As pedras no caminho de lado a lado

Engana-se quem pensa que o Grêmio é só flores e o Internacional é só espinhos para o Gre-Nal 394. Há problemas do lado tricolor e bonanças do lado colorado, por mais que o momento vivido por ambos dentro e fora de campo seja bem diferente e diga o contrário. Osmar Loss e Vanderlei Luxemburgo lidarão com alguns desafios em relação às equipes que entrarão em campo no domingo. Cada um com seus problemas, claro.

A grande vantagem de Loss é ter time completo à disposição. Ou praticamente completo: Dagoberto, Nei, Bolívar e Kleber não vêm jogando já há algum tempo. De resto, não há ninguém suspenso ou lesionado. Mesmo assim, a equipe que deve começar a partida não será a "considerada ideal" (coloco entre aspas porque este time vem de quatro derrotas consecutivas) dos últimos jogos. Isto porque, justificadamente, bate um medo no interino colorado, por mais que interinos sejam corajosos, muito devido à própria interinidade.

O medo é de levar uma goleada, e, dizem, parte da própria direção. Todos no Beira-Rio garantem empenho e jogam o favoritismo para o lado do Grêmio. A última provocação partiu de Luigi, há umas duas semanas, quando falou que o Inter abriu e fechará o Olímpico com vitórias. Mas os fracassos diante de Corinthians e Portuguesa forçaram o mandatário colorado a se calar. É mais prudente mesmo, embora Paulo Odone ignore esta lei básica do clássico.

Este medo levará Loss a provavelmente sacar Forlán e colocar Josimar. Trata-se de um ferrolho: três volantes, dois meias, um único atacante. O esquema exigirá de Fred e D'Alessandro uma aproximação constante com Leandro Damião, para que este não fique isolado e o time não seja encaixotado pelo Grêmio. É um modo de tentar ganhar o duelo do meio-campo, setor que é o ponto forte do rival. Se não dá na superioridade técnica ou coletiva, que seja na numérica. Mas talvez colocar mais um meia fosse mais inteligente que a retranca. Especialmente se Zé Roberto não jogar - e aí vamos para os problemas gremistas.

Se Zé não atuar, o Grêmio terá sérios problemas em furar o bloqueio armado pelo Inter. A tendência do clássico seria acabar no 0 a 0, ou num gol de bola parada ou de erro (como o de Elano no último Gre-Nal). Mas aí mesmo é que o 4-5-1 colorado não se justificaria: para que encher de volantes um time que enfrentará outro que não terá seu principal articulador? O mais interessante seria escalar outro meia, e não um terceiro volante, neste caso. Não há porque ter tanto medo do meio do Grêmio sem Zé Roberto, embora Fernando, Souza e Elano sejam ótimos.

Sem Zé Roberto, o Grêmio provavelmente colocará Léo Gago ou Marquinhos na equipe, retomando o esquema em losango. Com esta formatação, dominou o Internacional no primeiro clássico disputado no Beira-Rio, em fevereiro, com Roger de interino. É uma boa estratégia. Com ele (e é bem possível que jogue), e o Inter com Josimar, será uma briga de gato e rato: Zé Roberto pode desmontar a retranca do Inter na base da qualidade, ainda mais com Elano a seu lado. O Inter tentará de todas as maneiras neutralizar estas infiltrações e jogar por uma bola, no contra-golpe. Um jogo mais interessante.

Se Loss terá quase todo mundo à disposição, Luxemburgo não tem seu ataque titular. Kleber e Marcelo Moreno têm mais qualidade que seus reservas, e por isso preocupam mais a defesa. Mas não fizeram um campeonato tão eficiente assim: somados, têm 16 gols, contra 15 de Leandro e André Lima. Claro, estes dois mostraram grande eficiência entrando no decorrer dos jogos, mas a perda não é tão grande como muitos supõem. Ao menos não tem sido na prática, embora na teoria seja.

O Grêmio, evidentemente, chega num momento muito superior, 19 pontos à frente do Inter, a maior distância na tabela entre os dois rivais desde 2004. Mas basta pensar um pouco a respeito das nuances táticas do Gre-Nal para vermos que, definitivamente, o favoritismo acaba assim que os dois entram em campo. São pequenas ocupações de espaço, pequenos duelos individuais, detalhes, que podem fazer a diferença numa bobeada, numa escapada, num cochilo do rival. Fatores psicológicos e históricos à parte, claro.

Comentários

zeh nascimento disse…
marco antônio não tá suspenso, professor?
Vicente Fonseca disse…
Tem dias que a sorte sorri pra gente e não enxergamos, Zeh.

Jogaria Marquinhos, então.