Vai ter que rebolar


CEARÁ 3 x 0 GRÊMIO
Ultimamente, sentar na arquibancada ou diante da telinha para assistir uma partida do Grêmio tornou-se, ao menos para seus torcedores, um exercício de desapego. Nenhum torcedor sabe bem o que vai acontecer em um jogo do Grêmio, mas a maioria já aprendeu, em mais de uma década de dolorosas lições, a esperar pelo pior. Mesmo que, às vezes, até o pior consiga ser surpreendente, como na fiasquenta derrota da quarta-feira diante do Ceará.
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Porque olha, meus amigos/as, foi ruim o negócio. Mais do que perder por três gols, o Grêmio foi superado de forma absolutamente natural por uma equipe modesta, que não traz em si nenhuma pretensão de brigar de igual para igual com os cachorros grandes do Brasileirão. Em vários momentos, a cena era de doer na alma. O Grêmio foi quase sempre dominado de modo constrangedor, enquanto seus atletas brincavam em uma curiosa variante de esconde-esconde: ninguém pega ninguém, todos se omitem e a bola fica sempre nos pés do adversário. Perder faz parte, é do futebol; o problema é ser atropelado, sem dar nenhum sinal de resistência.
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Se Celso Roth realmente tem interesse em arrumar a casa (ao invés de, como infelizmente desconfio, estar preocupado apenas em somar mais um salário a seus vencimentos mensais), vai ter que seguir a dica da musiquinha da Sandy e rebolar, rebolar e rebolar. Especialmente no que tange a certos jogadores que precisam ter sua situação de titulares reavaliada com urgência. Victor, por mais que seja desagradável admitir, encabeça a lista. Só sendo cego para negar o óbvio: o fazedor de milagres transformou-se em um arqueiro nervoso, desconfiado da própria sombra, que perdeu a capacidade de ser preciso e erra incansavelmente, ora por demorar a agir, ora por precipitar-se. Falhou de novo nos dois últimos gols do Ceará - em um deles saiu da meta totalmente fora de hora, no outro fez uma espécie de lançamento em profundidade às avessas, colocando a bola nos pés do atacante. Está muito mal, e sua manutenção debaixo das traves transformou-se em punição ao time. Até Mazaropi concorda que é hora de Victor sentar, ao menos temporariamente, no banco. Que assim seja, então.
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Rafael Marques é outro que cansou de falhar e simplesmente não se justifica na titularidade. Contra o Ceará, conseguiu me revoltar aos palavrões com sua lentidão em tentar evitar o terceiro gol. Foi praticamente um insulto em forma de corrida, um arremedo de intervenção que justificaria demissão sumária com direito a vaia na saída e chuva de tomates. Lúcio, imagino eu, é uma espécie de ungido de Cristo. Porque só algum misterioso desígnio divino, comunicado aos treinadores por meio de revelação, pode explicar que ele siga titular, partida ruim após partida ruim. Douglas, por seu turno, foi tão ridiculamente displicente e preguiçoso que talvez fosse caso de entregar-lhe em mãos um revólver, de modo que pudesse disparar contra si mesmo e dar fim a seu aparente desgosto com a vida. A inoperância do meia era tamanha que Leandro, na primeira etapa, e Diego Clementino, na segunda, eram forçados a voltar até antes do meio do campo para terem algum tipo de contato com a bola.
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Fará Celso Roth essas mudanças? Sinceramente, duvido muito. Na partida de hoje, o treinador escalou mal e mexeu pior ainda, sempre mantendo intocável um modelo de time que nitidamente não estava funcionando. Trocou seis por meia dúzia ao tirar André Lima e botar Brandão, quando já estava 3 a 0; precipitou-se ao colocar o voluntarioso, mas fraco Diego Clementino no lugar de Leandro, que não estava tão mal assim; e pecou pela falta de ousadia ao tirar Lúcio, bem ou mal o jogador de características mais velozes do meio-campo gremista, e colocar o sempre lento Marquinhos, ao invés de projetar o time à frente com a saída de Willian Magrão ou mesmo Adílson, ambos em más jornadas. Incapaz de ousar, condenou o Grêmio a morrer à míngua. Só depois do 2 a 0, com a tragédia praticamente consumada, o Grêmio começou a tentar atacar, mesmo assim de forma pouco consistente.
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Foi mais do que uma derrota: foi uma comédia. O Grêmio, mais do que derrotado, foi ridicularizado em campo. Imagino que alguns torcedores cearenses tenham ficado em dúvida sobre comemorar ou dar algumas risadas, em especial no segundo e terceiro gols, dois verdadeiros sketches dignos de Zorra Total ou A Praça é Nossa. Mais do que sofrer três gols, o Grêmio deve comemorar não ter levado mais, já que nos últimos 10 mins de jogo o Vovô deu um calor daqueles no Grêmio e podia facilmente ter enfiado mais um ou dois gols. Uma derrota horrorosa, que não apenas reaproxima o tricolor gaúcho da lama fedorenta da zona do rebaixamento, como apaga toda a boa impressão dos dois primeiros jogos de Celso Roth e lança mais uma sombra cinzenta sobre o já bastante machucado coração gremista. Sinceramente, a torcida podia ir dormir sem essa.
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Comentários

Vicente Fonseca disse…
A primeira frase o texto resume meu sentimento em relação ao Grêmio este ano. Muito triste, mas as derrotas já nem doem mais. Estou anestesiado.

Quanto ao Roth, acho que ele tem interesse em arrumar a casa sim. Sempre foi trabalhador.

No mais, o próprio Victor parece ter pedido um tempo. Não vejo problemas nisso. Não é pior que o Marcelo Grohe, mas ESTÁ pior, numa fase terrível. O banco vai fazer até bem pra ele.

Ah, o Grêmio NÃO VAI cair.
Felipe disse…
Parabéns pelo texto! O quarto paragrafo está hilário! Hehehehehe...
Felipe disse…
O prazo de validade do Celso Roth vêm diminuindo a cada ano:

- 2008 no Grêmio: durou até quase o final do campeonato.
- 2009 no Atlético: durou até metade do campeonato.
- 2010 no Inter: durou 10 jogos.
- 2011 no Grêmio: durou 2 jogos.
Felipe disse…
Em 2012 Celso Roth será demitido logo após a coletiva de apresentação.
Igor Natusch disse…
Sonho com o dia em que ele seja demitido em meio às ESPECULAÇÕES sobre seu nome. Aí sim a coisa fica boa! =P
Vicente Fonseca disse…
Herança maldita, senhores. Não dá para colocar na conta do Celso Roth esse fiasco todo. Pelo menos ainda não.
Igor Natusch disse…
Pare imediatamente de ser RACIONAL, Vicente. Por favor =P
Zezinho disse…
Igor, eu discordo de ti quando às mudanças.

Marquinhos entrou razoavelmente bem no lugar da nulidade Lúcio e Diego Clementino também o fez no lugar do Leandro, que igualmente nada fez. Aliás, Clementino é o único jogador ofensivo veloz, porque Leandro é um falso veloz e Lúcio...risos!

Como bem disse alguém ontem no Twitter, 'pensa num jogador ruim. Agora pensa nele sem cérebro. Eis o William Magrão'.

Todo o resto deveria ser preso aos trilhos do Trensurb e embebido com combustível, com suas respectivas mães enforcadas.

Se algum carro aparecer destruído enquanto eu estiver no RS, não será mera coincidência.

Violência gera violência? Não há maior violência com a qual estes pederastas têm tratado a bola e a história do Grêmio.

E embolsando CINCO MILHÕES DE REAIS POR MÊS
juca disse…
Possivelmente teremos dois reforços pro próximo jogo: as suspensões de Douglas e Leandro.

William Nabão não pode entrar em campo, visto que não é jogador de futebol.

Rafael Marques deve ser negociado com um time da Série C ou D, ele não pode ser jogador do Grêmio.

Victor, Lúcio e André Lima (e Douglas e Leandro caso não sejam suspensos) merecem banco e olhe lá. Acho que até o Rochemback precisa de um tempo fora.

O Juarez se quisesse radicalizar já colocaria no próximo jogo: Grohe, Spessato, Vilson, Saimon, Collaço, Gilberto, Adilson, Marquinhos, Escudero ou Julio Cesar, Miralles e Brandão ou Clementino. E tem que dar chances pro Pessali também.
Vicente Fonseca disse…
Willian Magrão já foi um segundo volante muito bom, mas concordo que não pode mais seguir no Grêmio. Acho que o ideal seria emprestá-lo antes de desistir de um cara que já jogou bola, sim.

Mas enfim, é vexame demais pra ser ponderado. Desculpem se eu sigo tentando, não é por mal.
Igor Natusch disse…
Não critico a efetividade das mudanças em si, embora realmente ache que Marquinhos e Clementino só produziram algo porque o Ceará fez 2 a 0 logo na largada do segundo tempo e acabou naturalmente cedendo espaços. Não vi nenhuma ação decisiva dos dois em momento algum - salvo um bom chute de fora da área do Clementino, sejamos justos. Fora isso, era aquela típica iniciativa estéril de quem ronda a mocinha mas não consegue chegar junto - o "padeiro", como chamamos na LINGUAGEM TÉCNICA.

O que eu questiono é a TEORIA por trás das mudanças. Clementino no lugar de Leandro e Brandão no de André Lima são trocas de seis por meia dúzia, na medida em que são jogadores cumprindo exatamente as mesmas tarefas. Já Marquinhos talvez fosse opção, mas não no lugar do Lúcio - que vinha mal, certamente, mas é um meia teoricamente mais capaz de atacar do que Willian Magrão, que ficou em campo o tempo todo. Tinha que tirar o próprio Magrão ou o Adílson, que também não jogou nada - ou seja, projetar o time à frente. Roth não fez isso, ao contrário: foi o recuo do Ceará, natural em quem faz 2 a 0, que abriu alguns espaços para o Grêmio.
Vicente Fonseca disse…
Olhei agora os gols da partida e não achei falha do Victor no segundo gol. O imbecil do Rafael Marques saiu do lance inexplicavelmente e deixou o goleiro sozinho contra um atacante que vinha embalado na corrida.