Serviu aos paraguaios

Desacostumado a tomar a iniciativa do jogo desde que foi campeão brasileiro basicamente nos contra-ataques, o Fluminense ainda não conseguiu superar este problema em 2013, mesmo que já estejamos no fim de maio. A falta de criatividade, a dependência de Fred, a esperança de que uma jogada individual resolva a parada, tudo isso se verificou durante a Libertadores inteira. Não foi diferente diante do Olímpia, um adversário que veio num 3-5-2 consistente o suficiente para se aproveitar disso, não perder em São Januário e levar ao Defensores del Chaco um interessante empate em 0 a 0.

Abel Braga, que tantas vezes pecou pelo excesso de vontade de agredir o adversário, desta vez errou pela falta de coragem. Em uma partida contra um rival forte defensivamente, que viria ao Rio sabidamente buscar o empate, e tendo em mãos um time que tem exibido problemas para marcar gols, iniciar o jogo com Rafael Sobis em vez de Rhayner era a melhor alternativa. Não apenas porque Sobis seja mais jogador, mas porque é mais agressivo, vertical. Pode não marcar tanto, mas faz mais gols, e dá ao time a alternativa do chute longo.

Sobis entrou apenas aos 28 minutos da etapa final, uma demora injustificável. Antes de sua entrada, o Flu via Rhayner com a vontade e falta de qualidade de sempre e dependia do insosso Wagner para criar, o que mais uma vez piorou a partida de Wellington Nem. Carlinhos, pela esquerda, era a única boa notícia que o ataque de vez em quando trazia. Fred passou o jogo todo esperando uma bola que nunca chegou. Aliás, chegou uma vez, mas Candía impediu seu arremate na hora certa. A equipe paraguaia foi muito atenciosa em todos os detalhes, e marcar o artilheiro do Flu era o principal deles.

O Olímpia não chegou quase nunca, mas não se enganem: Ever Hugo Almeyda sabe da força de seu time no Defensores de Chaco, e pensou o jogo no Rio para obter um empate. Os paraguaios suportaram bem o Flu, raramente sofreram pressão e tentaram armar um ou outro contragolpe, com Bareiro e Salgueiro, mas faltou acabamento. No segundo, abriram mão de tentar o golzinho e basicamente se defenderam, especialmente quando ficaram com um a menos. A entrada de Castorino, notável segurador de bola, foi importantíssima. Na prática, o Olímpia não fez muito diferente do que o Grêmio em Bogotá na semana passada, mas com uma diferença básica: foi o jogo de ida, onde uma derrota mínima até não seria tão ruim assim, ao contrário do Tricolor Gaúcho, que esperou a noite inteira pelo apito final sem chance de jogar uma volta em casa.

O confronto segue bem indefinido, pois qualquer empate no Paraguai dá a vaga ao Fluminense. O time de Abel não empolga, mas também tem perdido pouco. No entanto, por mais que as possibilidades sigam muito parelhas, é inegável que o 0 a 0 de São Januário foi melhor para o Olímpia, que em casa será um time completamente diferente do que foi hoje à noite.

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