaral (5,5) (Fabinho, 25 do 2º - 5), Elton (6) (Daniel Carvalho, 11 do 2º - 4,5), Leandro Brasília (5,5) e Ivo (5) (Gílson, 42 do 2º - sem nota); Cassiano (6) e Wellington Paulista (6,5). Técnico: Vadão (5,5)
GRÊMIO: Dida (5,5), Pará (5,5), Werley (5,5) (Cris, 21 do 1º - 5), Bressan (6,5) e Alex Telles (6); Ramiro (6), Matheus Biteco (4), Zé Roberto (6,5) e Elano (5,5) (Gabriel, 24 do 2º - 5,5); Vargas (4) e Barcos (5) (Kleber, 32 do 2º - 6). Técnico: Renato Portaluppi (5)

Comentários

Chico disse…
Fazia tempo que eu não via o Tricolor ser tão roubado como ontem.

Cris entrou e o Tricolor levou o golo. Será que ninguém vê que esse cara tem que ser mandado embora?!
Vicente Fonseca disse…
Não gosto muito de tocar no tema arbitragem, mas discordo de quem achou o árbitro "muito bem". Na dúvida, marcou sempre a favor do time da casa, exagerou na expulsão de Vargas e poderia ter expulsado um jogador do Criciúma que entrou por cima da bola (acho que no Zé Roberto) a la Ronaldinho contra a Inglaterra em 2002. Mesmo assim, acho a expulsão do Biteco justa e o Vargas, mesmo tendo sido um exagero um cartão vermelho, deveria ter evitado fazer aquilo.

Também não sei o que Cris ainda faz no Grêmio. Talvez o Renato esteja tentando recuperá-lo. Falhou no gol de novo ontem, embora no restante do jogo tenha ido até bem. Mas uma falha decisiva por jogo não dá.
Anônimo disse…
O Criciúma é tão ruim que o Grêmio quase conseguiu empatar quando estava com 9 (aquele lance do Pará e uma tabela entre Kleber e Zé Roberto). Nesse aspecto, dá pra dizer que foram pontos perdidos.Mas é muito difícil analisar quando se joga com dois a menos por quase um tempo inteiro.

Arbitragem (juiz e bandeira) lamentável, Cris lamentável. Tivesse posto o Gabriel antes dele e pelo menos o 1° gol não seria tão previsível.

Tiago