Da África do Sul a Caxias do Sul

Hoje é um dia histórico para o futebol gaúcho: a tarde em que o Capitão do Tetra, Dunga, estreia como técnico em um clube, e é o seu clube de coração, que o projetou como jogador profissional e no qual ele encerrou sua carreira de atleta. Sua trajetória é absolutamente peculiar: começou como treinador quase que ao acaso. Foi chamado para a seleção brasileira por ser a cara do comprometimento. A CBF queria que o Brasil tivesse o caráter de Dunga para 2010, após a absoluta antítese disso na Alemanha, em 2006.

E é exatamente isso que podemos esperar de Dunga no Internacional: um time comprometido, aguerrido, interessado, brigador. Quem contrata Dunga contrata seriedade. Falávamos que sua trajetória era peculiar, e ela é mesmo. Dunga não é um estudioso, um teórico. Não fez revolução tática na seleção brasileira, por exemplo, mas a transformou em seu estado de espírito. E muito do que precisa este Inter (mas não só isso), que foi um time absolutamente acomodado em 2012, é justamente uma revolução no estado de espírito do elenco.

A curiosidade, a partir de hoje à tarde, é saber justamente se Dunga evoluiu como estrategista em si. Não que não tenha feito um bom trabalho neste aspecto na seleção brasileira, que sempre teve um time sólido em suas mãos, taticamente correto e equilibrado. Mas da África do Sul a Caxias do Sul foram dois anos e meio. Tempo suficiente para ele recusar dezenas de propostas, do Brasil e do exterior, para voltar à ativa. Dunga fez o que muitos técnicos deveriam fazer, mas não fazem, por sede de assinar bons contratos: parar um tempo, refletir, estudar, evoluir. Tite fez isso após deixar o Inter. Ficou mais um de ano parado e assumiu o Corinthians. O resultado é o que conhecemos.

Hoje, no Estádio Centenário, teremos a primeira prova para sabermos se Dunga realmente aproveitou este tempo para evoluir como estrategista. Bom motivador e grande líder nós sabemos que ele é. O Inter de 2013, no papel, tecnicamente não é melhor que o de 2012. Mas que terá outra cara, disso não tenho dúvida.

Mudanças
O Grêmio que jogará hoje, na despedida do Olímpico (se não houver nova pegadinha), não será mais tanto um time sub-23. Ganha uma cara de time reserva mesmo, com Marco Antônio, Werley e Grolli em campo. Vale à pena conferir Jean Deretti e Yuri Mamute, que jogará no lugar do xodó Lucas Coelho. A necessidade de vitória existe: o Santa Cruz é fraco, o Grêmio perdeu no meio de semana e é o último jogo do Olímpico. Não vencendo, o time fica com 3 ou 4 pontos, jogará fora contra o São Luiz na quinta-feira e pode ser obrigado a ganhar um Gre-Nal logo em fevereiro para não pôr em risco as chances de classificação.

Decepção
Semifinalistas da Taça Piratini do ano passado e potências recentes do interior, Novo Hamburgo e Juventude só decepcionam no Gauchão. Ontem, no Vale, ficaram no 0 a 0 - resultado que deixa ambos longe da zona de classificação. Hoje, o destaque maior da rodada é a partida no Alviazul, entre os líderes Lajeadense e São José.

África
Com uma bela vitória por 3 a 0 sobre a Tunísia, a atual vice-campeã Costa do Marfim é a primeira equipe a garantir vaga para as quartas de final da Copa Africana de Nações. Hoje há a definição do Grupo A, com Marrocos x África do Sul e o clássico lusitano entre Cabo Verde x Angola. Ninguém passou e todos ainda nutrem chances de vaga - e isso vale também para os grupos B e C. Até agora, só a Argélia está eliminada do torneio.

Clássico
Hoje é dia do segundo grande clássico nacional em 2013: Botafogo x Fluminense, no Engenhão, às 19h30. O primeiro ocorreu neste sábado: com Iarley em campo, o Paysandu levou 2 a 1 do Remo, pelo Paraense.

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