Quase Nada

Na semana em que Carlos Villagrán veio à capital gaúcha, o Grêmio decidiu homenageá-lo com uma atuação digna do nome de um dos mais célebres bandidos por ele interpretados. Se o sofrimento no jogo da última quinta era de certa forma esperado, hoje a expectativa era de mais tranquilidade para o Grêmio. No entanto, a classificação diante do São Luiz foi igualmente complicada. Muitos descontos podem ser dados: faltavam cinco titulares, sobrava desentrosamento e cansaço. Mas nada disso explica de forma satisfatória ou ameniza os problemas de não conseguir vencer no tempo normal um time tecnicamente bem inferior, em casa, com um homem a mais por 30 minutos.

Luxemburgo tentou repetir na Arena o esquema adotado no meio do jogo no Chile: dois laterais esquerdos atuando juntos, um deles como meia. Desta vez, foi Fábio Aurélio que jogou no meio, com Alex Telles na ala. Alex foi novamente bem, mas Fábio decepcionou. Sem o mesmo entrosamento que André Santos já tem com o time (que nem é tanto assim), nunca se encontrou ao lado de Zé Roberto, que atuou muito pelo lado direito, jogando deslocado da função na qual gosta. Assim, a bola pouco chegou aos atacantes. Kleber esteve apagado e Barcos, novamente, não marcou. Já são mais de 30 dias sem gols do argentino.

Se no primeiro tempo quase não houve lances de perigo, no segundo o panorama não mudou tanto, nem mesmo após a expulsão de Thiago Costa, aos 17 minutos. O São Luiz entrou com proposta para se defender, perdeu seu melhor meia lesionado no primeiro tempo (Marcos Paraná) e tinha um homem expulso. Motivos de sobra para não arriscar nada. Luxa tentou Mamute, que recolocou Kleber no jogo, Biteco, que entrou bem e fez Zé Roberto crescer, e Tony, que deu uma chegada forte pela direita. Mas poucas chances foram criadas. Houve muita bola aérea e pouca imaginação para furar o bloqueio do São Luiz. Nos pênaltis, prevaleceu a melhor qualidade técnica da equipe.

O Grêmio passa aos trancos e barrancos, mas o desempenho é preocupante. Só não é mais porque era um jogo de estadual e porque a equipe tinha vários desfalques, mas os problemas são os mesmos das partidas anteriores: falta de criatividade e de articulação, o que se agravou sobremaneira desde a lesão de Elano. O empate já é o quarto seguido - ou seja, a quarta partida sem vitória - e dificulta a semifinal, pois o jogo com o Juventude será no Alfredo Jaconi. No Gauchão, bem mais importante do que a classificação é medir o desempenho do time e a busca de soluções que ele tenta aplicar diante das dificuldades. Mesmo com desfalques, o Grêmio deveria ter mostrado bem mais hoje na Arena.

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