Cautela, para que te quero?

Foi um jogo bem diferente do que se esperava. Ninguém imaginava que o Cruzeiro do cauteloso Celso Roth e o São Paulo que Milton Cruz de véspera já dizia que se resguardaria por conta da crise que se iniciava fariam um jogo aberto, emocionante, cheio de gols.

A vitória do time paulista foi justa. Com o poder mágico que todo interino tem, Milton Cruz montou um São Paulo que se defendia bem e era letal nos contra-ataques. Lucas era a peça que faria este sistema dar certo ou fracassar, dependendo de seu desempenho. Foi um dos nomes do jogo.

O primeiro gol surgiu numa jogada de Douglas, outro de ótima partida, pela direita. Ele cruzou rasteiro e o estreante Rafael Donato se embananou todo, na frente de Luís Fabiano, que não perdoa: 1 a 0. Donato provaria, no minuto seguinte, que a fama de ser um perigo nas duas áreas, adquirida no Bahia, era verdadeira: empatou de cabeça, após escanteio. Era o personagem do primeiro tempo.

Mas Lucas começaria a fazer diferença três minutos mais tarde, ao receber de Luís Fabiano, limpar Éverton e chutar cruzado, sem chances para Fábio. Com a vantagem novamente, o São Paulo adotou uma postura mais resguardada, dificultando demais a criação por parte do Cruzeiro, que só tinha Montillo como meia de fato - e muito bem controlado pela marcação são-paulina. Com a saída de Fabinho, Roth montou um 3-5-2, com Souza na ala direita, facilitando um pouco a articulação. O time mineiro terminou o primeiro tempo de fato mais agressivo e próximo do gol.

Mas o São Paulo começou o segundo tempo como fora no primeiro: traiçoeiro. Cortês recebeu de Maicon, obrigou Fábio a espalmar, e Jadson pegou o rebote, ampliando. Se o Cruzeiro já tinha dificuldades em criar para marcar um gol, agora precisava de dois. O segundo gol veio cedo, aos 8 minutos, novamente com Donato, de cabeça. Foi a senha para Roth abrir o time, com Wallyson no lugar de Charles. Só que seu time não ficou mais perigoso, e ainda por cima concedia espaços generosos para o São Paulo contra-golpear. Numa das escapadas, Lucas sofreu pênalti de Souza. Luís Fabiano bateu à meia altura, não tão no canto, mas com força. Fábio fez grande defesa.

A defesa animou o Cruzeiro, mas faltou qualidade para chegar ao empate. Tentando consertar o equívoco de abrir demais o time, Roth pôs Willian Magrão na tentativa de deixar o time mais equilibrado. Não adiantou. Na tarde deste sábado, Milton Cruz esteve sempre à frente do técnico gaúcho no duelo tático da bela Arena Independência. E por isso o São Paulo mereceu a vitória, que o deixa próximo do G-4 e tira o Cruzeiro da liderança, em favor do Fluminense.

Em tempo:
- O jogo de hoje ocorreu às 16h20 de um sábado só para que a Globo possa passar a final da Euro amanhã. Mas seria ótimo se esse velho-novo horário retornasse. Assistir o Brasileirão no sábado à tarde é um programa excelente, do qual eu já estava saudoso.

- A dificuldade do Cruzeiro ao receber o São Paulo é impressionante. Em 31 jogos oficiais como mandante, o Cruzeiro perdeu quase a metade para o Tricolor: 15 vezes. Ganhou apenas 8 jogos. Nos últimos cinco jogos em casa contra o São Paulo, a Raposa perdeu hoje pela quarta vez. O outro foi um empate em 3 a 3, no ano passado.

Campeonato Brasileiro 2012 - 7ª rodada
30/junho/2012
CRUZEIRO 2 x SÃO PAULO 3
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público e renda: não divulgados
Gols: Luís Fabiano 11, Rafael Donato 12 e Lucas 15 do 1º; Jadson 3 e Rafael Donato 8 do 2º
Cartão amarelo: Willian Magrão, Wellington Paulista, Denis, Douglas, Denílson, Casemiro e Luís Fabiano
CRUZEIRO: Fábio (6), Léo (5), Rafael Donato (6), Victorino (5) e Everton (4); Leandro Guerreiro (5), Charles (5,5) (Wallyson, 11 do 2º - 5,5), Tinga (5,5) (Willian Magrão, 34 do 2º - sem nota) e Montillo (5,5); Fabinho (5) (Souza, 31 do 1º - 4,5) e Wellington Paulista (5,5). Técnico: Celso Roth
SÃO PAULO: Denis (7), Edson Silva (6,5), João Filipe (5,5) e Rhodolfo (5) (Paulo Miranda, 37 do 1º - 5); Douglas (7), Denílson (5,5), Maicon (6), Jadson (6,5) (Cícero, 21 do 2º - 5,5) e Cortês (6,5); Lucas (7)  (Casemiro, 36 do 2º - sem nota) e Luís Fabiano (6,5). Técnico: Milton Cruz


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