Vencer para quê?
PARAGUAI 0 x 0 VENEZUELA
Poucas vezes na história das competições continentais tivemos uma seleção tão entediante em sua competência quanto o Paraguai. Os guaranis estão praticamente redefinindo a mediocridade: não ganham nada, mas também não perdem nada, e se classificaram para a final sem imposição alguma, técnica ou de placar, sobre os adversários que ficaram pelo caminho.
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A vítima da vez foi a Venezuela - equipe que, além de demonstrar qualidades como talvez jamais antes na história, foi corajosa e incisiva, jogando sem medo da vitória consagradora. Se futebol fosse matemática, a vaga na final seria da seleção vinotinto, sem dúvida alguma. Mas o Paraguai tem demonstrado uma capacidade incrível de não perder - esteve atrás do placar em menos de 50 minutos somando todos os seus cinco empates na Copa América. E foi nos pênaltis, amigáveis pênaltis que já os tinham classificado contra o Brasil, que a albirroja garantiu o passe para a decisão.
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Surpreende na Venezuela, antes de tudo, o bom toque de bola. É uma seleção que valoriza o controle do jogo, que não se constrange de tomar a iniciativa - e que não se apequenou diante do Paraguai, como não se apequenou diante de equipe nenhuma em toda a Copa América. A albirroja teve alguns momentos de presença mais firme na frente, até porque não faria nenhum sentido ficar encolhida em um confronto contra a Venezuela - mas errou muito quando buscou o ataque, de forma que não chegou a oferecer reais riscos à meta de Vega.
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Aos venezuelanos, por outro lado, faltou a capacidade de definir. A partir da expulsão do paraguaio Santana, a dominação vinotinto, que antes apenas se insinuava, tornou-se plena - mas faltou a precisão no último toque, e a abertura do placar esbarrava ora na falta de pontaria dos atacantes, ora em providenciais intervenções de Justo Villar ou da trave, mesmo. Seria perfeitamente possível estarmos, neste momento, tecendo loas à surpreendente classificação da Venezuela à finalíssima da Copa América, e nisso nada haveria de absurdo ou de contradição com o que foi o jogo. Mas sem fazer gols, não se ganha - e, quando o adversário é o Paraguai, não ganhar é sinônimo de desclassificação, como os guaranis mostraram nos pênaltis, uma vez mais.
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Dizer que o Uruguai é favorito diante do Paraguai, levando em conta apenas o que se viu na Copa América, é um exercício simplório da obviedade. Afinal, a celeste olímpica jogou bom futebol em vários momentos, desclassificou a anfitriã Argentina e despachou o Peru com autoridade que nenhuma outra seleção conseguiu impor em toda a competição. Mas o Paraguai, esse nada empolgante Paraguai que não ganha nem perde de ninguém, tem peças capazes de surpreender e quem sabe até quebrar a própria escrita. Para isso, porém, a albirroja teria que ser o que todos sabem que pode ser, mas que não conseguiu atingir em nenhum momento da competição até aqui. Ou então manter, por mais 120 minutos, a escrita que vem dando surpreendentemente certo até aqui. Afinal, o Paraguai só precisa vencer nos pênaltis mais uma vez...
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Comentários
Qualquer jogo do Paraguai em quaisquer competições são sempre os mais chatos. 240 minutos, quatro horas, sem um golzinho sequer.
Justo Villar é o melhor goleiro da Copa América por enquanto. Supera inclusive Muslera. Domingo é o tira-teima.