Cronologia tática do Gre-Nal

Por que o Inter dominou o clássico após a saída de Elano? E por que caiu tanto de rendimento no segundo tempo? É o que vamos tentar explicar.

0 a 15 minutos: Grêmio com Elano
Dois times espelhados, com dois volantes, dois meias e dois atacantes. Elano, além do gol, dava fluidez às jogadas da meia-cancha gremista, como de costume. O Inter ensaiou uma pressão após ter levado o 1 a 0, mas o Grêmio tinha um desafogo e possivelmente levaria o Gre-Nal com maior equilíbrio com seu camisa 7 em campo. Alguns duelos estavam claros: Pará x Forlán, Fred x Anderson Pico, Guiñazu x Elano e Ygor x Zé Roberto.

15 a 56 minutos: sem Elano, Grêmio vai de Marquinhos
Pior momento gremista no jogo. Sem leveza na saída, o time não conseguia sair da pressão colorada. Sem ter que se preocupar com Elano, os volantes colorados conseguiam ajudar o ataque, adiantar a marcação e deixar o Grêmio sem a segunda bola. O Inter criou cinco situações perigosas de gol neste período, a maioria por cima. Nei já tinha mais espaço para subir com a postura retraída do Grêmio. Kléber, no entanto, era mal aproveitado como meia. Por isso deixou o gramado. No entanto, como veremos a seguir, foi um erro de Fernandão.

56 a 62 minutos: sai Kléber, entra Dagoberto
O maior erro de Fernandão no transcorrer do Gre-Nal. Se a ideia era dar mais agressividade, o ideal era retirar Fabrício, não Kléber. O Grêmio já equilibrava o clássico, impedia penetrações pelo meio. O negócio era aproveitar os lados e o cabeceio de Leandro Damião. Mas, em vez do ótimo cruzador Kléber, o Inter tinha em campo Nei e Fabrício, laterais medíocres neste fundamento. O time perdeu o meio de campo (passou a contar com um meia a menos), ficou sem opções na bola alçada e com um amontoado de atacantes que não podiam ser abastecidos pelo bem marcado Fred.

62 a 71 minutos: sai Marcelo Moreno, entra Leandro
Um acerto de Vanderlei Luxemburgo. O Grêmio já fazia um clássico igual, mas o contra-ataque era uma arma importante, e Moreno não tinha mais função no jogo. Leandro preocupou a defesa colorada, obrigou os volantes vermelhos a ficarem mais presos devido à sua velocidade e deu nova vida ao setor ofensivo gremista, cada vez mais participativo na partida. Kléber, mais centralizado, era um pivô movediço, que saía do lugar constantemente, confundindo os marcadores.

71 a 78 minutos: sai Ygor, entra Dátolo
Sem notar melhora alguma na criação de jogadas, Fernandão tenta outra cartada ofensivista aos 26 do segundo tempo, retirando Ygor e colocando Dátolo. Guiñazu ficou sobrecarregado na marcação e a equipe não ganhou nada em termos ofensivos com a entrada do meia argentino. Neste período, o time chegou só uma vez, em cobrança de falta de Forlán que Marcelo Grohe espalmou sem grandes dificuldades.

78 até o fim: sai Forlán, entra Rafael Moura
No desespero, Fernandão lança mão de Rafael Moura. Ali ficou escancarado ainda mais o erro da retirada de Kléber: por mais que ele não estivesse fazendo um bom Gre-Nal, poderia efetuar cruzamentos melhores que Nei ou Fabrício. Nos 15 minutos finais, cheio de atacantes e meias, o Inter só teve duas chegadas: um chute de Damião fraco, aos 41, e a cabeçada de Rafael Moura impedido, defendida por Grohe aos 47.

Comentários

André Kruse disse…
Interessante. Eu sempre tenho alguma dificuldade em posicionar o Souza. É certo que ele joga mais adiantado do que o Fernando, mas ele muda bastante de lado.

Vi o Zé Roberto caindo pela ponta direita nos 15 minutos finais.

Vicente Fonseca disse…
Acho que o segredo do meio-campo do Grêmio também é esse: além da qualidade dos jogadores, a movimentação. Souza é visto às vezes na direita, às vezes na esquerda. Depende do lado onde o Fernando estiver fazendo a cobertura. Zé Roberto também. São jogadores inteligentes e bem treinados.