Brilhante sem brilho

O jogo de ontem reflete bem o que está sendo o campeonato do Inter. Sem alguns de seus mais importantes titulares, foi a Barueri com um time resguardado, bem montado e trouxe um ótimo resultado. A colocação entre os quatro primeiros pode ser até classificada como provisória, mas é excepcional para uma equipe que tem jogado sem várias peças importantes e só tem a crescer a partir das próximas rodadas.

Fernandão, mais uma vez, montou o time para trazer ao menos um ponto. Três volantes, dois meias e um atacante. Jajá jogou mais recuado, não foi o atacante equivocado da partida com o Vasco, e assim cresceu de produção. Fez lançamentos perigosos, e teve uma de suas melhores atuações desde que chegou. A falta de uma referência não prejudicou, pois a equipe soube se portar diante das limitações. Adiantou as linhas de marcação, jogou dentro do campo do Palmeiras e criou as melhores oportunidades de gol. Foi sempre superior em campo. Foi resguardada sem ser retrancada. Quando Ygor fez 1 a 0, o Inter já vinha de cinco chances criadas, contra uma do time da casa. Nenhum time retrancado cria cinco chances de gol fora de casa em 30 minutos de jogo.

A atuação do Palmeiras foi a prova definitiva de que os times que disputam a Libertadores precisam disputar também a Copa do Brasil. É inadmissível que um campeão em nível nacional tenha um desempenho tão sofrível menos de um mês depois de levantar a taça. Sem Valdívia, a criação da equipe simplesmente inexiste. Resumiu-se a levantamentos de Marcos Assunção para a área, que na maioria das vezes a zaga conseguia tirar. Barcos, em muitos momentos, era visto brigando com os volantes colorados no meio de campo, buscando a bola. A rigor, foram apenas duas chances criadas com a bola rolando, um número ínfimo para um time mandante. E a equipe vai ficando na zona de rebaixamento.

A campanha do Inter é brilhante até aqui, embora nenhuma atuação tenha sido brilhante. Com muitos desfalques, o time consegue se manter entre os seis primeiros desde o início da competição. O time vem conseguindo bons resultados e é extremamente metódico, algo que sempre faltou ao Colorado nestes quase dez anos de pontos corridos - e que sobrava a São Paulo e Corinthians, por exemplo.

Claro que é cedo para falar em título: a distância ainda é grande, e a volta dos titulares não é garantia de nada. Leandro Damião certamente fará gols, mas D'Alessandro não jogou nada ainda em 2012, Dátolo volta de uma cirurgia, Dagoberto ainda não teve grandes desempenhos e Kleber também já vinha numa descendente.

Fala-se muito que as perspectivas para o Grêmio neste Brasileirão são melhores. De fato, há na Azenha um time pronto, montado e com opções bem razoáveis de banco. Enquanto isso, o Inter joga do jeito que dá, com o time que dá, e quando voltarem os titulares a equipe ainda precisará se entrosar, mesmo com acréscimo de qualidade. Mas o Colorado vem obtendo resultados muito acima do esperados com o time improvisado que tem jogado, o que lhe garante, no mínimo, manter o contato com os primeiros colocados. Se vai ganhar em qualidade no segundo turno, pode fazer campanha de candidato ao título, como o maior rival. Em resumo: a campanha do Grêmio é previsível que seja muito boa, e a do Inter é uma incógnita, mas pode ser, quem sabe, ainda melhor. Brabo é estarmos em agosto e ainda não sabermos o que esperar da equipe rubra. Resultado de erros lá atrás.

Ao Palmeiras, a zona de rebaixamento incomoda cada vez mais - e é cada vez mais real. O time paulista não tem tanta ruindade para ficar entre os quatro últimos, mas mostra cada vez mais que não tem tanta categoria para sair da zona de trás sem penar algum tempo. Já são oito derrotas e apenas duas vitórias. Na próxima rodada, mesmo que vença o Botafogo no Rio, deve ficar por lá. Dureza para Felipão.

Campeonato Brasileiro 2012 - 14ª rodada
4/agosto/2012
PALMEIRAS 0 x INTERNACIONAL 1
Local: Arena Barueri, Barueri (SP)
Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA)
Público: 8.387
Renda: R$ 301.910,00
Gol: Ygor 34 do 1º
Cartão amarelo: João Vítor, Élton, Índio e Ygor
PALMEIRAS: Bruno (5), Artur (5), Leandro Amaro (4,5), Maurício Ramos (5) e Juninho (5); Márcio Araújo (4,5) (João Denoni, 25 do 2º - 4,5), João Vítor (4) (Patrik, 18 do 2º - 4,5), Marcos Assunção (5,5) e Fernandinho (4); Mazinho (5) (Obina, intervalo - 5) e Barcos (5,5). Técnico: Luiz Felipe
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Nei (5), Bolívar (6,5), Índio (6) e Fabrício (5); Ygor (6,5), Élton (5,5) (Rodrigo Moledo, 27 do 2º - 5,5), Guiñazu (6), Fred (6) (Josimar, 43 do 2º - sem nota) e Jajá (6,5) (Marcos Aurélio, 33 do 2º - 5,5); Forlán (5,5). Técnico: Fernandão


Comentários