Um Chelsea à italiana

Por enquanto, a final da Liga dos Campeões seria Chelsea x Bayern München. Barcelona e Real Madrid, é claro, podem reverter a situação jogando em casa e fazerem um histórico clássico na decisão do maior torneio de clubes da Europa. Mas as dificuldades encontradas são bem maiores do que muitos pensavam.

O Chelsea jogou fechado, no erro do Barça. Postura de time pequeno? Pode ser. Mas quem não parece pequeno perto do Barcelona atual? O time londrino foi inteligente. Fechou-se em um 4-5-1 rigorosíssimo, solidário, onde Drogba e Mata, muitas vezes, foram volantes. Todos se doaram. Ramires parecia até dois: marcava, driblava, corria e finalizava, o tempo todo. Jogou demais.

O Barcelona, mesmo muito marcado, criou várias chances. Contra o catenaccio (Di Mateo, técnico do Chelsea, é italiano), o melhor é sempre rodar a bola a cavocar espaços. Aí entra um pouco de sorte também, que é amiga da competência: sempre que a bola chegou para alguém catalão concluir, nunca era Messi: Sánchez perdeu dois gols, Fábregas outro. Messi era ferozmente marcado, nunca individualmente, claro, que aí é suicídio: havia sempre dois marcadores, um em cada lado, nunca na sobra. Em velocidade, ele passa por cima até da sobra. Com um ao lado do outro, não conseguia cortar para tentar o drible ou arrematar.

O gol surgiu num contra-ataque, como era de se supor. Jogando em casa, o mérito do Chelsea foi não ter tido vergonha de reconhecer que é menos time. A torcida, claro, entendeu. Dificilmente um time brasileiro teria o apoio que os londrinos deram hoje ao Chelsea. É uma questão cultural: time brasileiro que joga em casa, seja contra o Barcelona ou o Cassimbinhas, precisa atacar. Às vezes, isso é pouquíssimo inteligente.

Justamente por isso, a vida do Barça ficou complicada. O jogo do Camp Nou não será muito diferente do de Stamford Bridge: o Barcelona vai seguir tendo 70% da posse de bola, tentando furar o bloqueio do Chelsea, que jogará resguardado e esperando uma oportunidade para fazer seu gol. Cenário idêntico ao que vimos hoje. Isso é bom para os ingleses: não precisarão (nem devem) mudar seu modo de jogar para obter sucesso. O Milan fez algo parecido, com a mesma postura nos dois jogos, e quase conseguiu.

CHELSEA (1): Cech; Ivanovic, Terry, Cahill e Ashley Cole; Mikel, Raul Meireles, Lampard, Mata (Kalou) e Ramires (Bosingwa); Drogba.
Técnico: Antonio Di Matteo
BARCELONA (0): Valdés; Daniel Alves, Puyol, Mascherano e Adriano; Busquets, Xavi (Cuenca) e Iniesta; Messi, Sánchez (Pedro) e Fábregas (Thiago Alcântara).
Técnico: Pepe Guardiola

Liga dos Campeões 2011/12 - Semifinal - Jogo de ida
Local: Estádio Stamford Bridge, Londres (Inglaterra); Data: quarta-feira, 18 de abril de 2012, 15h45; Árbitro: Felix Brych (Alemanha); Público: 37.000; Gol: Drogba 46 do 1º; Cartão amarelo: Ramires, Drogba, Busquets e Pedro

PRÓXIMOS JOGOS
Arsenal x Chelsea - Inglês - sábado, 21/04, 08h45 - Emirates, Londres (Inglaterra)
Barcelona x Real Madrid - Espanhol - sábado, 21/04, 15h - Camp Nou, Barcelona (Espanha)


Comentários

Vine disse…
Vale lembrar que o Milan não conseguiu por conta daqueles dois pênaltis mal assinalados...

Acho que é por causa daquele episódio que torço pelo Chelsea...
Lique disse…
petr cech e ramires gigantes! mas acho que o barça reverte, cansei de secar os culés, sempre me fodo. na real estava esperando ontem o momento do barça fazer um gol e virar pra 3 a 1, acabando com a graça outra vez.