Zerou tudo. Mas...

Giovanni Luigi tem razão: agora zerou tudo, é outra Libertadores. Já vimos outras vezes o 16º eliminar o melhor em oitavas de final. O Flamengo x Corinthians de 2010 não nos deixa mentir. Mas convenhamos: apegar-se neste tipo de argumento e justificar uma atuação deplorável como a que o Inter teve hoje no Peru por causa do gramado sintético e do vento é bem preocupante.

Isso sem falar no desempenho do time. O Internacional não se impôs ao lanterna do grupo em momento algum. Um pênalti não marcado sobre Bolívar logo no começo, claro, poderia ter mudado a história do jogo. Mas logo aos 13, o mesmo Bolívar mostrou que os oito meses no banco de Rodrigo Moledo não o fizeram melhorar o péssimo desempenho do ano passado: não subiu nada e viu Tejada abriu o placar. No segundo tempo, o capitão do bi da América de 2010 ainda levou um drible desconcertante de Chiroque, dentro da área. Deve estar procurando o peruano até agora.

Houve algumas chances criadas, mas poucas. Leandro Damião foi pouco abastecido, mas nem a falta de qualidade na atuação de D'Alessandro e Dátolo justifica que tenha dado só um chute a gol, fraco, de fora da área, aos 33 minutos do segundo tempo. O primeiro tempo foi sonolento. O segundo, mais aberto, teve o time da casa dominando a primeira meia hora de jogo. Foram várias chances criadas: Chiroque, Cueto Sánchez, Zuñiga e Tejada pareciam craques da geração de Luis Cubillas, tal a facilidade com que envolviam o sistema defensivo colorado. E não foi marcação por pressão, nada disso: todas as chances peruanas eram oriundas de erros de passe do Inter. Foram inúmeros, incontáveis.

Incrivelmente, houve até drama para confirmar uma classificação que parecia certa. O empate entre Santos e The Strongest se arrastava na Vila Belmiro, e a dúvida que pairava nas cabeças coloradas era: será que o Peixe vai entregar para eliminar o Inter? Nas cabeças santistas, o pensamento era outro: vale à pena eliminar o Inter mas, em vez de pegar o Bolívar nas oitavas, topar com o Vasco? Houve dois gols no fim, que foram o alívio colorado numa noite constrangedora em Chiclayo.

Agora, é o Fluminense. Favoritismo em mata-mata é sempre relativo, e entre times de mesma grandeza histórica é ainda mais difícil apontar. O primeiro jogo é no Beira-Rio. O Inter pode eliminar o Flu, serão dois jogos de igual para igual. O time carioca caiu feio diante do Boca, é sempre bom lembrar. Mas, hoje, está degraus à frente do Colorado enquanto time. O Inter, apesar de ter tido vários problemas de escalação alheios à vontade de Dorival Júnior, involuiu de fevereiro para cá. Não está no mesmo nível em termos de conjunto que Fluminense, Corinthians, Santos, Universidad de Chile ou Boca Juniors, para citar só os melhores. Mas pode passar. Quem duvida, não sabe o que é mata-mata.

Fica, mais uma vez, a lição: vale à pena se matar para ser o líder geral da primeira fase? O Inter, com todos os seus problemas, é mais um presente de grego para o campeão da fase de grupos.

Em tempo:
- Campanha do Inter, que atuou em grupo tecnicamente fraco, foi inferior à de Emelec, Bolívar e Deportivo Quito.

JUAN AURICH (1): Penny; Guadalupe, Minaya, Fleitas e Quina; Rojas (Molina), Valencia, Chiroque e Cueto Sánchez; Zuñiga (Kahn) e Tejada.
Técnico: Diego Umaña
INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Sandro Silva, Tinga (João Paulo), Dátolo (Jô) e D'Alessandro; Gilberto (Jajá) e Leandro Damião.
Técnico: Dorival Júnior

Taça Libertadores da América 2012 - Primeira Fase - 6ª rodada
Local: Estádio Elías Aguirre, Chiclayo (Peru); Data: quinta-feira, 19 de abril de 2012, 19h45; Árbitro: Marlon Escalante (Venezuela); Gol: Tejada 13 do 1º; Cartão amarelo: Molina, Rojas, Penny, Tinga, D'Alessandro, Índio e Kleber

PRÓXIMOS JOGOS
Internacional x Veranópolis - Gaúcho - domingo, 22/04, 16h - Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Juan Aurich x Universidad César Vallejo - Peruano - segunda, 23/04, 22h - Elías Aguirre, Chiclayo (Peru)

Comentários

Gustavo disse…
Um outro penalti não marcado foi em Damião. E logo em seguida o lance do gol.

Afora a arbitragem ruim, que a meu ver influenciou também no jogo, realmente o Inter fez uma péssima partida. Bolívar falhou de novo, mas não sei se falhou sozinho como em outras ocasiões. De qualquer forma, tava lá porque não tinha outro. Na próxima deve voltar o titularíssimo Rodrigo Moledo. Mas pra garantir o Inter vai ter que inscrever um zagueiro na segunda fase, já que só tem três.

Outro maior problema foi do meio pra frente. D'Ale, Tinga e Dátolo não conseguiram organizar as jogadas pra Damião e Gilberto. O Jajá entrou mas isolou o Damião no ataque. O Dorival Júnior vai ficar a perigo nessas próximas semanas se o time jogar mal assim.

Sobre o Fluminense, tem boas chances de passar. Não vai ser fácil. Libertadores não é fácil, mas agora tudo muda.
Igor Natusch disse…
Acho curioso ver como Dorival Jr está sendo poupado de críticas. Seu desempenho nessa Libertadores, tirando a fase preliminar contra o Once Caldas, é bastante ruim: míseros 8 pontos em 18 disputados, dificuldades fora de casa contra equipes marcadamente inferiores e um Inter quase totalmente dominado nos dois jogos contra o adversário mais forte, o Santos. Jogou pouco em quase todos os jogos e só ganhou de Juan Aurich e The Strongest, dois mortos, jogando em casa. Fez um único ponto fora do Beira-Rio, foi o pior vice e só se classificou porque o grupo realmente era bastante fraco. Se isso não é motivo suficiente para criticar um treinador, não sei o que seria. Impossível não lembrar de Jorge Fossati numa hora dessas.
Vicente Fonseca disse…
Não estou entre os que acham que Fossati fez um grande trabalho em 2010. Mas seu time obteve bons resultados, o que é o principal e é inegável. Dorival vai mal tanto em desempenho como em resultados. Trabalho muito inferior ao de Fossati. Não foi o vento, nem a grama sintética e nem a altitude que fizeram o Inter terminar com míseros 8 pontos na fase de grupos.

Aliás, a campanha do Inter de 2012 é inferior à do Grêmio de 2011, horrorosa, na Libertadores.
Vicente Fonseca disse…
Ah, concordo que o Dorival está sendo poupado de críticas, o contrário do que ocorria com Fossati. Como é um técnico pretensamente ofensivista e trata bem a todos, recebe imunidade maior.
Lourenço disse…
A campanha do Fossati era bem melhor, mas o grupo era mais fácil também. O trabalho do Dorival é ruim, mas acho que ele tem algum crédito do ano passado, o que o Fossati não tinha. Mas não sei por que se fala tanto no Fossati. O último técnico bom do Inter foi o Tite. Depois, o Inter trouxe Mário Sérgio, Fossati, Celso Roth, Falcão. Na verdade, por essa lista, é admirável que o Inter ainda esteja entre os grandes do Brasil, que dirá ter ganhado uma Libertadores.
Vine disse…
Lourenço tem razão na comparação com os outros técnicos que passaram pelo Inter, com exceção à uma parcela do trabalho do Roth, na minha humilde opinião. Mas já estava mesmo na hora do Dorival começar a receber mais críticas. Ele tem muita dificuldade de mudar a postura do time em meio aos jogos, vide o grenal, onde todou um pau o jogo todo e não fez nenhum movimento pra mudar alguma coisa.

Técnico que não arrisca não me serve. Assim como jogador que não chuta a gol...