Um Palmeiras comovente

O Palmeiras foi comovente hoje à noite. Não vamos cair no clichê de que teve o tal espírito de Libertadores. Foi muito mais do que mística. O que se viu no Pacaembu foi uma completa simbiose entre torcida e jogadores. Ela entendendo as limitações do time e o apoiando; este, sentindo a força que vinha das arquibancadas e se superando em cada dividida na luta pelo objetivo, que era a vitória sobre o Libertad e a classificação antecipada às oitavas de final. E o final foi feliz.

Raramente se viu um time atuar com tanta raça, tão no limite, pelos 90 minutos. Foi isso que fez o Palmeiras hoje. O Libertad teve suas chances. Tecnicamente é um time melhor, e demonstrou isso em Assunção. No entanto, foi uma equipe que se viu sem alternativas diante de um Verdão onipresente, que se superou o tempo todo, mesmo quando perdeu Wesley, expulso. Desde Souza, o centro gravitacional do meio-campo de Gílson Kleina, passando pelos milagres de Fernando Prass, a segurança de Henrique, o inesperado faro artilheiro de Charles e o talento de Vinícius. Todos se doaram e superaram os problemas, que não são poucos.

A classificação às oitavas era uma hipótese possível, a antecipação é que surpreende. O Palmeiras passa bem, em um grupo difícil e equilibrado. Mesmo estando bem abaixo em termos técnicos dos principais favoritos, trata-se de uma parada indigesta para quem quer que seja. Tite já adiantou que não gostaria de um clássico nas oitavas. O Verdão pode não jogar muito, mas se estiver mobilizado também não deixa o adversário jogar. E, apesar de rebaixado de forma tão humilhante em 2012, já demonstrou que sabe se superar nos momentos difíceis, algo essencial em um mata-mata.

A vitória foi não só da classificação, mas também do alívio. Se não ganhasse do Libertad hoje, o Palmeiras seria obrigado a pontuar em Lima, diante de um Sporting Cristal nada fraco e ainda vivo. Por isso tanta comemoração. Só não dá para se iludir: já há gente falando que o título é possível. Impossível, claro, não é, mas é muito difícil, e nem deve ser o foco palmeirense - subir para a primeira divisão deve ser a meta única de 2013, acima de qualquer outra. Faltam recursos, falta qualidade técnica, e muitas outras coisas essenciais a quem busca o título da Libertadores. Mas os adversários que se cuidem, pois sobra vontade.

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