1º de janeiro de 2013

Agora sim, o Internacional já pode pensar no ano que vem. A derrota por 3 a 1 para o Atlético-GO, pior time disparado do Campeonato Brasileiro, não dificulta apenas matematicamente a situação colorada na tabela (amanhã a distância até o G-4 pode subir para 8 pontos), mas encerra de vez a condição anímica de buscar a vaga.

Foi um fiasco inclassificável. E inexplicável também: nenhum jogador conseguiu dar uma explicação convincente a respeito do resultado. "Não tem explicação" foi a frase mais ouvida. Fernandão assumiu inteiramente a culpa pelo vexame. Mas há grandes culpados dentro do time. Há algum tempo o elenco do Internacional precisa sofrer uma reformulação. Kléber, por exemplo, foi o retrato disso. Além de sempre dar a impressão de estar fazendo um favor em jogar futebol, vem mal tecnicamente também. Ganhou a vaga de Fabrício (mediano, mas ainda assim fazendo um campeonato melhor que o do titular) no carteiraço, cometeu uma falha bisonha no terceiro gol do Dragão e saiu culpando Muriel, que nada teve a fazer no lance.

Eram menos de 10 minutos e Bolatti já havia dado dois presentes para Felipe, dois passes ridículos, que ajudaram a refrescar a memória de todos sobre porque ele não é titular do time. Só que o Dragão é o lanterna, e lanternas são assim: começam bem, mas como tudo dá errado o adversário acha um gol. Foi assim no lançamento lindo de Ygor para Fred, a melhor coisa que aconteceu para o Inter no jogo. O time fez mais 20 minutos de razoáveis para bons, criando algumas poucas chances apesar do pouco ímpeto. Pecou ao não matar o jogo. Subestimou o Atlético-GO, inegavelmente. O próprio Fernandão admitiu isso após o jogo.

D'Alessandro entrou no intervalo. É tentador dizer que foi por isso que o perdeu, mas não é o que aconteceu. Dátolo também vinha mal. A troca não mudou em nada o time. A sorte é que melhorou para o Dragão, que empatou em um lance que desviou duas vezes e enganou Muriel. Sofrer o empate não é problema: foi um lance circunstancial mesmo. Grave é o time desandar como maionese no calor após o gol do lanterna do Campeonato Brasileiro. O Atlético-GO cresceu, passou a dominar o jogo. Virou a partida em um bela jogada coletiva, terminada nos pés de Ricardo Bueno.

O terceiro gol foi o lance mais absurdo do Inter na temporada: um tiro de meta (!) cobrado, Kléber foi todo displicente para a bola e a deixou passar. A zaga, pessimamente posicionada, permitiu a Luciano entrar livre para deslocar Muriel. E o lateral esquerdo, para se livrar da culpa óbvia por conta de sua furada, foi para cima do goleiro criar uma polêmica, desviando o foco de sua clamorosa falha por absoluta falta de interesse no lance. Um gol surgido em um tiro de meta. Tudo errado, tudo lamentável. E o "olé", gritado pelos próprios colorados a cada vez que o Dragão trocava passes, foi o auge da humilhação.

O Internacional está fora da briga pela vaga na Libertadores. Amanhã, isso será confirmado com a muito provável vitória do São Paulo sobre o Figueirense, que deixará o Colorado há 7 pontos do G-4 (podem ser 8, se o Vasco vencer na Vila Belmiro). Qualquer fala vinda do vestiário no sentido que "ainda dá" é perigosamente alienada e desconexa com a realidade, tanto quanto falar que o plantel do Inter é o melhor do continente, quando o que há no Beira-Rio são grandes jogadores, mas acomodados e que, quase sem exceção, já estão muito longe do auge. O futebol do Inter precisa se reinventar. Pensar em mais Fredes e menos Kléberes. Começar 2013 agora, três meses antes do que o calendário manda, é uma dádiva. Basta deixar a arrogância de lado e saber aproveitá-la.

Em tempo:
- Em sua estreia como jogador profissional, Mahatma Gandhi levou cartão amarelo.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-GO (3): Márcio; Adriano, Gustavo, Diego Giaretta e Eron; Dodó, Marino (Carlos), Mahatma (Luciano) e Ernandes; Felipe e Ricardo Bueno (Reniê). Técnico: Artur Neto
INTERNACIONAL (1): Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Jackson e Kléber; Ygor (Otavinho), Bolatti, Fred e Dátolo (D'Alessandro); Cassiano e Rafael Moura (Dagoberto). Técnico: Fernandão
Local: Estádio Serra Dourada, Goiânia (GO); Data: sábado, 13/10/2012, 18h30; Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP); Público: 1.476; Renda: R$ 43.795,00; Gols: Fred 14 do 1º; Adriano 9, Ricardo Bueno 23 e Luciano 29 do 2º; Cartão amarelo: Mahatma, Luciano, Nei e Rodrigo Moledo

Comentários

Vine disse…
Como tu bem disse, é necessário se livrar da arrogância para o time voltar a jogar como clube grande ao invés de um time de amigos. Só que arrogância é a única coisa que realmente se consolidou no Inter desde o mundial contra o Barcelona.

Não se classificar para a Libertadores é a melhor coisa que pode acontecer pro clube. Ao menos o time terá uma pré-temporada correta. Seria necessário também contratar um treinador louco e estúpido (Mário Sérgio, Dunga, etc...) e enxergar metade do Gauchão como um momento pra se achar o time ideal pro resto do ano. Mas eu (e ninguém fora da direção) sabe nada de futebol, então sabemos como a coisa vai ser também no ano que vem...