A maturidade do Vélez



Vélez Sarsfield e Newell's Old Boys são os dois melhores times argentinos da atualidade, uma realidade que perdura desde o segundo semestre do ano passado, quando brigaram pau a pau pelo título nacional. Apesar do equilíbrio de forças, no entanto, colocou-se no time de Rosário o favoritismo para esta disputa de oitavas de final da Libertadores. Ricardo Gareca, técnico do time de Liniers, endossou o coro, até por alguns desfalques que sua equipe teria para o jogo de hoje, além da derrota sofrida em casa, para a própria equipe de Gerardo Martino, na última sexta-feira (3 a 1, pelo Campeonato Argentino). O Newell's é mesmo uma equipe mais técnica, mas o Vélez mostrou, como no Torneio Inicial 2012, que é um time mais consistente e pronto para ganhar a Libertadores.

Montado no seu habitual 4-3-3, o Newell's tratou de pressionar o Vélez, empurrado pelo caldeirão pulsante do Coloso del Parque. Foi sempre mais propositivo, e não fez uma má partida. Scocco, dizem, tinha um dedo do pé direito quebrado. Não é o que parece: foi sempre o jogador mais perigoso do time da casa, com chutes potentes e quase sempre com a direção certa. A seu lado, os mui técnicos Maxi Rodríguez e Figueroa não foram a melhor companhia. Bem anulados pela forte marcação montada por Gareca, encabeçada por Cerro, Allione e Razzotti, pouco contribuíram ofensivamente.

O Vélez se desdobrou, e lhe sobra experiência em jogos difíceis, com situações potencialmente desfavoráveis como a de hoje à noite. Insúa, único articulador de fato da equipe, segurava o jogo com sabedoria, frieza e consciência do clima da partida. Se ele esfriava o Newell's, o colombiano Copete punha fogo no Vélez, com as habituais ótimas arrancadas pela esquerda. Lucas Pratto, com pouquíssimas chances dentro da área diante dos ótimos Vergini e Heinze, saiu bastante para buscar jogo, colaborar com a marcação e exercer o pivô. Com alta noção de conjunto (méritos totais de Gareca), o Vélez fez a leitura correta da partida sempre. Seu gol, em trama iniciada por um desarme de Copete no campo defensivo, que passou por Insúa e terminou no tirambaço (após ótima infiltração) do volante Allione, é o retrato disso.

A maturidade é o principal trunfo do Vélez, e o torna um dos principais favoritos ao título desta Libertadores. Trata-se de um time que prioriza em absoluto a competição continental, e que sabe bem o que quer em campo, tem objetivos sempre claramente definidos. A má colocação no Campeonato Argentino é absolutamente irreal. Nesta priorização, já bateu Peñarol e Newell's fora de casa, o que demonstra a segurança do time quando atua longe de seus domínios.

Mas o confronto não está decidido: além de ser um clássico nacional, onde normalmente não há favoritos, o Newell's tem bala na agulha para tentar virar em Liniers, com jogadores técnicos, ótimo toque de bola e um técnico ousado como o inquieto Tata Martino. Qualquer vitória serve ao Newell's, no mínimo para levar aos pênaltis. Por mais seguro e forte que seja o Vélez, é impossível descartar que o time de Rosário possa vencer em Buenos Aires.

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