Os dois jogaços

Quem acha que o Corinthians vai a Buenos Aires desafiar apenas a mística da Bombonera já começa pensando errado a final da Libertadores. O Boca Juniors é muito mais que simplesmente tradição. Tem bem mais que Riquelme e um estádio pulsante a seu favor. É um time sólido, com defesa muito segura e um ótimo elenco, como o Corinthians. E tem duas coisas que o Timão não tem: um articulador e um centroavante matador - por mais que a fama de Santiago Silva no Brasil não seja das melhores, os últimos jogos da Libertadores provam isso com facilidade.

A falta de tradição em finais de Libertadores pode pesar, mas o Corinthians tem jogadores experientes e focados, que dificilmente sentirão a Bombonera. É preciso jogar com inteligência. A final é diferente das outras fases não apenas por ser final e ter toda uma tensão especial, mas porque não tem saldo qualificado. Não é necessário se atirar para cima em busca do tal "gol fora de casa". O Corinthians pode muito bem resguardar-se atrás, defender-se como melhor sabe. Sem se retrancar, claro, pois aí o Boca amassa.

O esperado duelo entre Paulinho e Riquelme não deve acontecer. Isto porque Román deverá ser encarado por Ralf, volante não tão brilhante quanto seu companheiro, mas igualmente eficiente no combate aos meias adversários. Isto liberaria Paulinho para ser o elemento surpresa que ele costumeiramente faz (e continua sendo surpresa, mesmo assim). É por aí que o Corinthians pode achar o caminho do gol. Sem um grande atacante de área, fica difícil se impor a Schiavi e Insaurralde, o que diminui as chances de sair da Argentina com um gol marcado, o que diminuiria sobremaneira as chances de derrota. Por isso resguardar-se é um bom caminho. E por isso é bom Paulinho ter liberdade de movimentação, mesmo que seja na Bombonera.

O duelo ibérico
Portugal dependerá mais do que nunca de Cristiano Ronaldo hoje à tarde. Trata-se de um time vocacionado para se defender e especular em contra-golpes. E a Espanha é um time que normalmente domina o adversário com seu alto índice de posse de bola.

Tem tudo para ser um jogo tenso, equilibrado, decidido nos detalhes e de poucos gols. Portugal tem mais poder de fogo e uma defesa muito sólida. Precisará a partir dela conter os avanços espanhóis e não ter piedade nas poucas chances que tiver. O duelo Ronaldo x Casillas promete ser o mais decisivo de todos. A Espanha, por sua vez, não poderá dar-se ao luxo de querer o golaço, de chutar pouco. Contra a zaga liderada por Pepe, qualquer espaço significa a necessidade de bater em gol. Sem um centroavante de ofício (a menos que Torres jogue), toda chance é chance.

Jogaço, num dia de jogaços.

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