Amistoso em ritmo de treino

A Bolívia, longe de La Paz, é completamente inofensiva. Isso ficou claro hoje, nos apenas 416 metros acima do nível de mar de Santa Cruz de la Sierra. Diante de um adversário tão frágil, ingênuo na marcação, em ritmo de treino, fica difícil extrair algo que realmente dê algum parâmetro no desempenho da seleção brasileira. Mesmo assim, há certas coisas que ficam claras, especialmente ocorridas no primeiro tempo.

A primeira é Ronaldinho. Com o que vem jogando pelo Atlético-MG, precisa ser convocado, em que pese a má atuação diante da Inglaterra e o histórico de jogar menos pela seleção do que costuma fazer em seus clubes. Apesar dos espaços generosos concedidos pela Bolívia, foi ele quem coordenou quase todas as ações ofensivas do Brasil. O segundo gol, marcado por Neymar, deveria levar o nome do camisa 10 na súmula também. O passe foi espetacular, típico de seus melhores tempos.

Falando em Neymar, assusta o seu individualismo em certos momentos. Ele não jogou mal, pelo contrário: fez dois gols e enlouqueceu a fraca defesa boliviana. Mesmo assim, precisa aprender que assumir a responsabilidade não significa tentar fazer tudo sozinho. Em vez de dar um drible a mais, deve servir o companheiro mais bem colocado. Ser um craque de seleção é isso: saber tomar as decisões certas no momentos certos. Driblar meio time adversário é raridade, ainda mais contra adversários de alto nível.

O segundo tempo foi tão monótono e desinteressante que cheguei a desligar a televisão. Alguns jogadores não se deram conta de que, em vez de entrar no "olé" da torcida, deveriam ter mostrado serviço e corrido bem mais. Portanto, ponto para Leandro Damião e Jean - dois dos que mais se esforçaram e deram sangue em campo. Sabendo que Felipão aprecia os que mostram aguerrimento e brigam com afinco por seu espaço, devem ser chamados novamente em breve.

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